Patrícia

1/31/2014 02:49:00 PM |

O gênero documentário é um estilo que ou você ama ele ou odeia, são raríssimos casos que a mesma pessoa que adora ver algo "irreal" vai suportar ver uma realidade impressa através de um formato onde não há uma pitada de mentira. Pois bem, quando o diretor do filme "Patrícia", Alexandre Carlomagno me falou que estava produzindo esse filme que era sobre uma personagem diferenciada e tudo mais, fiquei bem curioso para ver, mas claro que com um pé atrás, afinal sou desse estilo que não gosta de documentários onde entrevistados apenas respondem perguntas sobre elas mesmas, mas apague todo o preconceito e vá conferir o longa, pois o diretor conseguiu adequar uma proposta completamente gostosa de ser acompanhada que os 90 minutos passam tão rápido com uma personagem cativante que nos amarra para ouvir sua história contada e praticamente dirigida por ela mesma que se ela não desse a deixa e nós também soubéssemos que tem uma equipe toda ali gravando, poderíamos dizer que é apenas uma pessoa conversando conosco contando sua vida com o que vem na memória sem ser linear nem piegas, ou seja, perfeito e na medida.

O filme nos mostra as contradições de uma mulher que luta para ser vista com respeito. A busca por sua individualidade, seu controle sobre as próprias ações em uma viagem de autoconhecimento pelo interior paulista. Felicidades e tristezas, desejos e traumas dividem o dia a dia na vida de Patrícia, prostituta por profissão e por prazer que buscou e ainda busca a sabedoria por diversos meios.

O longa demora um pouco para fazer o público ligar e se conectar à proposta, pois inicialmente somos apresentados ao cotidiano da cidade ao anoitecer, a protagonista Ícia Púrpura ainda está um pouco perdida quanto ao que deve fazer, mas no momento que ela encaixa, assim como ela diz em um momento do filme que quando atende um cliente em alguns minutos de conversa já sabe como agradar fazendo somente o que ela quer, ela faz o mesmo com os espectadores do filme que não conseguem tirar o olho da tela e acompanhar tudo o que nos conta com uma naturalidade impressionante. E o grande mérito do filme é que Carlomagno optou por acompanhar ela e não se prender à perguntas fixas, o que tornou a produção impecável e convincente demais já que a personagem é maravilhosa e ímpar no seu jeito de demonstrar tudo que já viveu e suas memórias.

Claro que assim como qualquer outro filme, o longa possui alguns pequenos defeitos, como o som que poderia ser melhor, talvez possa ser da sala onde vimos, mas em algumas cenas não entendemos direito o que ela fala, então adaptamos no contexto e o filme segue. Uma ou outra cena que poderia ter sido dispensada ou reduzida, mas que não chega a atrapalhar e muito menos cansa o espectador. Então são coisas tão supérfluas comparada a riqueza de tudo que a protagonista repassa que o espectador comum que for conferir nem se atentará tanto à esses detalhes técnicos e com certeza se acolherá na história que ela nos conta.

Enfim, foi uma ótima noite de estreia para o longa que conseguiu segurar todo o grande público que foi conferir até o final. Em breve o filme deve estar disponível em muitas outras sessões e festivais pelo Brasil e com toda certeza recomendo conferir quando estiver passando em sua cidade, pois mais do que uma história local sabemos que o que o longa passa ocorre com diversas outras Patrícias afora. Fico aqui então minha recomendação para o longa e mais a noite volto com outros lançamentos dessa semana por aqui. Abraços e até mais pessoal.


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O Herdeiro do Diabo

1/28/2014 09:14:00 AM |

Que a moda de filmes câmera oculta, ator "dirige" o próprio filme é uma moda desde "A Bruxa de Blair" isso todos já sabemos, mas o que alguns roteiristas/diretores precisam parar alguns minutos antes de lançar algo é ver se realmente o que eles estão fazendo vai assustar alguém, deixar tenso, ou apenas vai virar mais uma piada nas redes, de forma que a pegadinha que fizeram nos EUA para divulgar o filme "O Herdeiro do Diabo", acabou ficando anos-luz melhor que o próprio filme, pois ele não assusta nada, possui uma história bem fraca com direito a quase 80% do longa apenas como uma introdução e quando o bicho vai pegar mesmo já é hora de falar tchau, ou seja, será que teremos um 2 pra dar continuidade ao filhotinho do diabo e será que o público terá coragem de pagar pra ver? Fica aí a pergunta pra quem quiser responder nos comentários, pois na minha opinião foi mais divertido ouvir os comentários na sala de algumas pessoas que mais riram das cenas, do que se quer ficar com medo de algo que aconteceu.

O filme nos mostra que logo após o casamento de Jack e Samantha, este casal apaixonado recebe a boa notícia: eles vão ter um bebê. A gravidez chega antes do planejado, mas os dois ficam contentes e começam a se preparar para a chegada do primeiro filho. Samantha começa a ficar cada vez mais tensa, nervosa. Inicialmente, todos acreditam que são apenas os hormônios em transformação, mas logo percebem que uma força maligna se apoderou do corpo dela.

Todos os filmes possuem algum problema, mas cabe ao diretor saber resolver na montagem como amenizar ele. Com essa ideia, os jovens Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett deveriam saber que ao se arriscarem num longa-metragem, mesmo tendo feito diversos curtas antes e até entrado com uma parte no sucesso "V/H/S", deveriam ter pego a cópia final do roteiro de alguém inexperiente como Lindsay Devlin e ter trabalhado ela antes de sair filmando com uma câmera na mão tudo que ocorreria numa lua de mel bacana num país exótico e que provavelmente daria algo errado, após fazer as coisas mais absurdas possíveis. Claro que sem esses absurdos não teríamos nenhum filme de terror, mas tudo que ocorre aqui é forçar demais a imaginação do espectador. Até aí tudo bem, vamos fingir que iríamos numa vidente num lugar super estranho durante nossa lua de mel e pra piorar fazer tudo que ocorre na sequência. Tenho uma ligeira certeza que nem nosso aclamado Zé do Caixão faria tudo que rola ali. Pois bem, já que acontece, vamos a gestação do demoninho ou melhor, por enquanto pro pai amoroso apenas um lindo bebê, até onde pessoas em sã consciência acorda e sai a noite andando com uma câmera com iluminação noturna em todos os cômodos da casa sem acender 1 interruptor que seja! Acho que alguém da produção ficou sem pagar a conta de luz da casa, só pode pra aceitarmos isso, e na única cena que alguém acende 1 luz, acende a do banheiro e não acende mais nenhuma por onde vai passar, ou seja, meus parabéns vocês querem abusar de nossa inteligência realmente. Bom já dei spoiler demais de algumas cenas, então melhor parar de ficar bravo com tudo que ocorre e apenas dizer que quem quiser pagar para ver o filme, vá consciente de que se você levar algum susto, é melhor você não sair de casa nunca mais, porque se assustando com um filme desse, é capaz de ver uma bola quicando na rua que alguém chutou e já achar que está possuída.

Um acerto pelo menos do filme, mesmo que ainda façam diversas coisas absurdas, está na coerência dos atores frente às suas câmeras em movimento, pois como o filme não vai diretamente na proposta de terror, a ideia original do jovem em filmar tudo que ocorre durante sua vida é coerente, as interpretações de seus momentos é adequada, somente na hora que não entra mais sua câmera como dominadora é que a coisa desanda um pouco, já que aí é onde começa toda a cagada do filme, então temos de guardar pelo menos os nomes de  Allison Miller e Zach Gilford, pois os dois mandam bem em vídeos espontâneos e podem bem num roteiro mais trabalhado conseguir fazer de um terror de câmera na mão virar um sucesso. Dos demais vale destacar a cena do hospital com Sam Anderson mostrando que uma sequência bem feita agrada num filme e Roger Payano por ser a surpresa no momento que ninguém espera.

A produção do filme soube encontrar bons cenários para a trama, só precisaria avisar os diretores que eles tinham 90 minutos para resolver tudo como sendo um filme de terror, e não filmar apenas as cenas divertidas da lua de mel e colocar alguma coisa de terror nelas. Temos elementos cênicos excelentes que foram dispensados pelo meio do caminho e acabaram inexplicados, além de tudo bem encaixadinho com uma fotografia escura e bem colocada para a trama de terror, mas que apelam pro esquecimento do ato comum, o que é uma grande pena, pois podemos falar que gastaram com cenografia pro filme ficar ao menos razoável e não usaram 1/5 do que poderia.

Da trilha vou preferir me abster indagando apenas quem é o ser alienígena que faz uma trilha de filme com uma densidade razoavelmente tensa e entra créditos tocando algo totalmente engraçado e divertido. É quase como se o vilão de uma novela matasse o mocinho e saísse dançando um axé logo em seguida. Ou seja, o pessoal de Hollywood anda assistindo filmes demais da sua irmã indiana chamada Bollywood que usa muito desse estilo. Além disso, um bom filme de terror, usa os sons e trilhas para assustar o espectador, dando aumentos repentinos de volume, rangidos e tudo mais, e aqui o mixador de som esqueceu de pegar alguns samples na internet e colocar no filme.

Enfim, é um filme péssimo que não recomendo pra ninguém, esperta mesmo foi a Fox que fez a tal pegadinha e deixou meio mundo curioso, principalmente os brasileiros que estão lotando salas para ver o longa. Fica como dica para a sequência, se é que serão malucos de fazer, Jack indo pra Paris como um caçador do novo filhote de demo, já que aparentemente, pelo final que colocaram, o seu esperma não foi tão satisfatório para gerar um "bom" demônio. Desculpem todos os spoilers que coloquei, mas espero que ninguém que leia o post gaste seu dinheirinho suado indo ver esse filme, então preferi colocar tudo aqui já para vocês economizarem. Encerro a semana cinematográfica aqui, mas torcendo pra que hoje a noite ao receber a programação dos cinemas, eu fique extremamente feliz com o que virá, oremos! Então abraços e até breve pessoal.

