Retrospectiva 2014

12/31/2014 02:09:00 PM |


Bem meus amigos, mais um ano que se vai e como é de praxe venho até aqui falar das coisas boas e ruins que ocorreram nos cinemas durante esses 365 dias que se passaram. Não posso dizer que foi um ano sensacional, pois tivemos vários problemas durante o caminho, mas diria que foi no geral um ano bom. Tivemos muitos filmes ruins que atrapalharam a média, mas também muitos filmes que nos emocionaram, e principalmente cumpriram com a expectativa criada logo que ficamos sabendo de sua existência. Claro que como muitos já sabem, além de cinema, sou aficionado por números, então vou colocar alguns aqui hoje para exemplificar como foi esse ano que acaba hoje.

O blog felizmente após a mudança de visual e algumas parcerias bacanas, acabou atraindo um público maior, e dessa forma felizmente posso dizer que nesse quesito me sinto honrado por terem passados por aqui neste ano mais de 172 mil pessoas até hoje que estou escrevendo, o que representou um aumento 86% em relação ao ano anterior, isso sem nem fazer nenhuma promoção como costumava fazer nos anos anteriores (o que é uma pena devido essa nova legislação de promoções, espero em breve arrumar alguma forma de fazer novamente). E ainda me assusta mais ainda por pensar que na média tive 420 visitas por dia, um número que nunca imaginei alcançar. Vamos ver o que vai rolar nesse próximo ano, afinal posso dizer sem dúvida alguma que isso só me motivou mais ainda continuar vendo mais e mais, procurando falar o quanto antes o que achei de cada filme, numa visão mista entre o técnico que conheço por já ter produzido alguns filmes, com a paixão pelo cinema e pelo resultado de emoções que causa nas pessoas que estão em cada sessão.

Mas vamos lá falar de mais números. Na velocidade que iniciou o ano com uma quantidade enorme de filmes, podia jurar que em 2014 veria muito mais filmes que em 2013, mas infelizmente nós de Ribeirão Preto no segundo semestre tivemos uma tristeza gigantesca com o fechamento do Cine Belas Artes, e com isso diversos filmes artísticos que só passariam lá, por ter cópias ainda em película, ficaram sem passar nos cinemas comerciais da cidade, e com isso a quantidade também foi bem reduzida. Felizmente pulei apenas os shows no cinema, e só perdi um único filme da Mostra Internacional ("A Gangue") por ter outro compromisso com o cinema no mesmo dia, debatendo outro filme, então essa foi a única crítica de todos os longas que estrearam na cidade que fiquei devendo para os leitores do blog. Encerrei o último filme do ano no sábado, o que resultou em um número bem engraçado de 222 filmes, que em média dei notas 7,11 coelho, o que posso dizer ser até razoável, mas para exemplificar melhor tivemos:
  • 14 filmes com nota 10
  • 37 filmes com nota 9
  • 61 filmes com nota 8
  • 41 filmes com nota 7
  • 25 filmes com nota 6
  • 26 filmes com nota 5
  • 7 filmes com nota 4
  • 5 filmes com nota 3
  • 3 filmes com nota 2
  • 3 filmes com nota 1
Ou seja, uma variedade até que interessante, que alguns podem dizer até que sou uma pessoa bondosa por dar boas notas à alguns filmes que muitos acharam fiascos completos e também dar notas baixas em alguns que muitos falaram ser a maravilha completa da sétima arte. Como já disse e repito muitas vezes, a nota vem do momento em que acabei de assistir, analisando técnica e emoção que o filme passou, afinal sinto completo asco de filmes que são feitos apenas para agradar o umbigo do próprio diretor, e se uma grandiosa produção cheia de efeitos e sem história quase nenhuma me envolver mais do que um roteiro minucioso num filme mal produzido que não me transmita nenhuma sensação, é muito provável que a nota acabará sendo maior para a grande produção. Com essa política de notas, alguns não concordaram com notas, dizendo que achei um filme melhor que o outro que foi bem melhor, e por aí vai, mas foi algo do momento, o que pode ser que se amanhã eu rever um filme que dei nota 10 posso achar ele nem 5, e outros que dei 6 achar ele nota 10 em outra época, e isso já ocorreu em outras épocas, não de 10 virar 5, mas 10 virar um 7 com certeza daria para muitos de outros anos.

Outros números interessantes foi que tivemos no ano 41 longas utilizando a tecnologia 3D, alguns apenas de enfeite, outros realmente deixando a labirintite atacada ao extremo, ou seja, quase 19% do que veio para o interior foi dessa forma, o que mostra que ainda é uma tendência já que em 2013 tivemos 38 longas com a tecnologia. E outro número que me deixa bem feliz é que tivemos 50 longas nacionais exibidos aqui nesse ano contra 37 do ano passado, um aumento de 35% e olha que muitos grandes acabaram nem vindo para cá por problemas de distribuição.

Bem, dito isso, com certeza muitos já estão perguntando qual filme foi o melhor e o pior do ano, e isso é algo muito difícil de dizer, pois adoro diversos estilos e gostei de muitos filmes, mas inegavelmente o fechamento do "O Hobbit e a Batalha dos Cinco Exércitos" teve produção monstruosa, roteiro bem encaixado e fez com que esse Coelho se emocionasse muito, então colocaria ele no topo, mas vou citar mais alguns logo abaixo dando uma categorização para melhor algo, no estilo Oscar do Coelho. E "framboesando", não há dúvidas que os três nota 1 foram os piores generalizadamente: "Tsili", "Educação Sentimental" e "Causa e Efeito", mas também vou dar alguns prêmios abaixo.

Então vamos lá com o Oscar e o Framboesa do Coelho:
  • Melhor Filme Nacional: "Trash - A Esperança Vem do Lixo"
  • Melhor Animação: "Como Treinar Seu Dragão 2"
  • Melhor Documentário: "Marina Abramovic: Artista Presente"
  • Melhor Filme Artístico: "Alabama Monroe"
  • Melhor Efeito 3D: "Transformers: A Era da Extinção"
  • Pior Filme Nacional Blockbuster afinal já citei dois acima: "Vestido Pra Casar"
  • Pior Animação: "Khumba"
  • Pior Documentário: "São Silvestre"
  • Pior Filme Artístico: "O Estranho Caso de Angélica"
  • Pior Efeito 3D: aqui caberia vários, mas vamos de "Khumba" novamente
Enfim, poderia falar melhor e pior de várias maneiras, mas não vou me alongar afinal como coloquei os marcadores laterais para que todos possam ver os filmes por nota, então fiquem a vontade para clicar. Espero mais uma vez ter contribuído com quem lê aqui para economizar fugindo de filmes bombas e também para que muitos passem a ver os filmes não apenas assistindo, mas também observando os trejeitos dos atores, os elementos cênicos e a fotografia como um todo, sabendo que uma produção é bem mais complexa do que apenas um bom texto interpretado em frente das câmeras. Fiquem também a vontade de falar quais foram os melhores filmes para vocês nos comentários.

