Inside Llewin Davis: Balada de um Homem Comum

2/28/2014 01:30:00 AM |

Se existia um filme que podia jurar de não aparecer em circuito comercial principalmente aqui no interior era "Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum", pois filmes artísticos costumam não cair bem no gosto popular, e o longa dos irmãos Coen se enquadra em todos os quesitos que não chamar público, mas tirando esse detalhe é um filme belíssimo, com uma introspecção muito bem colocada, onde o ator trabalha com uma minúcia impressionante e um envolvimento único para que embarquemos no mundo gostoso da música folk em uma balada bem tocada para os poucos que forem assistir.

O filme nos mostra que Llewyn Davis é um cantor e compositor que sonha em viver da sua música. Com o violão nas costas, ele migra de um lugar para o outro na Nova York dos anos 60, sempre vivendo de favor na casa de amigos e outros artistas. Talentoso, mas sem se preocupar muito com o futuro, ele incomoda a amiga Jean Berkey, que vive uma relação com outro músico, Jim. Nem um pouco confiável, Davis se depara com a oportunidade de viajar na companhia de um consagrado e desagradável artista, Roland, mas nem tudo vai acabar bem nesta nova jornada.

Os filmes dos irmãos Coen não ficam em cima do muro, ou vem aquele estilo que você vai odiar ou adorar o que vê, e felizmente dessa vez calibraram bem a mão numa história certeira e envolvente que quase pode adentrar a um gênero odiado por muitos, o musical, não com toda a cantoria tradicional, mas tendo vários momentos bem tocados que acabam nos envolvendo com uma boa história que é passada pelo estilo musical escolhido. A música folk sempre foi um gênero que nos contou histórias dramáticas nas estrofes e os diretores e roteiristas utilizaram isso para colocar num filme gostoso, onde não dá para apostar em nada que vai acontecer e entramos sem rumo junto do protagonista na tentativa de seguir com o que gosta de fazer. Os planos mais bem colocados foram escolhidos para nos acolhermos junto do protagonista e com isso passamos quase a ser uma mochila que nos carrega para cima e para baixo por onde vai.

O ator e cantor Oscar Isaac trabalha bem sua expressão de forma a quase sentirmos pena em alguns momentos, no melhor estilo cachorro que caiu da mudança, e com isso ele acerta sempre na pontuação dos diálogos quase mostrando a história como sendo sua, e aliado à isso ele entoa tão bem suas canções que compôs junto de T-Bone Burnett que poderíamos ouvir a trilha sonora por horas sem cansar. Carey Mulligan encara seu personagem de forma crua e severa, jogando na lata seu texto e expressando tudo com pontuação marcante nos diálogos, agradando bastante nos seus momentos. Justin Tinberlake aparece tão rápido nas suas duas cenas que só fiquei sabendo que ele fazia parte do filme nos créditos e me surpreendi por ser ele no papel bacana que fez. John Goodman é daqueles atores incríveis que consegue pegar um papel que poderia ser jogado fora, e ele pega e transforma em algo primoroso de ver, chega a dar nervoso sua arrogância e prepotência que passou para o personagem. Os demais todos aparecem com pequenas pontas sem quase destaque algum, mas sempre dando o melhor de atuação que puder para que sua participação não seja jogada à toa na tela, e isso é algo de muito bom grado.

O visual dos anos 60 é algo sempre agradável de ver nas telas do cinema, e embora não seja um filme com muitos objetos cênicos marcantes, tudo que aparece na tela sempre é bem utilizado para algo. E aliado à uma fotografia marcante, onde sempre um contraluz imponente salta nossos olhos para onde os diretores querem nossa atenção e não de forma dura, mas sempre colocando com leveza e sutileza para agradar visualmente a trama com um bom senso único, tanto que garantiu a indicação ao prêmio de melhor Fotografia no Oscar.

Falar de trilha sonora num filme musicalmente perfeito é praticamente ficar andando em círculos, pois mesmo não sendo um gênero musical que as pessoas estão acostumadas a ouvir, a sonoridade do folk agrada bastante, e como as músicas acabam sempre tendo muito a ver com o que a história está nos mostrando acaba que ficamos felizes mesmo com melodias tristes. Além das boas canções, o longa possui uma sonoridade em tudo, fazendo com que cenas em salas vazias ganhem uma ambientação muito interessante de acompanhar, o que garantiu também a indicação ao Oscar.

Enfim, é um filme que acabei deixando para o último dia da semana cinematográfica por achar que não seria bom e saí muito feliz da sala de cinema com o que vi, é uma pena que não será visto por muitos também ficarem com o pé atrás do que irão ver. Se você gosta de um filme artístico bem trabalhado fica a dica então para correr para os cinemas antes que suma de cartaz, pois vale muito a pena. Encerro aqui essa semana cinematográfica bem longa já iniciando uma nova que veio recheada de filmes não tão eloquentes, mas que devem agradar também. Então abraços e até mais pessoal.


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