PS: A nota vai pela boa atuação dos atores, pela produção eficiente e pela divulgação bem feita para que tentassem recuperar ao menos o dinheiro investido, pois tirando esses 3 elementos, mereceria um 0 com Z maiúsculo.


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Obsessão

1/25/2014 01:46:00 PM |

Várias pessoas podem adotar o nome abrasileirado do filme "Obsessão" à tudo que ocorre com Zac Efron durante o filme, mas colocaria mais pilha ao dar o nome pela obsessão de Lee Daniels à trabalhar todas as polêmicas possíveis num único longa denso e que poderia ter o final que desejasse, dando possibilidades à vertentes inimagináveis dentro de uma única trama. Acredito que esse excesso de polêmicas acabou travando o filme um pouco e fez com que as exibidoras meio que boicotasse o longa, já que demorou quase 1 ano para sair no Brasil e mais meio para chegar no interior, pois mesmo sendo aplaudido de pé em alguns festivais, acabou com uma bilheteria bem baixa nos EUA. Porém tirando esse detalhe é um excelente filme que prende o espectador do começo ao fim, valendo a pena ser conferido.

O longa nos mostra que em 1969, Hillary Van Wetter foi condenado pelo homicídio de um xerife sem escrúpulos e espera sua execução. Enquanto aguarda sua sentença final, ele recebe cartas da atraente Charlotte Bless, que convencida de sua inocência, entra em contato com o The Miami Times na esperança de que o jornal mandasse repórteres experientes que pudessem ajuda-lo. O admirado repórter do jornal, Ward James, chega a cidade com seu colega, o ambicioso Yardley Acheman, que vão juntos investigar sobre o julgamento. Durante a investigação, o ingênuo e obsessivo Ward pede ajuda de seu irmão mais novo, o jovem Jack James, um garoto que acabou de largar a faculdade e mudou-se de volta para sua casa de infância em Lately, na Flórida. Como Jack sempre entregou o jornal local The Moat County Times, administrado por seu pai, W.W. Jansen, seu irmão o contrata como motorista e junto com seu colega, acreditam que se conseguirem expor Wetter como vítima de uma justiça caipira e racista, vão se tornar aclamados no mundo jornalístico.

O roteiro e a direção são bem trabalhados, mas poderiam ter feito uma montagem mais determinada, pois o excesso de reviravoltas junto de fades estranhos e a cada momento tudo podendo mudar de vértices transformou o longa de excelente para bom apenas, pois acaba cansando um pouco. Claro que nada tira o mérito do diretor de em seu terceiro filme continuar abordando temas polêmicos com uma pegada que poucos diretores teriam coragem, e como já vimos o seu quarto filme, antes desse inclusive, sabemos que continuou sem amenizar uma vírgula. Tudo bem que polêmicas são ao mesmo tempo um tiro no pé no escuro, então nesse caso acredito que o diretor mais acertou do que errou, mas que nem todos irão sair agradados com o que verão, isso é um fato.

Agora um ponto de inegável qualidade é o elenco montado para a trama, todos sem exceção dão o seu máximo para que tudo saia da melhor forma. Zac Efron nem parece mais aquela coisa estranha de HSM e vem melhorando constantemente a cada novo filme, e aqui demonstrou, mesmo que fazendo um garoto, uma maturidade impressionante frente às câmeras para expressar toda sua interpretação com pausas dramáticas e tudo mais, ou seja, está na beira de ter seu ápice, claro que tirando as cenas mais non-sense possíveis na praia. Matthew McConaughey é perfeito e sabe transformar até um personagem que poderia ser simples em algo mais elaborado, claro que a descoberta de um dos seus maiores momentos é chocante, mas o diretor não aliviou sua barra e exigiu seu máximo que foi dado com certeza para impactar mesmo. Nicole Kidman fazendo uma "mulher" de presídios é a coisa mais trash e interessante que puderam imaginar para a atriz, fazendo com que ela se divirta fazendo trejeitos na sua voz e colocando tudo o que pode em evidência, sua cena na primeira visita é de uma loucura ímpar. John Cusack domina suas feições com um primor incrível, e sua frieza nos momentos necessários é de assustar até presidiários mais fortes do cinema, suas cenas finais são as melhores pela entonação dialogal que faz. David Oyelowo é irônico e bem encaixado na trama, mas mesmo com seu final explicativo para as indagações do jovem Zac poderiam ter trabalhado mais seu personagem. O único que não vale tanto a pena destacar é Scott Glenn que faz um papel de tão pouca aparição que quase esquecemos que ele também é importante para a trama. E fora do elenco de impacto, mas que praticamente narra a história, Macy Gray manda muito bem quando está enquadrada e soube demonstrar afeto e sensibilidade corretamente para com o personagem principal da trama.

O visual sujo da trama, deixa o final anos 60 dum jeito que mancha bem a história americana, mas a equipe cênica soube aproveitar muito bem isso para criar uma arte na medida e colocar a cidade pantaneira como algo feio e onde os caipiras fazem o que querem. Com isso, tudo acaba virando elemento cênico, até mesmo os próprios atores servindo para as loucuras do roteiro, e isso acaba funcionando muito bem, tirando ainda a cena na praia que não me conformo da loucura ocorrida dentro e fora da água. A fotografia usou e abusou do filtro sépia e ao mesmo tempo que funciona para dar um clima sujo no longa, acabamos cansando do exagero e como viram que isso cansaria, apelaram para fades negros excessivos, o que acaba dando longas pausas para a narrativa.

A trilha sonora não desliga um só momento do filme, deixando ele com um astral muito gostoso variando bem com a pegada soul black que marcou bem a época em que ele se passa. Não posso dizer que foi usada em prol de dar ritmo para o filme já que o longa aparenta ter até mais duração do que realmente tem, mas agrada como fonte correta de uso de estilo.

Enfim, é um filme bem bacana que infelizmente por ser excessivamente forte de preconceitos e polêmicas, acabou sendo menosprezado nos cinemas. Pra quem for de Ribeirão Preto recomendo ir assisti-lo no Cine Belas Artes, e quem não for não se preocupe que deve estar para sair para locação, então assim que der veja em casa que vale a pena ver o quão forte algumas palavras jornalísticas erradas podem mudar tudo na vida das pessoas. Fico por aqui hoje, mas ainda nessa semana temos mais uma estreia para conferir, então abraços e até breve pessoal.


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Frankenstein - Entre Anjos e Demônios em 3D

1/24/2014 09:11:00 AM |

É engraçado quando várias pessoas me perguntam o que espero de tal filme e eu falo que nem trailer vi ainda, mas galera, nem todo filme possui um grande estúdio por trás para bancar um marketing violento, e "Frankenstein, Entre Anjos e Demônios" é desse time, pois até aparecer na minha programação na terça-feira não tinha nem noção do que se tratava. Bom primeiramente, vamos tirar esse nome maluco que só os distribuidores brasileiros são capazes de criar e vamos usar o original "I, Frankenstein" ("Eu, Frankenstein") que durante toda o longa se formará o motivo do nome e não porque está no meio de uma briga entre gárgulas, aquelas estátuas medonhas que ficam em cima das igrejas antigas e não anjos, e demônios. O longa é interessante pela alta qualidade dos efeitos visuais e pela produção impecável em cima de um filme bem escuro, mas não chega nem a nos deixar curiosos com algo, muito menos com medo de algo, então poderiam ter caprichado um pouco mais no roteiro para que criassem uma tensão mais densa.

O filme que é baseado na HQ de Kevin Grevioux é uma versão moderna do conto sobre a criatura do Dr. Frankenstein, que séculos após seu nascimento, se encontra em uma cidade gótica em meio a uma guerra entre dois clãs imortais. O monstro de Frankenstein, agora com o nome de Adam, sobreviveu até os dias atuais. Tentando encontrar seu próprio caminho, ele acaba se envolvendo em uma guerra entre dois clãs imortais em uma cidade ancestral chamada Darkhaven.

Não é porque o escritor da HQ fez "Anjos da Noite" que todos os sites do planeta estão falando que o filme deveria pertencer a franquia, claro que possui suas semelhanças, mas em momento algum durante a projeção me foi remetido isso e se não tivesse lido alguns posts antes de ir para o cinema nem me passaria pela cabeça a comparação, mesmo vendo na biografia do autor. O diretor Stuart Beatie foi sábio em seu segundo longa metragem, pois conseguiu uma produção grandiosa em um roteiro meia boca, que até poderia ter sido mais bem trabalhado, afinal ele também foi roteirista de vários filmes interessantes, mas se olharmos mais a fundo sempre seus roteiros são voltados para entretenimento apenas, então o longa é uma bela sessão pipoca, para comer assistindo sem precisar ficar parando para pensar em qualquer ideologia que possa ter referência.

O quesito atuação embora não tenha nenhum diálogo que deva ser altamente pontuado é interessante, mas os atores poderiam ter se empenhado um pouquinho mais para chamar atenção pro seu personagem e com isso quem sabe melhoraria o filme. Aaron Eckahrt é daqueles atores que ou se empenha demais ou para para fazer o que for pedido, e aqui escolheu a segunda opção com toda vontade do mundo, fazendo um personagem com pose de herói, cara de vilão e corpo de atleta, então ficamos sempre em dúvida de que lado ele vai seguir o longa inteiro. Yvonne Strahoviski faz uma cientista que com 30s de papo já é notável que vá virar par romântico, mas é tão fraca a jovem frente ao papel que poderia desenvolver que ainda estou abismado que tenha ganhado prêmios pela sua atuação em um seriado, ou seja, trabalhou sem vontade nenhuma no longa. Miranda Otto nem parece a atriz que vimos em "Flores Raras", não por atuar mal, mas seu papel ficou enigmático demais para uma rainha e na hora que resolveu botar suas asinhas de fora já era tarde demais para mostrar alguma atuação. Bill Nighy deve estar sofrendo a síndrome de Nicolas Cage de estar devendo impostos demais, pois está pegando cada papel diferenciado um do outro que nem sei mais quem é o ator, não que tenha feito algo ruim aqui, mas na hora que resolve partir pra briga fica tão estranho que quase nos perguntamos se é ele mesmo ali ou foi substituído pelo dublê até na interpretação. Jai Courtney poderia ter aproveitado seus momentos que enquadrou bem em cena e ter feito bom uso da trama para se promover mais, já que é um bom ator, mas como na maior parte está brigando então não dá para valorizar muito o que fez. Os demais aparecem tão rapidamente que melhor nem comentar, afinal ou estão brigando ou falam algumas poucas palavras, dentre eles vale destacar apenas a aparição do escritor no seu momento segurança foda virando um demônio bem malvado, e só.