Desejo um ótimo 2015 para todos, com muitos filmes, bons de preferência, e que continuem visitando aqui para discutirmos mais sobre tudo dessa arte que sou tão apaixonado.

Abraços e até sexta com mais estreias por aqui!!

Fernando Coelho
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Os Caras de Pau em O Misterioso Roubo do Anel

12/28/2014 02:52:00 PM |

Hoje poderia escrever o menor texto do blog em anos, resumindo o filme "Os Caras de Pau em O Misterioso Roubo do Anel" com a seguinte frase: se você gostava do programa deles é capaz de rir bastante, agora se corria para mudar de canal achando algo de um mau gosto tremendo, a chance de você odiar o filme é altíssima. Digo isso, pois na sessão aonde vi o filme, lotadíssima por sinal, tinha pessoas rindo de sentir falta de ar, enquanto eu e mais alguns que pude notar sequer esboçavam um sorriso na cara, e é estranho isso, pois ficava parecendo que haviam pessoas na sessão vendo outro filme que não o mostrado na tela, então além disso, o que posso adiantar é que é uma produção grandiosa, cheia de cenas de ação e uma história até que razoável, mas já adianto também, se você é daqueles que gostam de achar erros de continuísmo, favor levar um caderno de 16 matérias no mínimo, pois vai precisar de muita folha.

O longa nos mostra que a socialite Gracinha de Medeiros (Christine Fernandes) contrata os atrapalhados seguranças Pedrão e Jorginho para tomarem conta do anel Tatu Tatuado de Topázio, uma herança de família, enquanto o objeto fica em exposição em um museu. Acontece que a joia é roubada e a dupla é acusada pelo furto. Para provar sua inocência, eles vão ter que enfrentar uma quadrilha de ninjas e até mafiosos portugueses, de olho no anel.

Embora tenha um roteiro bem simples, que lembra bem as trapalhadas que a dupla fazia em seu programa dominical, o filme acabou sendo bem produzido e assim sendo temos ao menos um visual bem desenvolvido com cenários grandes e muita figuração. Além disso o que difere do que já havíamos visto sendo feito por eles é que ao invés de esquetes rápidas aqui elas se desenvolvem no decorrer da trama, e assim parecem estar alongadas, mas se dividirmos a trama, dá para notar os diversos momentos ali que fazem suas rapidinhas e voltam para a base do longa. O estilo de comédia dos dois protagonistas é a do exagero máximo, e ao serem dirigidos por um diretor de características mais exageradas ainda que é Felipe Joffily ("E aí... Comeu?", "Muita Calma Nessa Hora"), o resultado não poderia ser outro senão o de um filme cheio de gritaria, aonde os erros dominam, apenas para exemplificar veja a cena aonde o protagonista está fazendo um raio-x e ao sair correndo já está de terno. Mas como disse um dos acertos fica a cargo de uma produção bem trabalhada, cheia de locais inusitados e muita correria, e felizmente podemos dizer que Bruno Mazzeo finalmente fez alguma coisa útil, já que sua atuação não costuma agradar nunca, aqui como produtor fez um bom trabalho.

Falar das atuações é quase que como ficar repetindo aqueles discos furados que ficam rodando a mesma canção, pois Leandro Hassum faz o seu personagem berrante que ao tentar querer ser o Jim Carrey nacional falha monstruosamente, conseguindo até algumas nuances engraçadas, mas para isso tem de apelar sempre para algo, pois suas piadas dificilmente agradam sozinhas. Marcius Melhem até tentou sair bem, já que como roteirista da trama também colocou boas situações para ele, mas seus momentos tentam demais parecer o clássico "O Gordo e O Magro" numa versão que só apresenta falhas, e ele está longe de ser alguma referência artística como ator, já vi bons textos dele, mas quando resolve atuar falha gravemente. Christine Fernandes saiu bem na maioria das cenas, e mesmo sendo superficial em algumas cenas em que o ângulo ficou praticamente todo voltado para si, quando precisou de ação soube fazer algo interessante. Agora se temos que destacar alguém é André Mattos e sua trupe de mafiosos portugueses, pois sem dúvida alguma é o melhor do filme tanto pelas piadas como pelas atuações, claro que vamos lembrar demais das piadas de "Os Trapalhões", mas na sua época boa, então vale a atenção neles. Adriano Garib provavelmente saiu do filme pesando o dobro do peso que iniciou a trama, já que todas as piadas envolvendo seu delegado é feita comendo algo, e até é divertido ver isso, mas sem fundamento algum. Dos demais a maioria é ninja correndo ou figurantes com alguma fala, valendo pouco destaque para Márcio Vitto fazendo um diretor de museu mais estranho que tudo, onde inicialmente até pensamos ser algo diferenciado, mas com o andamento e finalização escolhido para ele nem serviu muito sua interpretação.

Agora se temos de valorizar algo no filme é a direção de arte que utilizou elementos cênicos para ninguém reclamar, tendo desde uma joia bem interessante que já tem nome e sobrenome incorporado na trama e cenografias bem trabalhadas para desenvolver tanto as piadas ruins dos protagonistas como toda a correria por onde eles passam. Vale ainda destacar o figurino dos personagens, que mesmo sendo motivo da maior parte dos erros de continuidade, foi bem acertado e variado de acordo com cada cena. A equipe de fotografia pecou um pouco nos contraluz que ao invés de realçar os personagens deu destaque para o fundo, claro que como disse a cenografia foi muito melhor que as atuações, mas geralmente o destaque ficaria no primeiro plano.

Enfim, é um longa que como disse no início quem gostava do programa deles, provavelmente vai rir bastante já que o ritmo ficou bem encaixado na trama, mas se você não curte piadas prontas e feitas a base de gritos, fuja muito do longa, senão a chance de sair bravo com mais uma obra nacional é altíssima. Infelizmente esse foi meu último filme de 2014, fico por aqui desejando uma ótima virada de ano para todos, e vamos torcer para que 2015 inicie de uma maneira bem melhor, com muitos filmes bons e cinemas lotados para todos os gostos. Não tenho mais posts de filmes nesse ano, mas volto para fazer a retrospectiva do que teve de bom e ruim em 2014, então abraços e até breve.


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Irmã Dulce

12/23/2014 02:01:00 AM |

Quando um filme define o conteúdo em algo que já é conhecido, as vezes ficamos receosos de que não dê certo, mas conforme vamos vendo o resultado acontecer na tela, vamos nos emocionando com a história e aí vemos que não é apenas o conteúdo visual da trama que acaba importando, mas sim a vivência do personagem principal. Em "Irmã Dulce" temos a história de um símbolo que foi maior que tudo diante de sua fé e bondade, envolvendo e agradando com um teor interessante que nos permitiu conhecer mais sobre ela e admirar tudo que fez. E é interessante observar como as biografias tem funcionado bem no cinema nacional, afinal a base existente é mais fácil de trabalhar, e acaba chamando já um público praticamente feito.

O filme nada mais é que a cinebiografia de Irmã Dulce, que, em vida, foi chamada de “Anjo Bom da Bahia”, também indicada ao Nobel da Paz e beatificada pela Igreja. Contemplando da década de 20 aos anos 1980, o filme mostra como a religiosa católica enfrentou uma doença respiratória incurável, o machismo, a indiferença de políticos e até mesmo os dogmas da Igreja para dedicar sua vida ao cuidado dos miseráveis – personificados na figura do fictício João –, deixando um legado que perdura até hoje.

A história é simples como a freira foi, mas o diretor Vicente Amorim soube trabalhar ela tão bem que o resultado não é outro senão acabarmos admirando o que nos é mostrado na tela. Claro que o longa possui diversos defeitos, o mais forte é o excesso de transições com nuvens e fundo preto, que poderia ser resolvido com toda certeza de outra forma mais criativa, porém ao optar por esse estilo a força emocional é mais amarrada, pois como já disse num filme espírita, abusam dessas transições para dar o timing da pessoa refletir sobre o que acabou de acontecer. Agora se existe algo bom para falar da direção é a escolha dos planos sempre precisos nas expressões dos artistas que assim temos uma intenção mais envolvente e agradável para a trama, que foi desenvolvida num roteiro bem trabalhado e interessante tanto para quem conheceu a história da freira quanto quem nunca tinha sequer ouvido falar dela.

No quesito interpretativo temos até que boas atuações de todos, mas valendo destacar apenas Regina Braga como Irmã Dulce na velhice que ainda contou com uma maquiagem precisa e aliado à sua atuação firme resultou em algo singelo e belo. Bianca Comparato como Irmã Dulce mais nova também fez bem o seu papel, mas em alguns momentos foi superficial demais. Outro que mostrou um bom servi foi Amaurih Oliveira como João que mesmo com uma cara de pessoa comum, o que era totalmente desejado pelo diretor, soube ser inteligente nos momentos chaves para sair melhor enquadrado, obtendo pontos tanto pra si quanto para a direção. A direção de figurantes também desenvolveu um excelente trabalho para fazer com que o povo ficasse mais sofrido ainda e com uma maquiagem precisa não tem como não ficar com dó de todos.

A arte do longa não pode exagerar demais, afinal é a história de uma pessoa bem simples, e sendo assim tudo contou com uma cenografia bem surrada cheia de detalhes para firmar a fé da personagem e assim procurar simbolizar tudo no filme como deveria ser. Não podemos dizer que dessa forma o resultado é algo grandioso, mas a qualidade dos elementos foi na medida certa para dar o simbolismo. A fotografia puxou demais para o tom marrom de forma desnecessária, pois se queriam dar um ar sujo para a Bahia dos anos em que se passa a história, e junto com isso colocar o povo ali mostrado como sujo também ficou meio pesado, claro que é uma escolha do diretor esse tom, mas poderiam ter sugerido algo em tons mais pastel que daria a mesma simbologia e não denotaria tanto um ar pesado.

Enfim, é um filme bem bonito que vale a pena ser visto e com uma trilha sonora na medida para impressionar e fazer chorar, recomendo ele com toda certeza para quem é católico, e até mesmo para quem não é pelos atos de bondade da freira, mais do que a religião em si. Só é uma pena que com pouquíssimas cópias espalhadas pelo país, estão rodando demais a película, então é capaz que ao chegar em algumas cidades o filme apareça bem desgastado, aqui ainda estava razoável mesmo com 1 mês de viagens, mas não deve ficar muito tempo em Ribeirão Preto não, então quem quiser ver, corra para os cinemas. Bem é isso pessoal, encerro a semana cinematográfica aqui desejando um ótimo Natal para todos, que se divirtam com os amigos e familiares, e quem estiver de folga na semana aproveite para conferir os longas que estrearão nos cinemas e já postei a crítica, volto na sexta com o único filme que vem além dos outros que já falei, e claro com a tradicional retrospectiva do ano, então abraços e até breve.


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A Noite da Virada

12/22/2014 09:41:00 AM |

Vou começar meu texto novamente com algo que não canso de falar aqui no site, qual o propósito de uma comédia? Fazer rir não é mesmo! Então pronto minha nota para esse estilo sempre recai nesse propósito, e sei que muitos não irão curtir, mas sem dúvida alguma, "A Noite da Virada" foi até o presente momento a melhor comédia nacional do ano, ainda tem mais uma para estrear, mas acho difícil fazer o público rir tanto quanto o que ocorreu hoje na sessão do cinema que estive presente. Não podemos dizer que é daqueles que as piadas fluem tão naturalmente, mas tirando alguns momentos bem toscos, o desenvolvimento da trama agrada bastante e cumpre com o dever de fazer rir, principalmente sem apelar muito.

O longa nos mostra que durante uma festa de Réveillon na casa de Ana e Duda, o banheiro é o foco de todas as fofocas e polêmicas. É onde Duda confessa à esposa que vai deixá-la pela vizinha Rosa, que, por sua vez, leva um casamento bem monótono com Mario. É também onde Alê conta a Ana suas aventuras sexuais com o namorado, e onde um convidado traficante faz os seus negócios. Na noite da virada do ano, tudo pode acontecer.