Agora vamos falar do que interessa, da qualidade técnica da produção afinal devem ter gasto todo o dinheiro que poderia ter sido usado para melhorar o roteiro em cenografia, ótimos filtros e tudo para que esquecêssemos que era necessário ter uma história e curtíssemos toda a pancadaria como uma diversão só. E isso o filme trabalha minuciosamente com um cenário denso desde o começo, trabalhando a cidade toda num estilo gótico bem aparentado, com um detalhe de que esqueceram figurantes sem ser gárgulas ou demônios, mas tudo bem. Além disso diversos elementos cênicos importantes, bem colocados e bem trabalhados principalmente, o diário muito bem confeccionado, as armas todas com características próprias do filme, embora pareça um taco de beisebol afinado. Os figurinos e trajes computadorizados muito bem colocados nos personagens misturando a todo momento oscilando entre gárgulas e pessoas comuns de forma bem sincronizada e agradável, dando um ar bem interessante. Os efeitos especiais casaram bem ficando ágeis para a produção e agradando visualmente. A fotografia foi bem inteligente em trabalhar bem as cenas mais escuras sem perder detalhes, o que é muito importante para uma trama, mas quem for ver o longa em 3D, escolha bem a sala que vai, pois o risco de não enxergar nada é altíssimo já que o filme se passa 99% no escuro. Falando do 3D que tantos irão perguntar, posso falar que foi bem usado, e o principal suave, pois não notamos a mudança de cenas com a tecnologia e sem ela, ou seja o óculos ficou parado na cara em tempo quase que integral, pois sempre havia uma profundidade ou outra para combinar as camadas e nas cenas de briga e voos, os que gostam de efeitos saindo da tela irão ficar felizes com várias chamas vindo em sua direção e estar voando junto deles, nada exagerado, mas bem colocado pra quem for pagar mais caro.

Enfim, poderia ser um longa fenomenal, mas acabou saindo apenas algo bom para se divertir nos cinemas aproveitando a pipoca e curtir uma versão diferente da tradicional que conhecemos a história. Se tivessem optado por mais diálogos talvez o longa ficasse monótono e perderia um público que deseja ver apenas ação e pancadaria, já que a HQ procura esse estilo mais jovem, então quem for adepto à esse estilo deverá curtir bem mais do que quem for procurar uma história mais coesa e centrada. Fica assim minha recomendação se você vai encaixar ou não. Como disse, não esperava muito dele, afinal nem sabia da existência desse longa, então gostei do que vi sem ficar eufórico com nada, apenas saindo agradado com o que vi. Fico por aqui hoje, ainda tenho mais uma ou duas estreias para conferir por aqui, então em breve termos mais posts no site. Abraços e até mais pessoal.


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O Estranho Caso de Angélica

1/19/2014 03:02:00 PM |

O diretor Manuel de Oliveira tem o costume de fazer filmes estranhos, e dessa vez ele resolveu abusar do espiritismo para tentar convencer que um contato apenas mesmo depois de morta é suficiente para desencadear um amor em "O Estranho Caso de Angélica". O problema é que esse contato para quem não for realmente favorável a acreditar nisso, fica relevante demais e amplo demais, deixando ele exageradamente bobo para conseguir manter o interesse dos espectadores nele. Ou seja, está na hora do nosso querido diretor de 106 anos parar de ficar querendo viajar em suas imaginações.

O filme nos mostra que na Portugal da década de 1950, o fotógrafo Isaac vai à região do Douro para documentar antigos métodos de trabalho nas vinhas. Hospedado numa pequena pensão, ele é acordado subitamente à noite para fotografar o corpo de Angélica, uma linda moça que acabara de falecer.

Se você leu a sinopse acima e achou estranho algo tão simplório, pode crer que o filme é exatamente isso, ele tenta nos mostrar que a vida simples e de modo antigo é o melhor que pode existir, juntamente mostrando que as conexões entre a matéria e a antimatéria são mais simples do que qualquer um pode acreditar. Porém o diretor e roteirista Manoel de Oliveira esqueceu que como o filme foi escrito nos anos 50, ninguém hoje acredita que tudo roda dessa forma, não temos mais essa prática da boa vizinhança que você larga as coisas num dia para buscar no outro, que o espiritismo está sim forte, mas não da forma que o mundo aclamou em "Ghost", e olha que saiu bem depois desse filme ser escrito. Com isso, o longa acaba virando uma grande piada, com fantasminhas voantes, imagens escuríssimas e tudo de ruim que você possa pensar numa obra estranha, e poderia até falar para o diretor aposentar, mas pelo que conferi ele já fez mais um longa após esse, então força a 5ª idade e aguardemos para ver se conseguiu fazer algo melhor, pois o que vimos aqui e no curta que esteve em "Centro Histórico" a situação foi lastimável.

O ator Ricardo Trêpa mora nos filmes do diretor, saindo para fazer um ou outro filme apenas de outros diretores, mas aqui ele soou tão superficial que até voou, deixando seus pensamentos sempre jogados ao vento, dizendo poesias para quem quiser ouvir e dando sua tradicional moedinha para o mendigo, poderia ao menos ter feito expressões mais plausíveis nas cenas que vê o fantasma. Pilar López de Ayala é uma excelente atriz até se fazendo de morta, que por sinal ficou belíssima, mas sem poder expressar usando apenas aparições acabou deixada de lado e poderia talvez ter salvo a película. Adelaide Teixeira é a pessoa que mais fala no longa e acaba sendo até inconveniente na entonação repetida de algumas frases, o seu papel era algo bem comum de ocorrer nas antigas, mas hoje já teriam feito picadinho dela pela alta intromissão na vida alheia. Os engenheiros Luís Miguel Cintra e Ana Maria Magalhães junto de José Manuel Mendez são o motivo da piada plus por estarem numa mesa de café da manhã, que no longa insistem em legendar como almocinho, não sei se em Portugal é assim, discutem algo tão complexo quanto falar de equações: a antimatéria como se fosse algo simplista de explicar, enquanto o protagonista viaja em sua mente pensando em tudo que estão falando, ou seja, quase uma gag cômica num filme dramático. O restante melhor nem perder meu tempo falando de cada coisa que não valeria a pena.

O visual colonial da região do Douro é algo bacana de ver na telona, e a equipe de arte valorizou bem todos os elementos cênicos para que tivéssemos uma boa impressão do lugar. Claro que ficou parecendo que o mundo parou ali e não evoluiu, mas vale a pena como locação para um filme de época. Os elementos cênicos são praticamente 3 apenas, a câmera, as fotos no varal e o passarinho, que só coexistem na mente do diretor e mais nada. Um dos pontos que mais erraram também foi na fotografia exageradamente escura, que só serviu inicialmente para uma das primeiras cenas, para que o jovem falasse para trocarem a lâmpada, pois do restante, mesmo em cenas se passando de dia, esqueceram completamente de iluminar o cenário, sendo quase impossível de ver qualquer detalhe, e com um ritmo lento de filme é capaz até do espectador dormir de tão escuro que é a película.

Enfim, só falei mal do filme, mas como disse temos de relevar, afinal não é todo dia que vemos um diretor de mais de 100 anos na ativa, buscando tudo para ser feito exatamente como quer. Talvez por já estar no fim dos dias de vida, ele quis mostrar para seus familiares alguma forma de se conectar com ele através da antimatéria de seu corpo e isso acabou virando um filme, mas bem chato por sinal. Não recomendo o longa pra ninguém, a não ser que você seja um extremo conhecedor do lance de espíritos e planos do além, pois talvez você consiga enxergar algo a mais que eu não vi, e caso queira fale para nós nos comentários qual foi sua experiência com o filme. O longa fica em cartaz na próxima terça(21/01) e quarta(22/01) no Cine Belas Artes de Ribeirão, então quem quiser muito ver ele, fica a dica, além de estarem passando ainda "Trem Noturno Para Lisboa" que esse sim vale a pena ver. Fico por aqui nessa semana, afinal já vi todas as estreias nas prés que tiveram, mas volto durante a semana para colocar mais coisas novas no site, principalmente na aba Não Passou no Cinema com algum filme que não veio para o interior nos cinemas. Abraços e até breve pessoal.


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Ninfomaníaca - Volume 1

1/18/2014 05:49:00 PM |

Se tem uma coisa que me impressiona no mundo do cinema é como alguns diretores, e claro seus estúdios conseguem fazer tanta propaganda pra lotar salas e não entregar nem metade do que falaram, será que eles fizeram aula com alguns de nossos políticos? Pois bem, com isso em mente, como falei pra alguns amigos e coloquei também no Facebook, se você estava com algum receio de ir ao cinema ver "Ninfomaníaca - Volume 1" por conter muito sexo explícito e talvez ser um filme pornô, pode apagar todos os seus preconceitos e ir de boa que tirando as cenas do Capítulo 5 e uma ou outra cena espalhada, o filme é bem leve, com ótimas sacadas e se o diretor não quisesse polemizar tanto colocando essas cenas, o filme seria completamente bem explicado sem elas somente pelo diálogo genial da protagonista com a pessoa que lhe ofereceu socorro quando precisou. Claro que com o trailer do Volume 2 que passa durante os créditos dá pra ver que a coisa vai ficar bem pesada, então em Março saberemos se vai ser tudo que falaram mesmo, ou se o exagero de cortes da censura deixou o filme mais leve que muita coisa que víamos na madrugada da Band nos velhos tempos.