O roteiro em si é bem simples, e por ser baseado numa peça de teatro, as situações cômicas acabam sendo bem diluídas na trama para que tudo ocorra dentro do tempo exato da comicidade, ou seja, você não vai se mijar por ficar minutos rindo sem parar de uma situação, pois elas ocorrem, tem uma pausa semi-dramática, vem outra situação bem cômica e por aí vai. Esse formato é interessante, mas um pouco desgastado e necessitaria de um elenco mais forte para equilibrar as situações onde os diálogos fossem mais pesados, e não apenas depender das cenas cômicas para sobreviver. Porém embora isso não tivesse sido tão bem feito, o diretor estreante em longas, Fábio Mendonça foi sábio em conter a história em vários ambientes e não só no banheiro como é a história original da peça, assim conseguiu dar as quebras e sem dúvida alguma criar a melhor situação que é a dentro do outro banheiro não fixo na casa. A única coisa que acho que poderia ser mais agradável na direção é a redução de excessos nos closes dos personagens, claro que o espaço cênico era curto devido a estar com a casa superlotada e boa parte das cenas estarem dentro do banheiro, mas poderia ser ter mais ambiente que com certeza o filme seria diferente. O longa também marca a volta da produtora O2 Filmes para o estilo cômico após 10 anos fazendo apenas dramas e romances, e é uma boa aposta de retorno financeiro, já que o estilo é um dos que mais tem dado público no Brasil, então imaginando que o filme dê muito lucro, não duvido que em breve vejamos mais a logo deles em novas comédias.

Falando um pouco sobre o elenco principal, não podemos dizer que o quarteto na casa é o que mais nos diverte, claro que fazem boas cenas, mas o destaque mesmo fica a cargo de Rodrigo Sant'Anna que simplesmente teve seu melhor momento no cinema em praticamente apenas 3 cenas do filme, e divertiu demais com seu traficante Fumaça numa bela de uma enrascada, totalmente perfeito no teor das piadas e nos trejeitos feitos, de forma que daria até para abusar mais do personagem num próximo momento. Enquanto isso na casa, Júlia Rabello é daquelas atrizes que ou nos agrada muito ou acabamos odiando ela, e aqui como a anfitriã da festa Ana, trabalhou bem dentro do personagem com o que é ocorrido com ela, mas faltou o tino cômico que sabemos que ela sabe fazer bem e não trabalhou tanto aqui. Paulo Tiefenthaler até tenta ser engraçado visualmente com seu cabelo e caretas que faz, mas fica mais para tosco do que para divertido o que faz em cena com seu Duda. Luana Piovani nunca foi e nunca será engraçada, aqui caindo quase pro estilo desespero gritante, servindo sua Rosa apenas como ponto de discórdia na trama. Marcos Palmeira tentou e até conseguiu ser divertido na cena que toma droga, mas só, nas demais ficou forçando a barra e fazendo caras e bocas apenas. João Vicente de Castro e Luana Martau protagonizam as cenas de sexo cômico e é aonde entram as piadas mais forçadas que abusam da conotação sexual para fazer rir, e embora isso seja bem clichê funcionou de forma que agrada seus personagens Rica e Alê, ele ainda coube as cenas engraçadas de tentativa de esconder o amigo. Falando no amigo, o traficante chique interpretado por Taumaturgo Ferreira, que andava bem sumido das telas, serviu bem em algumas cenas, mas nada que dependesse de sua atuação, servindo quase que como um boneco. Agora uma atriz que não conhecia e agradou muito nos trejeitos foi Martha Nowill que fez de sua Sofia uma personagem interessante e cômica desde a primeira cena ao tentar colocar seu vestido, e em todas as cenas que esteve conseguiu ao menos cumprir o papel do momento, divertindo e engatando as piadas. Outros que devemos destacar com certeza são Juliano Enrico e Daniel Furlan que protagonizaram as cenas dentro da casa no melhor estilo dos filmes "American Pie", ou seja, diversão total com os dois.

No conceito visual, quiseram trabalhar bem com a ideologia do pequeno espaço para uma festa enorme, e isso ficou preocupante pela quantidade de objetos cênicos que quiseram implementar que em muitas cenas acabaram nem sendo necessários, então ou poderiam ter feito algo mais simples, ou ter trabalhado com as cenas mais abertas como disse no início, que aí sim tudo que está presente em cena chamaria alguma atenção. Mas como no caso da comédia, o que importa são as atuações, ficando bem em segundo plano o conceito artístico, tudo que foi feito ao menos serviu de inspiração para alguns momentos dos protagonistas, e assim sendo, funciona razoavelmente bem. A equipe de fotografia em alguns momentos pareceu um pouco perdida, pois assim como ocorre em novelas, um dos erros que mais me irritavam quando assistia, a diferença de luz no plano e no contra-plano foi vista diversas vezes aqui, claro que por conta das luzes piscantes da noite isso pode ser relevado, mas não custava um continuísmo melhor para agradar mais, já que a iluminação tradicional prevaleceu.

Enfim, é um bom filme que claro possui muitos defeitos, mas de longe foi o que mais nos fez rir nesse ano dos longas nacionais, então só por isso já merece uma nota boa. Recomendo bastante para quem gosta de rir, de preferência sem reparar nos erros, senão é capaz de ficar irritado com muitas coisas, mas vale bem como uma sessão da tarde divertida no cinema. Bem é isso pessoal, fico por aqui, e hoje a noite confiro a última estreia do interior, que já chegou bem atrasada por aqui, mas felizmente veio, então volto para contar o que achei. Deixo aqui meus abraços e até mais galera.

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Êxodo: Deuses e Reis em 3D

12/21/2014 03:18:00 PM |

Filme bíblico, taí uma vertente que pode ser ao mesmo tempo um tiro enorme no pé ou uma decolagem monstruosa aos milhões. Confesso que ao ver o primeiro trailer de "Êxodo: Deuses e Reis", vendo o nome de Ridley Scott como diretor, já fiquei me perguntando se era uma continuação do "Gladiador" pelas roupas e tudo mais, mas vendo mais o trailer consegui remeter ao fato da abertura do mar e dos filmes antigos que costumava passar na Sessão da Tarde em épocas específicas. Pois bem, depois de ver o trailer ao menos umas 50 vezes, finalmente chegou o dia de ver a pré-estreia do longa, e põe longa nisso que com 150 minutos de duração e um início lentíssimo que acaba decolando na segunda metade, quase pareceu contar a vida inteira em tempo real do protagonista. Não posso dizer que foi um filme sem ações interessantes, mas como não sou tão assíduo com a Bíblia, também não posso falar que tivemos tanta fidelidade aos fatos exibidos, mas apenas comparando com outros do mesmo episódio, acabou sendo bem diferente em várias situações, e principalmente no quesito técnico, afinal agora temos toda a tecnologia a favor do diretor.

O filme narra a vida do profeta Moisés, nascido entre os hebreus na época em que o faraó ordenava que todos os homens hebreus fossem afogados. Moisés é resgatado pela irmã do faraó e criado na família real. Quando se torna adulto, Moisés recebe ordens de Deus para ir ao Egito, na intenção de liberar os hebreus da opressão. No caminho, ele deve enfrentar a travessia do deserto e passar pelo Mar Vermelho.

Repito, como não sou um grande conhecedor dos fatos bíblicos, apenas vou me ater ao fator filme, e nesse quesito, o que posso dizer da história é que a equipe de produção ou foi extremamente corajosa para criar uma ambientalização tão perfeita, ou a equipe digital praticamente se matou na finalização do longa. O roteiro é grandioso demais, envolvendo pragas, montanhas, diversos animais, figurantes a perder de vista (claro que nesse caso, a ferramenta duplicação ajuda, mas ainda assim é necessário uma quantidade significativa para trabalhar), batalhas, figurinos diversificados e muitos atores bons, ou seja, para administrar um projeto desse tamanho só tendo coragem demais, e sabendo previamente aonde quer chegar com o filme. E se existe uma pessoa capaz disso é Ridley Scott, pois se quando não tinha toda a tecnologia monstruosa de hoje, já conseguiu trabalhar um belo épico, agora é quase que colocar os pés na cadeira e apenas ver o resultado, mas ele não foi nem um pouco humilde e trabalhou em escala ainda maior para que tudo fosse minucioso e bem colocado na trama. Temos detalhes técnicos que só comprovam a beleza da produção e a mão do diretor é vista facilmente nas escolhas de ângulos e nas interpretações perfeitas que cada ator lhe cedeu.

Falando nas atuações, antes de qualquer um dos grandes nomes, preciso destacar os momentos do garoto estreante Isaac Andrews que não apenas deu um tom perfeito para o personagem que faz, quanto deu um show de atuação com trejeitos, entonações de voz e tudo que muitos veteranos não passam nem perto da perfeição que adotou, ou seja, de olho nesse jovem! Agora sobre os veteranos, temos um elenco de ponta na trama, e cada um fez de seu papel, mesmo que em pequenos momentos algo bem chamativo e destacado, para iniciar vamos falar de Cristian Bale, que provavelmente sofreu demais com a equipe de maquiagem de seu Moisés, pois por passar diversas fases no filme, teve de pôr cabelo, tirar cabelo, pôr barba, pôr mais barba, pintar as madeixas, se embarrear todo e muito mais, sempre dando o seu toque expressivo para que a maquiagem não fosse somente colocada nele, mas tivesse o impacto necessário para que o personagem fosse e permanecesse como protagonista, dando um show frente às câmeras. Outro que não lembro de ter me impressionado tanto com sua atuação em nenhum filme, mas que aqui mandou bem demais foi Joel Edgerton que fez de seu Ramsés, tudo que um faraó faria e muito mais, mantendo a pompa de um Deus, fazendo trejeitos impactantes e demonstrando toda a frieza necessária nas cenas mais densas. John Torturro deu uma pausa na sua comicidade para fazer um Seti interessantíssimo e com olhares bem trabalhados e um visual totalmente diferente do que estamos acostumados, só o ficamos sabendo que é ele ali após ver nos créditos, ou seja, um ator que mostrou serviço. Finalmente posso dizer que vi Aaron Paul fazer jus a um personagem de cinema da mesma forma que o pessoal tanto fala bem dele nas séries, pois seu Joshua, mesmo como um coadjuvante tem boas nuances e bons diálogos junto do protagonista, e o jovem soube trabalhar a expressividade na medida correta que seu personagem necessitava. Embora apareça pouco Ben Kingsley fez de seu personagem Nun, algo totalmente no seu estilo, agradando bastante, mesmo que tenha ficado totalmente igual seu outro personagem desse ano no filme "O Físico". Das três mulheres protagonistas, o destaque mesmo vai para Maria Valverde que com uma beleza exótica agrada tanto visualmente quanto nas interpretações dos seus diálogos, enquanto Sigourney Weaver foi quase uma coadjuvante de luxo, aparecendo bem pouco e não tendo muito o que mostrar serviço. Dos demais temos muitos figurantes que acabam tendo entonações e diálogos com os protagonistas, mas nenhum chega a chamar tanta atenção que valha destacar algo.

No conceito visual, é tudo tão deslumbrante e grandioso, que fica difícil realmente saber para onde olhar na cenografia criada, é impactante e bem encaixada na trama, tendo figurinos minuciosos, grandes construções e tudo que um épico faraônico necessita ter para ser chamado assim. Outro fator visual muito bem trabalhado foi com os animais, que em grande quantidade, o que dificulta demais o trabalho, serviram tanto para uma figuração bem feita quanto para agradar aos olhos de quem está vendo tudo que ocorre, e sua coreografia foi muito bem trabalhada pelos adestradores que sempre aparentemente estavam nas posições de melhor ângulo da câmera. Agora claro que um filme desse tamanho, hoje não podemos falar mais que tudo foi feito mesmo, e os efeitos especiais estão aí para serem bem usados, mas a cena do mar ficou digital demais, claro que abrir um mar não é algo comum, mas o pessoal que pensou naquelas proporções não assistiu "O Impossível" para ver um tsunami bem feito, então acabou soando falso demais. A fotografia foi empregada na medida certa, usando de cores mais amareladas, afinal estamos no meio do deserto, mas puxaram para um tom mais ocre que ficou muito bem encaixado com as maravilhosas paisagens do cenário, e nos momentos mais sombrios foram no ponto chave correto, preto sem errar.