O filme conta a história de uma mulher desde seu nascimento até seus 50 anos, contada pela personagem principal, a auto-diagnosticada ninfomaníaca Joe. Numa noite fria de inverno, Seligman, um velho solteiro, encontra Joe machucada e semi-inconsciente num canto. Após a levar para seu apartamento ele observa as feridas dela e tenta compreender como é que as coisas podem ter corrido tão mal. Ele escuta atentamente, enquanto em 8 capítulos ela reconta a multifacetada e luxuriante história de sua vida.

Essa primeira parte compreende 5 dos 8 capítulos e mostra o lado mais "normal" da jovem com cenas leves de sexo e bem amarradas principalmente pela conotação sexual que conseguem juntar com referências à pescaria, música, comida, animais, árvores e tudo mais que vêm a mente no roteiro desse maluco que se chama Lars Von Trier. Porém os produtores resolveram que para não chocar tanto nos cinemas foi cortado material excessivo, afinal foram 100 horas de gravação, que resultaram num corte final de 5 horas, que limado comercialmente sairá em 2 partes de 2 horas, ou seja, embora não tenha perdido a essência, o que vemos é apenas 80% do que o diretor concluiu como sendo seu filme realmente. Além de maluco no roteiro, o cinema de Lars é interessante de ver pela forma que incorpora os personagens nos atores, claro que quem for ver e achar que os atores renomados realmente botaram pra lascar é ingenuidade demais, mas as interpretações faciais são suas, ou seja, o pessoal soube mandar muito bem na expressividade, e isso somente um diretor muito bom conseguiria arrancar de seus atores sem que eles precisassem realmente mandar ver nas filmagens.

Falar de atuação num filme desse estilo seria um pouco complicado, principalmente se fosse visto no cinema a versão original, que como disse deve ter muito mais cenas de "ação", pois geralmente em filmes do gênero com atores famosos sabemos que quem vai pra ralação nem sempre são eles, e sim atores pornôs com uma cabeça verde para ser eliminada depois, mas nessa versão foi possível analisar e bem a atuação dos atores. Charlotte Gainsbour já virou a musa de Lars, afinal está em todos os seus últimos filmes esteve presente fazendo todas as loucuras do diretor, mas aqui está tão bem de diálogos que nem parece a chata que vimos em "Melancolia" virar uma narradora de fatos, juntando tudo com supostos elementos do próprio cenário que ficou perfeita no papel, algo que será digno de ser lembrado pelo cinema afora, por enquanto não entrou ainda no rala e rola, mas veremos na parte 2 como ela chegou ao ponto em que foi encontrada. Stacy Martin que foi realmente pras cenas mais difíceis, fez uma iniciação perfeita no cinema já que é seu primeiro filme, e com isso já começa a ganhar mais filmes para seu currículo, suas cenas iniciais no trem principalmente são perfeitas, mas a cada capítulo vai melhorando mais e mais no quesito atuação que mesmo onde não está com sua sede de sexo consegue eximir uma interpretação perfeita para a personagem, além claro de suas caras de orgasmo que como disse antes ela não está sendo penetrada, então mostrou ao mundo que sabe fingir muito bem um orgasmo, ou seja, homens fujam de atrizes. Quem falava mal de Shia LaBeouf pode morder a língua ao ver como o jovem fez um papel bem colocado e soube administrar bem suas cenas fazendo dele alguém mais diferenciado na produção. Agora a melhor atuação impossível ficou para ficou a cargo de Uma Thurman como Mrs. H, fazendo algo que nunca na vida imaginaríamos ver uma mulher fazer, colocando seus diálogos num patamar incrível e mostrando porque ainda é uma das top atrizes que temos no cinema, acaba sendo um momento de diversão pelo absurdo de tudo, mas é genial o que faz em cena. Vale destacar também ainda que pouco os momentos de Stellan Skarsgård com as boas sacadas que dá para a história ser ligada, e a cara que faz no momento de imaginar a educação que a moça teve, mas nas demais cenas poderia ter colocado mais interpretação na sua face, pois parece um espectador de um filme que não está prestando nem atenção por não demonstrar vontade na cara. No geral todos agradam bem em suas cenas, mesmo que pequenas e passaria horas discutindo cada um, mas ficaria um texto imenso e não gosto disso, então vou apenas falar mais um bom destaque que foi Christian Slater principalmente em suas cenas no capítulo 4, que mostra tão bem a loucura que um ator sabe fazer, mas a doçura que teve nos momentos embaixo da árvore também foram bem cativantes para mostrar seu potencial.

O visual do filme está tão bem trabalhado que ficamos impressionados com o que vemos, já que fazer filmes desse estilo geralmente gera uma insegurança por parte da equipe e alguns costumam fugir para acabar não caindo no preconceito de outros diretores mais moralistas que eliminam bons profissionais somente por terem trabalhado com tal estilo de filme. O longa conta com ótimos elementos cênicos à todo momento que acabam sendo usados até mais do que deveriam, passando a fazer parte do contexto do filme para que os protagonistas utilizem eles nos diálogos com forte conotação sexual, então uma simples música de Bach acaba tendo sua forma de tocar de maneira diferenciada, como já vimos em alguns trailers, um simples modo de comer um doce, um anzol decorado, e por aí vai, sendo perfeito a forma que utilizam tudo. Os figurinos escolhidos sempre bem pautados com a época em que se passa, mas o destaque da roupa no capítulo 1 no trem foi de arrepiar junto da música escolhida. A equipe de fotografia utilizou algumas formas de iluminação incríveis e sempre no ângulo escolhido acabamos tendo um encaixe perfeito para que a obra fosse sutil onde precisava e forte onde seria marcante. Além disso, utilizaram um filtro Preto e Branco no capítulo 4 que colocou a nostalgia acima de tudo, dando um ar noir perfeito para o que o momento pedia.

Com músicas bem variadas, vamos de "Born to be wild" num dos momentos mais perfeitos para ser usada a canção, à Bach também muito bem colocado virando praticamente um modo de expressar o filme, e incluindo nisso tudo a banda de rock pesado Rammstein com algo perturbador para nossos ouvidos, mas que acaba simbolizando tudo, o longa acaba acertando em cheio nas escolhas musicais, transformando a sinestesia das canções em algo além do que poderíamos esperar ouvir e ver nas telas.

Enfim, o filme é extremamente bem feito, gostei muito das sacadas e Lars conseguiu mais uma vez fazer o que mais gosta, que é mostrar a realidade nas telas do cinema. Eu particularmente não tenho nada contra mostrar sexo explícito no cinema, mas se os produtores quiseram limar 20% do que achavam que chocaria, porque não arrancar tudo e deixar apenas como subentendido que cairia bem e não daria o mínimo da confusão que deu em diversos países? Essa é apenas uma ideia, pelo pouco que foi colocado nesse, não sei se na versão 2 será mostrado mais, então o jeito é aguardar o final de março para fechar com as conclusões efetivas. Por enquanto recomendo o filme pra qualquer um que possua mais de 18 anos e que não esteja com expectativa acima da média de ver um pornô nos cinemas, pois vi muitos jovens saindo frustrados da sala com o que viram. O longa possui sim alguns defeitos, mas felizmente nenhum deles atrapalha uma boa sessão e claro que teremos inúmeras discussões em torno dele e quem sabe até aqui no blog como aconteceu em outros filmes polêmicos. Por enquanto fico por aqui no aguardo do capítulo final do longa, mas nessa semana ainda tenho mais duas estreias por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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Mudança no Site

1/17/2014 12:48:00 AM |

Bem amigos do Coelho, Boa Noite!

Como a maioria que conhece esse maluco aqui sabe que sou um pouco indeciso e venho trabalhando em tudo que me sugeriram para mudar o site, afinal desde quando criei ele em 2010 nunca mexi em layout nem nada.

Alguns que tentaram entrar no site agora a noite devem ter assustado com ele saindo do ar e voltando, aparecendo coisas estranhas e tudo mais. Eu também assustei muito, mas o problema era por uma boa causa e já está solucionado.

Então lhes apresento o novo visual do Tem Um Coelho No Cinema.

Espero que gostem, não é ainda 100% definitivo, afinal como disse sou um pouco indeciso e do dia pra noite pode ser que algum amigo me mostre algo diferenciado que resolva por no ar, claro se não for muito difícil.

Desde já agradeço aos amigos que me ajudaram dando sugestões enquanto fazia, que criaram a logo nova do site, testando e tudo mais, não vou citar nenhum inicialmente porque está tarde e corre risco de deixar algum magoado por não lembrar agora, mas vocês sabem que moram no coração desse Coelho maluco.

PS: Por enquanto só está no ar o layout novo, as abas de promoção e demais coisas estarei atualizando durante os próximos dias, e claro colocando a primeira promoção do site com um super prêmio.

Então opinem, visitem, indiquem, e ajudem!

Obrigado,

Fernando Coelho
Produtor Audiovisual e Crítico
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Muita Calma Nessa Hora 2

1/15/2014 11:57:00 PM |

O cinema cômico nacional tem um único problema, ser da Globo Filmes, pois todos que colam esse selo na capa, já garantem 90% da chance de altíssimas bilheterias e de ser ruim de piadas no melhor estilo do programa cômico deles chamado "Zorra Total". Claro que tivemos uma evolução considerável de "Muita Calma Nessa Hora 2" se comparado ao original de 2010 e o meio do caminho que o diretor teve com "E aí, comeu?", mas ainda mantiveram o mesmo estilo humorístico de piadas de esquetes que soltas até funcionam, mas no contexto do filme acabam parecendo perdidas. Felizmente dessa vez não fui o único a silenciar de risadas, e rir apenas em alguns momentos, já que a sala que estava razoavelmente cheia para uma sessão de pré-estreia em horário ruim, também ficou quase que o filme todo em silêncio, rindo nos mesmos pontos que eu, então posso julgar que o filme só teve graça realmente ali.

O filme nos mostra que três anos depois da viagem para Búzios, as amigas Mari, Tita, Aninha e Estrella se reencontram no Rio de Janeiro. Mari está coordenando a produção de um grande festival de música, o Som do Rio, e convida as amigas para o evento. Estrella volta da Argentina depois da morte da avó, mas sua única herança é uma samambaia. Aninha pede ajuda a uma vidente, mas presságios inusitados a deixam ainda mais indecisa. Tita, depois de passar três anos na Europa, está decidida a arrumar um emprego como fotógrafa. Juntas, vão perceber que estão prontas para novos desafios.

Um dos pontos que foi melhorado substancialmente é o roteiro, já que no primeiro filme tudo era jogado às traças, e salve-se quem puder, agora temos uma história pautada, embora ainda muito fraquinha, mas com começo/meio/fim e com isso sabemos onde a trama quer chegar. Claro que pra isso ocorrer, foram colocados personagens chaves além das protagonistas e acertaram a mão pelo menos nessas escolhas. Porém o problema continua o mesmo do anterior, as protagonistas não são comediantes e muito menos engraçadas, servem apenas de pano de frente para que as situações ocorram e por serem rostinhos bonitos (algumas com corpo também) na frente da tela. Após 3 filmes, Felipe Joffily começa a demonstrar segurança pelo menos do estilo que quer seguir, e caso saia mais um filme, afinal dará muito retorno para os produtores e consequentemente irão querer mais 1, acredito que a chance de acertar a mão definitivamente e sair do estilo de humor jogado é altíssima. Agora nesse aqui, não posso em momento algum falar que não ri, muito pelo contrário, algumas cenas me fizeram rir muito, mas ainda assim está muito longe das boas comédias nacionais que tivemos e falar então de outras europeias então nem se fala.

Assim como o primeiro filme temos uma enxurrada de "humoristas" da TV, cinema e internet nacional no filme, mas poucos conseguem chamar bem a atenção pra si. Como disse acima, as protagonistas servem apenas para linkar as piadas com os demais, tendo Andréia Horta como a mais fraca do grupo que foi utilizada razoavelmente apenas na cena de asa-delta, Gianne Albertoni para a todos homens que forem na sessão ter algo para olhar e alguém para parecer organizadora de um evento, Débora Lamm para ser a maluca com frases de músicas, e salvando Fernanda Souza que sabe fazer um pouco de comédia e até nos fez rir em algumas cenas com suas trapalhadas. Marcelo Adnet manteve seu bordão de rico paulistano que se acha, mas coube a ele vários dos momentos mais cômicos, embora esteja querendo virar o Jim Carrey nacional. A dupla Maria Clara Gueiros e Nelson Freitas tem uma boa conexão, mas já foram melhores em outros personagens, mas nos fizeram rir também principalmente nas cenas com Marco Luque, que agradou bastante em diversos momentos com seu portunhol tradicional. Alexandre Nero com seu modo desesperado de produtor casou muito bem e utilizando do nome do produtor do filme original imagino como deve ter sido cômico nos bastidores. O sucesso da internet Rafael Infante ficou romantizado demais, e poderia ter um pouco mais de tiradas como faz em seus vídeos, mas mesmo assim agradou bem. E o destaque positivo sem dúvida alguma foi por incrível que pareça Helio de La Peña com seus mil papéis, um melhor que o outro que até o mais sério deles nos faz rir. E também podemos destacar positivamente o autor do filme Bruno Mazzeo que com seu cantor caipira brega conseguiu emplacar um hit infeliz na nossa cabeça que não sai nem por reza e não irei judiar de meus leitores colocando aqui. E o destaque negativo mais uma vez fica para as tosquices de Lucio Mauro Filho.

Embora o novo filme tenha muito mais patrocinadores que o primeiro, pelo menos não cometeram a mesma gafe de ficar citando e mostrando como parte do filme o merchan deles, e com isso temos algo mais cinematográfico realmente. As locações ficaram totalmente dentro do que a ideia do longa gira, e souberam embora aparente simples tudo bem encaixado, somente o show ficou um pouco falso demais com uma plateia nada convincente de estar realmente ali e poderiam ter melhorado nesse quesito. Os elementos cênicos não são tantos, então tentam trabalhar bem com o que tem, sem precisar chamar atenção para nada em cena. A fotografia utilizou bem dos contras para trabalhar em alguns momentos e nas maioria das cenas que são abertas, usaram pouco do recurso de sombra, mas não ficou evidente demais.

A trilha sonora trabalhou muitas composições próprias, inclusive com a música grudenta do papel de Mazzeo, que fuja logo que começa os créditos senão a chance é que não saia da sua cabeça tão cedo, e as músicas cantadas por Infante. Além delas tivemos Jota Quest, Marcelo D2 e Chiclete com Banana que fazem parte do megashow organizado para o filme, entre outras canções que tocam pedaços, ou seja, uma super produção com direito a CD de trilha sonora.

Enfim, é um filme ainda muito fraco no quesito história, pois pelo menos no quesito risada até dá para se divertir um pouco, mas não temos como negar que é uma produção imensa e que quem sabe o diretor lapidando algumas pontas pode transformar um próximo filme da sequência em algo que realmente valha a pena sair de sua casa e ver ele num cinema, afinal já conseguiu melhorar algo que julgava ser filme de nunca ter continuação. Como é de praxe da comédia nacional irá lotar cinemas, mesmo não sendo grande coisa, então se você quiser ver vá por seu próprio risco, afinal gosto é algo que não dá para ser colocado na cabeça de ninguém, então alguns com certeza irão amar. Encerro aqui a programação corrida que foi essa semana, mas na sexta já temos alguns filmes para conferir, então abraços e até lá pessoal.


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Ajuste de Contas

1/14/2014 11:50:00 PM |

Confesso que não tinha me empolgado com o trailer de "Ajuste de Contas", mas fiquei no mínimo curioso para ver como iriam trabalhar com os dois mitos dos filmes de boxe de antigamente. Porém acho que o diretor e o roteirista se prenderam tanto nessa ideia de colocar os mitos, tentar pegar referências dos filmes deles, e ainda por cima colocar algumas pitadas de comédia, que se perdeu todo fazendo um filme meia boca com duas ou três sacadas bem feitas e desapontando qualquer pessoa que vá ao cinema ver ele esperando algo. Não que você não dê algumas risadas, mas longe de qualquer comédia que vem sendo lançada ultimamente.

Em Ajuste de Contas, Sylvester Stallone e Robert De Niro interpretam Henry “Razor” Sharp e Billy “The Kid” McDonnen, dois pugilistas de Pittsburg que chamam a atenção dos holofotes pela feroz rivalidade entre si. Cada um venceu uma disputa entre eles durante o seu apogeu, mas em 1983, às vesperas da terceira e decisiva luta, Razor anuncia repentinamente sua aposentadoria, recusando-se a explicar o motivo, mas efetivamente desferindo um soco de nocaute nas duas carreiras. Trinta anos depois, o promotor de boxe Dante Slate Jr., enxergando a possibilidade de lucro alto, faz uma oferta que eles não podem recusar: voltar aos ringues e ajustar as contas de uma vez por todas.

Um gênero que anda muito na moda são as dramédias, filmes que não são dramas difíceis e também não nos fazem gargalhar nos cinemas. Esse gênero não é tão trabalhoso para os diretores e por isso muitos estão optando por ele, porém só precisam acertar um grande detalhe, o timing exato entre os personagens e os protagonistas que os interpretam para que caia bem a história e assim todos se convençam do que estão vendo. O problema aqui é que Stallone provavelmente não se acha um ex-lutador e De Niro não foi colocado como ponto cômico da trama, então o desacordo está fadado à derrota de ambos nas mãos de um diretor que tentou se safar com uma pitada dramática monstruosa no meio, mas não convenceu nem emocionou ninguém. Todos estamos acostumados com o que Peter Segal faz, então já vamos esperando um filme de poucas risadas, mas o que diferencia esse dos seus anteriores é que nos outros ele tinha o Sandler pra tentar salvar sua pátria, e aqui nenhum dos dois faz o estilo de comédia dele.

Não posso dizer que o problema foi só da atuação não convincente dos protagonistas, mas eles ajudaram um pouco. Pelo menos gostaria de saber quem foi o dublê de corpo de De Niro, já que duvido que tenha feito todos aqueles exercícios. E falando em De Niro, o ator tem um estilo próprio de interpretação, e suas comédias fazem rir pelos momentos, que aqui faltaram e muito para conectar com a trama e mostrar o quão bom ator ele é. Stallone é outro que estamos acostumados a ver mesmo que desanimado com uma luta, buscando fazer aquilo, e aqui tentaram colocar ele como comediante, e mesmo fazendo todas as palhaçadas em "Mercenários" jamais ele será isso, então tudo que faz no filme fica extremamente falso. O único no filme que sabia bem o que estava fazendo e puxa boas sacadas é Kevin Hart que dá o tino cômico da trama com seus palavreados cheio de gírias e fazendo bem o tradicional empresário oportunista, claro que da maneira mais torta possível para dar graça ao filme. Um grande mérito do filme foi a escolha de Alan Arkin para o personagem do treinador, pois ele soube dar ligação com os filmes de luta, fazendo uma excelente preparação do protagonista como também teve tino cômico para todas as cenas que precisou, ou seja foi perfeito. A evaporada do mapa Kim Basinger mostrou que a idade pesa para todos, inclusive para as belas moças, mas está uma senhora que temos de respeitar pela beleza, e no filme faz bem esse papel, da mulher que o lutador ainda deseja, então encaixou bem, vale lembrar que sua filha Ireland fruto do casamento com Alec Baldwin faz estreia frente as câmeras nas aparições iniciais dela jovem. Jon Bernthal tenta sair bem em algumas cenas, faz a linha doce, mas não salva muito o filme pro lado emotivo. Agora o jovem Camden Gray superou com ótimas ligações de falas e pode talvez até virar um bom ator mais pra frente pelo timing que tem. O grande destaque claro do filme são os não atores que aparecem literalmente para serem sacaneados, como Sonen, Holyfield e Tyson.