Embora tenha sido filmado usando a tecnologia 3D, é notável que a direção não quis ficar com a câmera mais pesada em todas as cenas, então quem se incomoda de ver o filme com o óculos, pode dar uma economizada, já que muitas cenas estão sem o efeito. Nas que se notam a tecnologia, o efeito imersivo funciona bem, dando uma profundidade impecável e nas cenas das pragas, somos quase parte dos milhões de figurantes levando insetos, grilos e sapos na cara, sendo sem dúvida alguma a melhor parte da tecnologia.

No quesito musical, a trilha composta por Alberto Iglesias teve uma sonoridade interessantíssima que prende o espectador e ao mesmo tempo dá as nuances que o filme pedia, mas poderia ter sido mais trabalhada no início do filme para tentar dar um ritmo melhor, que os primeiros 40 minutos cansam demais, e geralmente é nessa parte que o espectador acredita ou não na trama, então com a velocidade mais lenta ali aparentou que o filme fosse até maior do que já é.

Enfim, é um excelente filme que poderia ser até melhor se não tivesse alguns pequenos problemas como citei mais acima, claro que nesses épicos também costuma ter muitos problemas de datas e erros de continuísmo, mas já falei aqui uma vez e repito, não vou ao cinema para procurar erros desse estilo, então quem quiser reclamar disso fique à vontade, mas prefiro ver um filme e embarcar no contexto geral que ele passa. Como disser também não sei muito do que é contado na Bíblia, apenas vi mais um ou dois longas que contam a mesma história e cada um é diferente do outro, então quem entender mais do que é contado lá, fique à vontade para falar nos comentários, que toda opinião para incrementar é válida. Claro que recomendo para todos um filme dessas proporções, e claro que vai ter muita reclamação também, mas no geral o resultado é bem interessante, então vá, confira e depois comente falando o que achou. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda falta conferir dois longas para fechar a semana cinematográfica, então abraços e até breve com mais posts.



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Operação Big Hero em 3D

12/20/2014 01:56:00 PM |

Antigamente quando se falava em animações, 90% dos longas eram destinados somente às crianças, tendo toda infantilidade e magia característica para entreter a garotada, aí com o passar dos anos foram aparecendo piadas e desenvolvimentos mais propícios para os pais que acompanhavam os pequeninos, até chegar na atualidade, onde alguns longas não envolvem nem um pouco os menores, tendo um ou outro personagem bonitinho apenas para entreter, mas o grande conteúdo é mesmo para os adultos irem, entenderem as piadas e até mesmo colecionarem os objetos. E "Operação Big Hero" que estreia oficialmente na próxima quinta, mas está com diversas pré-estreias pagas espalhadas pelo país, se enquadra bem nesse último grupo, pois vai atingir muito mais os jovens e adultos do que as crianças, claro que haverá exceções, mas na maior parte como ocorreu hoje, o que se via na sala eram as crianças desinteressadas pelo filme apenas empolgadas com o bonecão, enquanto jovens e pais curtiam bastante o que estava sendo passado. E dessa forma, podemos dizer que temos agora mais um grupo de heróis para torcer e vibrar, afinal o que foi apresentado foi um filme digno de muitas continuações dentro do Universo proposto, que vai muito além do que os nerds esperavam.

O filme nos situa na cidade de San Fransokyo, Estados Unidos, onde Hiro Hamada é um garoto prodígio que, aos 13 anos, criou um poderoso robô para participar de lutas clandestinas, onde tenta ganhar um bom dinheiro. Seu irmão, Tadashi, deseja atraí-lo para algo mais útil e resolve levá-lo até o laboratório onde trabalha, que está repleto de invenções. Hiro conhece os amigos de Tadashi e logo se interessa em estudar ali. Para tanto ele precisa fazer a apresentação de uma grande invenção, de forma a convencer o professor Callahan a matriculá-lo. Entretanto, as coisas não saem como ele imaginava e Hiro, deprimido, encontra auxílio inesperado através do robô inflável Baymax, criado pelo irmão.

A animação é tão bem trabalhada nas inflexões de modo que cada cena parece ter sido pensada, assim como acontece nos longas da Marvel, para ter continuidade em milhares de filmes, criando um universo próprio e bem montado, e dessa forma o roteiro acaba se desenvolvendo de uma forma própria e interessante que nem parece que estamos assistindo a uma animação, e isso é muito bacana de ver. Os diretores Chris Williams e Don Hall já são ratos de animações sempre trabalhando mais no setor artístico e nos roteiros, mas aqui conseguiram captar praticamente toda a síntese dos personagens, criando vida própria para cada um, e mesmo não sendo exatamente como é nos quadrinhos, já que precisaram tirar personagens e mudar vários elementos devido a alguns direitos autorais, o resultado é surpreendente, agradando na medida quem gosta de personagens heroicos e principalmente quem gosta de uma boa animação. E ainda contando com um ritmo bem gostoso, o filme acaba nos mostrando apresentação, miolo e finalização bem características como uma grande obra deve ser, além de assim como todos os filmes da Marvel, ter a tradicional cena pós-crédito, que quem perder garanto que vai ficar bem triste, afinal é uma das melhores cenas pós-créditos que já fizeram, mesmo sendo bem rápida.

Dos personagens com toda certeza o carisma todo fica a cargo de Baymax, que nos conquista com suas falas, seus gestuais, sua modelagem e tudo mais, tanto que não tem como sair do cinema sem levar um bonequinho inflável que é vendido na bombonière, E como disse, cada personagem tem um estilo próprio, fazendo com que as pessoas se assimilem e acabem torcendo por eles. Logo na sequência de nível carismático entra o divertido Fred, que aqui tivemos a dublagem de Marcos Mion mandando muito bem nos trejeitos malucos que o personagem tem, e acabou dando até seu estilo próprio com as falas. O personagem Hiro tenta fazer com que as crianças busquem trabalhar mais suas coisas boas para o bem, mas com um nome japonês ficou meio estranho o garoto com cara americana demais, e embora suas ações sejam bem bacanas, é meio difícil pensarmos nele como um líder nato no combate junto dos heróis, caberia algo meio como o Nick Fury dos "Vingadores". As mulheres da trama são até engraçadinhas, mas ficaram tão em segundo plano que dificilmente teremos alguém vibrando com seus feitios. E Wasabi tem alguns momentos cômicos nas suas poucas cenas que acabam dando um tino chamativo para o personagem, mas ainda assim é bem coadjuvante na trama. Além do Mion, temos vários atores e personagens da mídia famosos dublando o longa no Brasil e isso ficou bem interessante de ver, pois todos mandaram bem mesmo, não soando tão falso como ocorre quando não colocam dubladores profissionais, são ele: Fiorella Mattheis, Kéfera Buckmann, Robson Nunes, entre outros.