Os cenários foram bem escolhidos, mas nenhum teve um destaque relevante, tanto que a academia é um ponto que chamaria a atenção, mas fica em segundo plano. O ferro-velho cai bem, mas também acaba sendo irrelevante. Ou seja, temos inúmeros cenários, mas nenhum ficou marcado para ser lembrado, talvez se na hora do videogame tivessem aproveitado mais seria uma solução viável. Tivemos também diversos objetos cênicos que até serviram em alguns momentos, mas todos soaram apenas simples para as cenas, ficando estranho e alguns até desnecessários. Como foram cenas em diferentes ambientes, a equipe de fotografia sofreu um pouco para conseguir dar a iluminação correta para cada cena, mas souberam trabalhar muito eficientemente nas cenas de luta onde cada detalhe poderia piorar mais ainda o filme já que eram as cenas que os espectadores mais aguardavam.

Enfim, não posso falar que é o pior filme que já vi do gênero, mas passou bem próximo de ficar abaixo da média. Recomendo mais aguardar ele sair para locação do que ver nos cinemas, mas quem for, assista um pedacinho dos créditos já que possui 2 cenas extras que são mais engraçadas que o filme inteiro. Fico por aqui hoje, falta ainda conferir a última pré-estreia da semana, então em breve mais um post aparecerá por aqui. Abraços e até breve pessoal.



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Trem Noturno Para Lisboa

1/14/2014 01:05:00 AM |

Qual a receita para um bom suspense policial, prender a atenção do espectador e manter o mistério até o final. Se um filme conseguir isso e ainda ter tempo de contar alguma história que faça você se envolver e conhecer algo mais ainda, fica perfeito. Bem, "Trem Noturno Para Lisboa" possui tudo isso e ainda muito mais, só cometeu uma pequena gafe que até pode ser ignorada por muitos, mas que fica extremamente evidente, o longa se passa quase todo em Portugal, e no filme todos falam um inglês perfeito, sem quase um texto em português. Porém tirando esse detalhe, é um dos filmes de mistério policial sem mortes para todo lado que mais conseguiu prender minha atenção, e aliado à fotografias e cenários tensos, o longa se revela muito mais interessante no fechamento quando descobrimos algumas coisas que nem imaginávamos.

O filme nos mostra que Raimund Gregorius, afetuosamente chamado de 'Mundus' por seus alunos, é um professor de latim do ensino médio e um especialista em línguas antigas. Sua vida é transformada depois de um encontro misterioso com uma jovem portuguesa na antiga ponte de Kirchenfeld, na bela cidade suíça de Berna, que ele consegue impedir que salte para a morte nas águas geladas do rio. Raimund fica intrigado, mas a mulher desaparece, deixando seu casaco para trás. Dentro de um bolso, ele descobre um livro de um médico português chamado Amadeu de Prado, com uma passagem de trem no miolo. Ele decide usá-la espontaneamente, partindo para uma jornada de aventura em Lisboa. Enquanto procura pelo autor, Raimund revisita um capítulo sombrio da história do país e desvela um trágico triângulo amoroso. Ele é atraído para dentro de um misterioso quebra-cabeças onde os riscos são extremamente altos, cheio de intrigas políticas e emocionais. Por fim, sua jornada transcende o tempo e o espaço, tocando questões da história, da filosofia e da medicina, encontrando o amor e evoluindo para uma busca libertadora pelo verdadeiro sentido da vida.

Bom, exageraram na sinopse colocada, mas ainda assim continuamos com muitas intrigas para saber como tudo rola. E o que posso falar do diretor Bille August é que soube trabalhar essa instigação que o espectador costuma ter, logo no começo, dando apenas alguma pista simples a cada conversa no melhor estilo de RPG que muitos já jogaram, afinal a mulher do início dos jogos poderia falar tudo de uma só vez que você já acharia o portal mágico, mas não ela manda você para 800 lugares antes até dizer que era só olhar no alçapão embaixo dela. Usei uma referência meio fora dos padrões cinematográficos, mas acho que muitos já jogaram pelo menos uma vez um jogo desse estilo, e o que vemos no filme é bem nesse estilo, de ir andando, coletando conversas imaginando como tudo foi, claro que para o público isso aparece na tela, e montando até chegar numa grande notícia a qual ninguém com certeza iria imaginar logo de cara. Além disso o diretor soube trabalhar o elenco para ser misterioso no limite de não deixar ninguém com raiva de nenhum personagem, então tudo fica calmo e sensato para ir devagarinho até o momento exato de contar tudo. Agora, tudo bem que a maioria do elenco não é português de verdade, mas custava um filme que se passa em Portugal, numa época tão marcante para portugueses colocar os caras falando português já que o ator principal é um linguista e entenderia tudo que dissessem? Tem vezes que os caras erram de propósito só pode!

A atuação de Jeremy Irons é pontual, mostrando que o ator infelizmente já começa a demonstrar um certo cansaço por fazer quase sempre os mesmos papéis, pode até ser que a ideia era de ser um professor cansado e tudo mais, mas seu semblante sempre enrugado chega a dar desânimo para o personagem, pelo menos suas citações soavam gostosas de ouvir e com isso a interpretação pelo menos dos diálogos ficaram interessantes de sua parte. Jack Huston teve a chance nas mãos para se destacar nos momentos chave do filme, mas fazendo sempre seu gestual mauricinho demais acaba parecendo esnobe, e mulheres só se interessariam pelo dinheiro dele em qualquer vida real, mas no conjunto da obra até que agrada, poderia ter mais falas ao invés de tudo que diz ressoar na voz do professor. Tom Courtenay faz o papel mais português impossível, e cadê sotaque, cadê uma palavrinha em português, não o pobre sofreu toda a rebelião de Salazar por falar inglês, mas em quesito de interpretação visual manda bem demais. Os demais atores acabam tendo participações bem colocadas, alguns com bastante texto que daria pra destacar por terem feito um bom trabalho são Bruno Ganz, Charlotte Rampling e até alguns momentos de Christopher Lee. E poderiam ter melhorado a maquiagem se é que não poderia ser outra atriz de Lena Olin, que todos envelheceram, mas ela ficou quarentona enxuta.

Os cenários escolhidos para as filmagens foram de primeira linha, colocando Lisboa como pontos bem feios mas que se encaixaram perfeitamente para a trama da época, e o clima saudoso que ficou nas cenas atuais deram um ar meio noir para o filme. Sem contar que em todas as cenas foram colocados elementos chaves para dar continuidade nas pistas da trama, e sem isso um filme policial iria pro brejo. A fotografia usou um filtro um pouco escuro demais, deixando algumas cenas tão escuras que qualquer elemento secundário inexiste, claro que tudo era feito nas espreitas, mas poderiam ter trabalhado apenas com contraluzes que cairiam melhor para o clima.

Enfim, é um excelente filme que poderia ser muito melhor se tivesse tido alguns cuidados, não que eles tenham estragado o filme, mas deixaram de ficar com um longa perfeito por bobagens. Recomendo para todos que gostem do gênero e estão cansados da mesmice que sempre vem com filmes americanos, não que você não vá ver muitos clichês por aqui, mas são pelo menos mais comedidos. Quem for de Ribeirão Preto, o longa está em cartaz no Cine Belas Artes até quarta às 20hs, e continuará na próxima semana em horário ainda não definido, então aproveitem. Fico por aqui, mas ainda faltam alguns filmes para conferir nessa semana, então abraços e até breve pessoal.


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Vocês Ainda Não Viram Nada!

1/12/2014 10:56:00 PM |

A mistura das artes infelizmente nunca irão combinar, pelo menos essa é minha opinião, e com isso em mente esperava que "Vocês Ainda Não Viram Nada!" misturasse de outra forma e não ficasse tão preso à peça original do dramaturgo, pois acabou ficando chato e incoerente colocar uma peça interpretada por 3 gerações dentro de uma casa, misturando com cenários. Ou seja, se você deseja ver uma peça interpretada por diferentes pessoas ao mesmo tempo dentro de uma casa que se transmuta em cenários, vá ver, senão dispense.

O filme nos mostra que a morte do dramaturgo Antoine d'Anthac faz com que os atores que atuaram em diferentes versões de sua peça teatral "Eurídice" sejam chamados para a leitura do testamento. O grupo contém grandes nomes do teatro francês, como Michel Piccoli, Mathieu Amalric, Sabine Azéma, Lambert Wilson e Anne Consigny. Após chegarem na suntuosa casa de Antoine, eles são informados que o autor deixou um depoimento gravado em vídeo. Nele, o autor pede que todos avaliem uma nova versão de "Eurídice", encenada por uma companhia de teatro.

O grande problema do longa é transformar ele numa grande peça, então quem não for realmente fã de teatro vai achar estranho os atores com falas tão decoradas interpretando quase que ao mesmo tempo com o vídeo que assistem no telão, e intercalando entre si, as várias gerações da mesma peça fica até bonito em alguns momentos iniciais, mas logo em seguida o outro casal repete a mesma fala do outro já começa a ficar tenso e irritante, até o final mais bobo impossível. Bom, também não poderíamos esperar um filme normal de Alain Resnais, mas dessa vez ele abusou do público ao colocar exatamente tudo que não poderia numa tela de cinema, escolhendo planos tortos que não enquadram legal os personagens, textos repetidos e tudo mais que você imaginar.

Pelo menos as atuações são bem encaixadas e mostram que os atores teatrais da França, sim todos fazem seus próprios papéis, mesmo estando velhinhos ainda mandam muito bem na interpretação e lembram de cor e salteado seus textos, mesmo que precisem de uma forcinha do vídeo. Nunca vi nenhuma peça francesa, então não sei dizer se eles eram tão bons como aparentam ser na tela, e a maioria dos filmes que os atores aqui fizeram não lembro de ter visto. Então o grande destaque do filme fica pras cenas com Sabine Azéma e Pierre Arditi, que incorporam bem seus personagens quase saindo da poltrona e eliminando eles como atores. E Lambert Wilson que é o mais conhecido dos que aparecem poderia ter chamado mais atenção se não fosse par da outra Euridice mais fraca, então acabou ficando bem em segundo plano.

O visual da trama é bem estranho, pois estão todos numa mansão sentados em poltronas frente a um telão, de repente começam a atuar, correm para um canto e lá o cenário vira estação de trem, quarto de hotel, cafeteria, e tudo mais que a peça pedir, ou seja é um trabalho de arte bem feito, mas literalmente ficou como se fosse uma peça onde a equipe ao invés de criar cenografia de panos e madeira, colocasse um telão digital de fundo e fosse alterando tudo, ficando extremamente falso, mas verdadeiro por estar acontecendo. Se você ficou confuso com isso, pode ter certeza que eu também fiquei, ou seja, não tente entender teatro dentro de um filme é estranho mesmo. A fotografia foi um dos poucos pontos acertados do filme, pois souberam dar iluminação de foco em personagem, como costumeiramente vemos no teatro, mas aqui coube a incorporação pois sabemos quem está em plano e quem vai acabar servindo pra nada no momento, então o olho se desloca para aquela área do cenário, e além disso fizeram alguns contraluzes bem interessantes para realçar as pessoas.

Enfim, quando vi o pôster e a sinopse há muito tempo quando foi lançado comercialmente, esperava algo diferente, mas nem tanto quanto vi hoje ao chegar no Belas Artes. Gostaria de recomendar para que todos fossem no Cine Belas Artes, pois passa filmes bacanas, mas dessa vez para esse filme serei obrigado a falar que fujam, aproveitem pra ir ver o da outra sessão que aparenta ser bem melhor. E se você não é de Ribeirão Preto e realmente ama teatro, talvez valha a pena assistir em casa já que não recomendo gastar dinheiro indo ao cinema ver esse filme. É isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã estarei no Belas Artes para conferir mais um filme em cartaz por lá, e nessa semana ainda faltam mais uma estreia e uma pré para conferir, então abraços e aguardem mais vários posts por aqui.


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Caminhando com Dinossauros - O Filme em 3D

1/12/2014 05:12:00 PM |


É engraçado ver uma animação tão realista que parece ter sido filmado realmente, porém com um único detalhe, os protagonistas foram extintos há anos e no filme "Caminhando com Dinossauros", vemos como era dura a vida de alguns dinossauros. O longa é bem bacana e mostra de forma interessante como os pesquisadores imaginam que era a vida dos bichões de uma maneira contada bem didaticamente como num documentário da National Geographic, porém numa versão para crianças.

O filme nos mostra que em plena era dos dinossauros, quando estes gigantescos seres dominavam a Terra, um pequeno filhote luta para sobreviver em meio às ameaças da natureza. Já crescido, ele é separado dos pais e obrigado a confrontar uma realidade dura em que se luta o tempo todo pela sobrevivência. Não fosse o bastante, terá que lidar com uma rivalidade com o irmão, que é bem mais forte que ele.

A forma documental é interessante, mas o pássaro exagera nas piadas infantis e chega um momento que cansa demais. Os dinossauros estão bem modelados e caracterizados e felizmente apenas falam via pensamento, mas tudo para puxar o filme para as crianças que com certeza muitos nem veriam, já que passou o documentário que a BBC fez esses tempos atrás em capítulos apresentando cada um dos gêneros de dinos.

Não sou nenhum especialista em dinossauros, então fica difícil lembrar os nomes de cada um, e também nem posso querer avaliar a interpretação deles também, mas os quatro protagonistas da história, conseguem aparecer bem e agradar visualmente, só é uma pena que a dublagem exagerou na dose infantil, então chega alguns momentos que dá vontade de colocar no mudo, se houvesse essa opção.

Um ponto bem favorável é a cenografia, que provavelmente foi filmada de lugares reais e apenas depois inserido os dinossauros. E aliado a tecnologia 3D, o filme acabou ficando com uma textura melhor ainda. Falando sobre o 3D temos uma profundidade bem interessante e momentos onde os bichos dão pequenos sustos na gente saindo da tela, então pelo menos nesse quesito quem for assistir irá pagar por algo que vá valer a pena ver.

Enfim, é mais uma opção para levar a garotada nas férias, e quem sabe cultivar a ideia de que elas virem paleontólogos. Mas quem não for fã do gênero documental para crianças e melhor fugir que pode ser que canse um pouco a infantilização demasiada que foi escolhida. Fico por aqui agora, mas ainda tem mais um post pelo menos hoje. Então abraços e até daqui a pouco.


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Tarzan - A Evolução da Lenda em 3D

1/12/2014 04:47:00 PM |

Quando vi a primeira vez o trailer de Tarzan, fiquei imaginando o que poderiam reinventar de um desenho tão conhecido. Porém hoje após conferir, vou precisar rever o antigo para tentar conectar o que colocaram dele sem ser a relação com os macacos, os nomes dos protagonistas e o famoso grito, pois senti vendo algo completamente novo e o melhor, muito bem feito utilizando da tecnologia de captura de movimentos para animar os personagens e com isso ter formas e gestuais completamente diferentes e belos.

O filme nos mostra que durante uma viagem a uma isolada área da selva africana apenas Tarzan, filho único da família Greystoke, sobrevive a um acidente aéreo. Em completo isolamento, Tarzan cresce aprendendo as leis da selva junto com um grupo de gorilas. Quando ele finalmente estabelece contato com outros humanos e apaixona-se pela bela Jane, descobre que o local onde vive está ameaçado por um grande empreendimento de exploração mineral. Agora Tarzan terá que usar seus conhecimentos para salvar esse paraíso intocado.

Com uma história mística envolvendo meteoros energéticos em um paraíso perdido, o diretor Reinhard Klooss conseguiu colocar um jovem garoto perdido que acabou sendo criado por macacos lutar pela sobrevivência de sua família da natureza de uma forma diferente, porém o clichê utilizado para fechar a trama fez com que um filme bem criado, extremamente bem modelado através da captura de movimentos, igual foi feito em "As Aventuras de Tintim", acabasse ficando tão bobo que nem deu para sair comemorando emocionado com o que vimos na tela. No máximo saímos felizes com uma nova animação que soube aproveitar uma cenografia impecável e criar uma história sem ser piegas com a moda do preserve a natureza. A escolha de utilizar captura de movimentos foi mais um acerto pra equipe, já que os personagens acabam tendo mais perfeição transformando um simples desenho em quase uma realidade animada, então ponto pra quem optou em usar a tecnologia.

A dublagem felizmente utilizou dois atores jovens para dar um clima interessante pra trama e Jose Loreto e Débora Nascimento não decepcionaram utilizando bons trejeitos e frases bem condizentes para a trama, e a química nas vozes por serem casados ficou melhor ainda. Os personagens são bem feitos e carismáticos, principalmente os macacos jovens e a mãe macaca, que promovem os momentos mais divertidos e que nos emocionam durante a trama. Os dois vilões, macaco-alfa e o empresário Clayton que quer uma nova fonte de energia até nos proporcionam momentos de nervosismo, mas também não é nada que chegue a dar uma raiva exagerada. Os personagens mais bobos, como um jovem garoto e o sócio da empresa que odeia bichos da natureza, até tentam fazer o público rir, mas não são eficientes nesse quesito.

Um ponto fortíssimo da trama é o visual escolhido para representar a natureza africana, dando uma realidade impressionante para uma animação de modo a quase estarmos dentro de uma selva realmente, porém já que o filme é em 3D, poderiam ter aumentado a perspectiva de profundidade para dar um realismo maior ainda, que com certeza agradaria mais, não que tudo não estivesse bem desenhado, mas ficaria mais bonito. Já que citei o 3D, outro ponto que o pessoal com certeza irá reclamar é a falta de elementos saltantes para fora da tela, já que tirando alguns morcegos e umas luzinhas brilhantes, o restante quase que dá para assistir ao filme inteiro sem óculos, tendo apenas alguns borrões em certos momentos que colocam algo no fundo dando o ar de camadas, portanto se quiserem economizar, pode ir de 2D tranquilamente.

A trilha sonora foi escolhida na medida com Paradise do Coldplay entrando no momento exato do filme para representar o que a música diz na letra, e além disso os demais momentos trabalham com uma mixagem de som impecável com uma trilha orquestrada de primeira linha.

Enfim, ficou uma animação com temática mais adulta do que infantil, que usou da dinâmica de uma história existente para recriar algo novo. Não garanto que a criançada saia contente da sessão, afinal tinha bem mais adultos aonde vi do que crianças, e as poucas saíram com caras não muito contentes com o que viram. E para deixar esse Coelho feliz poderiam ter arranjado uma narração melhor para fechar do que a frase piegas que escolheram. O filme estreia semana que vem, mas quem quiser alguns cinemas já estão com pré durante toda essa semana, abraços e até mais tarde.


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De Repente Pai

1/12/2014 03:43:00 PM |

Você que sonha em se tornar o pai/mãe do ano, você que já é pai/mãe de todos os anos, você que não quer nem pensar em ser pai/mãe do ano, "De Repente Pai" vai fazer você limpar aquele suor masculino que resolve escorrer pela beirada dos olhos que as mulheres chamam de lágrimas, pode apostar que pelo menos em alguma cena Vince Vaughn vai conseguir isso de você no filme. E olha que com as severas críticas que o ator tem levado nas costas de não conseguir fazer mais seu público rir, pelo menos ele encontrou outra forma, um filme doce e bacana que emociona pelas possibilidades mesmo que absurdas de acontecer isso, e embora muitos achem que não é um filme bacana, o longa impressiona pela qualidade de alguns bons diálogos e pela comoção que consegue fazer com eles.

O longa nos apresenta o gentil fracassado David Wozniak, cujas doações anônimas para uma clínica de fertilização 20 anos antes resultaram em 533 filhos. Agora, David deve embarcar em uma jornada que o leva a descobrir não apenas seu verdadeiro eu, mas também o pai que ele pode se tornar.