Claro que no quesito visual não seria diferente, e temos uma modelagem de primeiro nível, com personagens coloridos e chamativos, cada um com seu tema bem desenvolvido e formas muito interessantes para uma animação. Toda a cenografia ao redor dos personagens foi criada minuciosamente e com detalhes mínimos, principalmente nas cenas que envolvem os microbôs, onde uma pecinha minúscula acaba tomando formatos incríveis. Ou seja, com um visual desses, a equipe de fotografia só precisou criar boas nuances para que as sombras do desenho nos convencessem de sua tridimensionalidade e assim os personagens animados criassem quase que um capacidade humana nas telonas. E falando sobre o 3D, nas cenas que não foram usadas apenas para dar formato aos personagens, temos um campo de visão tão ampliado que impressiona realmente a tecnologia usada para dar a ambientalização, e isso é muito bacana de ver mesmo. Claro que aqueles que gostam de coisas saindo da tela, talvez reclamem do filme, já que por se tratar de uma animação poderia ter abusado mais desse estilo de efeito, mas como sempre digo, 3D não é apenas para frente, e quando bem usado para trás fica até melhor do que coisas voando desnecessariamente, então o resultado do longa no quesito 3D pra mim foi bem satisfatório.

As canções escolhidas para compor a trilha musical foram impecáveis e dão todo o tom que o filme necessitava, ouvindo Fall Out Boy mandando ver com "Immortals" e "My Songs Know What You Did in the Dark", 30 Seconds to Mars tocando "Edge of the Earth", e até uma versão remixada de Survivor com "Eye of the Tiger" combinaram bem demais e junto das trilhas apenas orquestradas, ditaram o ritmo de ação como poucas vezes vimos no cinema, ou seja, perfeitas escolhas musicais geram perfeitos momentos

Enfim, é um filme excelente que adultos vão sair bem contentes de terem pago para ir com os filhos, ou jovens vão sair contentes por mais uma história da Marvel bem feita nas telas, claro que repito, com diversas mudanças dos quadrinhos devido aos direitos autorais, mas infelizmente não garanto que a garotada menor que costuma ser o público de animações vá curtir muito o que é mostrado na tela, então somente se sua criança curte bastante desenhos de lutas leve ele para assistir, senão é capaz dele ficar pedindo para sair, ir ao banheiro, querer alguma coisa e por aí vai, deixando que nem você assista ao filme direito e deixando bravo quem estiver do seu lado com o falatório todo. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda tenho muitos filmes para conferir nesse final de semana, então abraços e até mais tarde.


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Homens, Mulheres e Filhos

12/19/2014 01:48:00 AM |

Não existe tema mais atual do que o comportamento humano dentro do mundo virtual, e tratar de um assunto assim em um longa de 2 horas é algo que exigiria ou muita expertise no assunto ou acabaria desenvolvido de uma forma boba demais, como é comum nas novelas adolescentes que tanto conhecemos pelas TVs brasileiras. Porém, em "Homens, Mulheres e Filhos", surge um dos diretores que mais tem acertado a mão em temas polêmicos, Jason Reitman("Juno", "Amor sem Escalas", "Obrigado por Fumar"), que colocando uma certa dose de humor para que o realismo cru não interfira tanto no resultado, conseguiu humanizar o livro de mesmo nome e mais ainda conseguiu mesmo com momentos narrados, conectar o espectador com o filme e com o cosmos, ou seja, algo que daria para discutir por horas, mas que vou apenas citar alguns pontos bons e deixar como grande dica para quem quiser ver um filme inteligente, mas sem muitos exageros cults, nas telonas dos cinemas.

O filme conta a história de um grupo de adolescentes do ensino médio e de seus pais enquanto tentam lidar com as diversas maneiras nas quais a Internet mudou seus relacionamentos, suas comunicações, suas auto-imagens e suas vidas amorosas. O filme trata de questões sociais como a cultura dos videogames, anorexia, infidelidade, busca da fama e a proliferação de material ilícito na Internet. Na medida em que cada personagem e cada relacionamento é testado, podemos ver a variedade de caminhos que as pessoas escolhem – alguns trágicos, outros cheios de esperança – e fica claro que ninguém está imune a esta enorme mudança social que vem através de nossos telefones, nossos tablets e nossos computadores.

Embora possua um ritmo não tão dinâmico, mesmo utilizando de toda a conectividade dos aparelhos que surgem em cena, o trabalho desenvolvido na trama consegue nos prender fixos na tela durante toda a exibição pelo tema que nos é mostrado, e isso é algo mito interessante que poucos diretores conseguem fazer, pois daria para desenvolver um filme separado tranquilamente de cada uma das situações que são colocadas na trama, a da garota anoréxica que deseja o jogador mais velho, o casal infiel, a jovem vigiada minuciosamente pela mãe, a pornografia online e os danos aos jovens, a busca exagerada e sem limites da fama, e por aí vai, mas não Jason Reitman, junto claro do autor do livro Chad Kultgen conseguiram desenvolver de forma tão bem conectada todas elas que é até difícil enxergar caso a caso dentro da história, e isso que é legal de ver. E claro, já que o filme conversa com o espectador sozinho pela tecnologia mostrada dos eletrônicos, a linguagem usada de mensagens a todo momento, e vìdeos sendo mostrados nos balões de pensamento nas cenas abertas são um detalhe a mais que agrada bastante. Com planos mais calmos e ângulos pouco usuais de câmera, o filme tem um desenrolar bem pautado, claro que sempre deixando de lado o julgamento para nós, mas o diretor conseguiu imprimir sua mensagem, que somos apenas um pequeno ponto no mundo, mas devemos discutir nossas relações sempre.