Alguns filmes ultimamente têm saído do gênero comédia romântica para virar dramas cômicos, e isso tem proporcionado roteiros mais inteligentes e ao mesmo tempo mais gostosos de ver, ficando leve, divertido e ao mesmo tempo comovendo o público que paga para assistir. Com essa prerrogativa o diretor e roteirista Ken Scott se inspirou numa peça aclamada e fez um filme canadense "Meus 533 Filhos" em 2011 que nem lembro de ter sido lançado aqui no Brasil, e agora com praticamente 2 anos apenas ele refilma nos Estados Unidos com atores mais conhecidos e com um estúdio grande por trás, afinal todo americano não gosta de legendas, e filmes que eles gostem, vão lá e refazem. E o que temos nessa versão é um filme que faz meia sala do cinema se emocionar com a comovente história de uma pessoa cheia de problemas financeiros que acaba mudando de vida ao saber que tem mais filhos que qualquer ser humano. Alguns vão achar o filme bem bobinho, mas a ideologia é tão agradável e consistente que você embarca na onda do protagonista e passa a torcer para as coisas darem certo. Não acredito que todos os filmes devam ser leves, mas são esses que acabam com nosso stress diário e faz relaxar de todos os problemas na frente de uma telona gigante.

Atuações em filmes cômicos americanos geralmente costumam não ser elogiadas, pois acabam fazendo piadas bobas com caras mais esquisitas ainda, mas confesso que nesse filme conseguiram manter uma linha mais com cara de filme francês e com isso agradar bem. Vince Vaughn estava devendo um longa onde pudesse ser lembrado pelo que já fez quando iniciou sua carreira, e conseguiu, mesmo repetindo tudo que já fez nos últimos anos, alinhar uma coerência para estar fazendo sua cara de piedade e seu jeitão de ser, e com isso agradou bastante em praticamente todas as cenas. Chris Pratt está irreconhecível, pois engordou 27kg para fazer o filme, só não entendi o porquê, será que é obrigatório ao ser pai de quatro filhos engordar? Mas isso não importa, o que vale a pena é que faz um advogado muito bacana e sua interação com as crianças é sensacional. Sébastien René não diz uma só palavra no filme e refazendo seu papel do original canadense soube emocionar somente com sua face perfeita. Adam Chandler-Berat também trabalhou seus diálogos de forma impactante e conseguiu fazer caras bem interessantes pros seus momentos chaves. Britt Robertson fez bem o papel da adolescente rebelde e pra isso utilizou umas expressões bem interessantes. Cobie Smulders tem uma participação pequena na trama, já que sua importância acabou ficando um pouco abaixo dos filhos, mas soube tirar bastante proveito nas cenas que é colocada dando lições e tudo mais. Dos demais 142 filhos que aparecem, antes que perguntem apenas é dito no filme ok, não fui maluco de ficar contando quantas pessoas tinha em quadro, alguns até se destacaram mais, outros apenas apareceram em quadro, então apenas para destacar mais algum colocaria Jack Reynor pelo diálogo do sorriso.

Colocar o protagonista ficar indo nos lugares conhecer seus filhos, a equipe de arte deve ter trabalhado horrores junto com a produção para arrumar diversas locações, afinal construir tudo em estúdio seria uma loucura impossível, e como não existem efeitos especiais, então melhor ir arrumando locações, e foram bem satisfatórios para representar todos lugares que passam, como o hotel, a cafeteria, o açougue, os apartamentos, a praça, e por aí vai. E com isso deixaram nas mãos apenas da equipe de fotografia para trabalhar bem a luz nos lugares, e esses souberam utilizar na medida sombras e contra-planos para deixar tudo no jeito perfeito, valendo destacar a cena do pôr-do-sol que ficou brilhante.

Enfim, gostei muito do que vi, achei uma produção muito bem feita, sei que estarei indo completamente no caminho inverso dos meus amigos críticos que deram notas baixas para o longa, mas se pra um Coelho que nem por decreto de lei quer ser pai e se emocionou com o que viu, imagino pra quem realmente é ou sonha com o que foi mostrado. Claro que o filme tem alguns errinhos sim, mas tecnicamente a produção do longa é perfeita, e isso é o que importa pro Coelho, então recomendo com certeza essa comédia bem levinha para todos que gostam de se emocionar e divertir numa sala gigante de cinema. Fico por aqui agora, mas hoje ainda publicarei as pré-estreias que fui durante o dia de ontem, e a noite volto com mais uma crítica de hoje então abraços e até mais tarde pessoal.


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O Lobo de Wall Street

1/11/2014 02:08:00 PM |

Fazia um bom tempo que não assistia um longa com estrutura narrativa invertida, quando o começo e o miolo são bem curtos e o fechamento se estende por quase toda a exibição, e são poucos os cineastas que gostam desse estilo, pois segurar o público acaba sendo o trabalho mais difícil de trabalhar já que finais são memoráveis justamente por acabarem fortes, e nesses casos o ato forte já aconteceu deixando toda a trama apenas para ser amarrada ao final justificando as consequências dos atos do protagonista. Utilizando dessa ideologia, em "O Lobo de Wall Street", Martin Scorsese faz dois atos rápidos que compreendem cerca de uma hora e meia, com dinamismo impressionante que faz o público todo divertir e ligar os pontos de uma história financeira que não costuma ser fácil passar para as telas, e coloca um terceiro ato de mais uma hora e meia de cansaço mental para mostrar tudo que o protagonista sofreu por ter feito suas opções iniciais, e esse ato se alonga de maneira a parecer que teve quase umas quatro horas e que não vai acabar nunca, cansando o espectador. No geral é um bom filme, mas já adianto que fuja das última sessões senão a chance de achar que vai tomar café da manhã no cinema é grande.

O filme que é adaptação do livro de memórias de Jordan Belfort, que foi um best-seller nos mostra que Belfort foi um corretor de títulos da bolsa norte-americana que entrou em decadência nos anos 90. Sua história envolve o uso de drogas e crimes do colarinho branco.

Embora você leia a sinopse e fale que ela não explicita nada, o longa demonstra exatamente isso nas suas 3 horas de duração, e mesmo não tendo lido o livro acredito em suma que o ponto que Belfort mais deve ter explicitado nele foi sua decadência, e com isso em mente o roteirista Terence Winter trabalhou toda a estrutura para que os atos que mostrassem uma coesão de efeitos de causa fossem destacados. Porém isso é um tiro no escuro, já que somente quem for extremamente fã do gênero vai suportar algo tão longo e com termos não tão conhecidos do público em geral, afinal estamos falando de crimes que ocorreram na bolsa de valores que ainda é algo que poucas pessoas entendem o funcionamento. O modo que Scorsese escolheu trabalhar de colocar o protagonista praticamente dialogando com o espectador para tentar explicar como funciona esses crimes e as coisas que gostava de fazer, ficou muito bem colocado e facilitou um pouco o entendimento, mas ainda assim o ato final poderia ou manter a mesma ideologia de alguma forma ou ser menos extenso para não cansar tanto. Claro que nesse miolo completo de 180 minutos temos cenas memoráveis e extremamente engraçadas e bem feitas, mas nos momentos que elas deixam de coexistir e entram no excesso de linguagem que é característico do cinema de Scorsese, o filme acaba pegando pesado demais com quem não for realmente da área financeira ou apaixonado pelo cinema.

Um fator que ficou perfeito é a retratação de época e dos personagens caricatos que foram colocados na trama, mostrando alguns atores de forma impagável. Leonardo Di Caprio já foi adotado pelo diretor, e em seu quinto trabalho conjunto, o ator que já fez excelentes papéis, agora chega num ápice marcante de caras e bocas para ninguém botar defeito, transformando o ator em um dialogador com o público no melhor estilo teatral possível e ainda o libertando para colocar sua dramaticidade perfeita em foco a todo momento. Jonah Hill demonstrou um crescimento na sua atuação que muitos julgavam praticamente impossível e se não havia feito algo tão perfeito antes agora chegou no clímax da interpretação que um bom coadjuvante deve fazer. Matthew McConaughey inicia o processo de loucura do protagonista, lhe ensinando como deve fazer pra se dar bem na bolsa, e sua interpretação é pequena, mas genial, mostrando que o ator pode ser considerado totalmente do elenco principal pelo que faz. Cada ator do elenco secundário destacou-se por uma ou outra característica marcante do personagem valendo destacar Margot Robbie como a esposa linda, Rob Reiner como o pai do protagonista, mas principalmente seus excelentes chiliques e Kyle Chandler pela melhor cena de tentativa de suborno já feita. E mesmo destacando esses ainda vale afirmar que todos os demais saíram muito bem com o que fizeram.

A reconstrução visual de época ficou muito bem encaixada e conseguiu mostrar de forma icônica cada momento do protagonista, desde seu início na bolsa até sua grandiosidade lotada de luxúria nos bons tempos, e claro a decadência decorrente das consequências que teve de passar. Cada momento é ilustrado por diversos elementos cênicos, tais como drogas, ternos importados, bebidas, carros e mulheres, mas por ser um filme bem focado nos diálogos e nos atos dos protagonistas, os elementos acabam ficando bem em segundo plano, sendo importantes, mas não chegam a chamar em momento algum mais atenção que os personagens. A fotografia não tentou amarelar em filtro e mesmo com um ar de época não temos nada exagerado em tom de cores, parecendo em alguns momentos até que o longa é atual.

Um grande elemento do filme ficou por conta da trilha sonora escolhida para integrar todos elementos, sendo pontualmente pautada para a época e dando um clima bacana para a trama toda, dando ritmo dinâmico nos dois primeiros atos, e colocando o ambiente bem divertido e gostoso de acompanhar.

Enfim, é um bom filme que agrada pela consistência da trama e pelo retrato que o diretor conseguiu passar do protagonista. É bem longo e aparenta ser maior ainda devido a forma escolhida de colocar a decadência como parte mais trabalhada e cansativa. Com certeza vale a pena ser visto pelo trabalho maravilhoso que o diretor fez com os atores, e somente por isso recomendo pra todos, mesmo os que não são tão fãs de assuntos financeiros, mas como disse em hipótese alguma vá nas últimas sessões, que a chance de dormir no final é altíssima. O filme só estreia oficialmente dia 24, mas quem quiser conferir antes estarão rolando pré-estreias pagas durante as próximas semanas. Fico por aqui agora, mas essa semana estamos lotados de estreias e pré-estreias para conferir, então abraços até daqui a pouco com mais posts.


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