Sobre a atuação, o elenco é imenso de grandes atores, mas antes de falar de qualquer outro ator, não posso deixar de falar que vi finalmente Adam Sandler sem ficar fazendo bobagem, sendo dramático e isso é incrível, pois minutos antes estava conversando com o rapaz que trabalha no cinema sobre isso, de atores cômicos que andam dando muito bem nos dramas, e claro que não é o que o ator gosta de fazer, mas caiu tão bem o personagem que gostaria de ver ele mais vezes incorporando o seu Don. Ansel Elgort é a sensação jovem do momento, e seu personagem Tim tem o mesmo carisma que ele, então com toda certeza vai satisfazer as garotas que forem assistir o longa somente por ele, e digo mais, mesmo sendo requisitado para tantos filmes, o ator mostra personalidade para desenvolver sua atuação sempre num tom correto e claro, mostrando que tem um estilo e não vai desapontar quem procurar longas pelo ator, como costumava ocorrer antigamente com alguns grandes nomes. Sério que cheguei a ficar com medo da obsessão da personagem Patrícia de Jennifer Garner, não tem como não se impressionar, claro que conheço pessoas que revistam tudo que os filhos fazem na internet, celular e afins, mas o terrorismo que a atriz pontuou no personagem é algo que não dá nem para imaginar de existir alguém assim e como é dito numa frase que está inclusive no trailer, é capaz até de ter colocado senha nas partes baixas da filha, ou seja, a atriz mandou muito bem nas expressões de forma que chega até assustar. E falando na filha, Kaitlin Dever é mais uma das jovens atrizes do momento que tem trabalhado muito em séries, mas que pode despontar bem no cinema por ter expressão marcante, e o que fez aqui com sua Brandy foi bem isso, que embora não seja a protagonista da trama, já que temos diversas vertentes, acabamos nos afeiçoando tanto a ela que o pôster até acaba sendo uma cena sua. Em compensação, mesmo tendo as cenas mais fortes, Elena Kampouris, fez um estilo de expressão para sua Alisson que não conseguiu nos envolver, de forma que nem acabamos torcendo para ela e nem ficamos bravos com o que faz em cena, talvez precisasse de um tempo maior para desenvolver seu personagem, já que são dois problemas que acaba sendo colocado para ela. Poderia falar muito mais dos demais, mas acabaria alongando demais o texto, e esse não é o intuito, mas vale a pena falar que todos trabalharam de forma concisa ao menos seus personagens, e que como já disse no início, temos quase uma novela em miniatura com diversos problemas sendo mostrados e com grupos de atores desenvolvendo muito bem cada um deles se entrelaçando, e a narração de Emma Thompson foi tão saborosa na trama que nem temos como reclamar do que faz, de forma que acabou sendo mais um acerto do que um erro trabalhar com esse estilo de conexões.

Por ser um longa dentro de um contexto bem atual, não temos visualmente nada que seja surpreendente, e nos filmes do diretor são raros excessos de cenografia, procurando trabalhar mais com o quesito atuação do que dar a equipe de arte a tarefa de chamar atenção, porém como já pontuei mais no começo, deu um certo furor para que desenvolvessem os balões com os vídeos de situações que temos na internet, e essa contextualização ficou bem desenvolvida e agradável de ver. Além de trabalhar bem os quartos dos jovens para que a realidade coubesse ali. A fotografia também não quis enfeitar o pavão, e foi correta com luzes destacando aonde os protagonistas de cada cena estivessem, e no restante apenas dando luz de preenchimento, felizmente não tivemos gafes excêntricas que com certeza diretores mais malucos trabalhariam cada situação tensa com luzes chamativas, e que perderiam o ponto exato que a trama pedia aqui.

Enfim, um filme bem interessante que agrada bastante tanto pelo conteúdo, quanto pela forma desenvolvida, mas que talvez por exagerar na linguagem mais jovem afaste alguns estilos de pessoas que gostem de algo mais trabalhado, então algumas pessoas mais velhas tanto de idade quanto de espírito é capaz que achem o filme meio jovem demais. Recomendo no geral para todos e principalmente que saiam da sessão pensando mais sobre o assunto que o diretor propôs, não ficando apenas guardado em nossas mentes como somente um filme, mas que sirva de lição para nossa vida. Fico por aqui agora, mas antes das festividades de fim de ano, ainda tenho muitos filmes para falar minha opinião, então abraços e até breve com novos posts.


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As Aventuras do Avião Vermelho

12/14/2014 01:53:00 AM |

O gênero das animações é um dos que mais gasta tempo de desenvolvimento no mundo, e com isso altas quantias são desembolsadas, por isso alguns países não se arriscam tanto nele, mas com as tecnologias ficando mais acessíveis, alguns criam coragem e passam anos para fazer um filme razoável apenas, e o Brasil é um deles que tem até aparecido com bons exemplos, mas alguns acabam ficando bem abaixo do que se considera satisfatório. O longa "As Aventuras do Avião Vermelho" demorou cerca de 10 anos para ser produzido e lançado, e cometeu o erro mais básico do gênero, não acertar o público alvo, pois com uma história exageradamente infantil até agradaria os pequenos, visto que ela é bem cativante para eles, tem cores para todo o lado para chamar a atenção, mas abusou da cultura sulista com gírias próprias que muitos nem vão imaginar o que é, além de não ter um traço de desenho mais realista, que a garotada anda preferindo ultimamente. Então temos um filme que até contém uma mensagem bacana, mas não amarra a garotada na poltrona de jeito algum, e como já disse em outros filmes do estilo, pra mim se não segura o público alvo na poltrona, é falha total.

O filme nos mostra que o travesso Fernandinho tem 8 anos e após perder a mãe, acaba se tornando um garoto solitário, sem amigos e com problemas de relacionamento com o pai. Sem saber como lidar com o filho, o pai tenta ganhar a atenção do garoto com presentes. Mas nada funciona até que um livro de sua infância lhe devolve a alegria. Fernandinho mergulha no universo do livro e decide que precisa de um avião para salvar o Capitão Tormenta, personagem da obra, que está preso no Kamchatka. Nessa jornada, Fernandinho descobre a importância da leitura e do amor de seu pai.

A síntese do filme é bem bonita, com mensagens motivacionais, incentivos à leitura, cenas com muitas referências e até uma diversão minimalista contextualizada, mas por estarmos acostumados com longas mais bem desenhados e com nuances quase realistas, o resultado aqui peca demais, É garantia quase que total que as crianças com um pouco mais de 6 anos acabem ficando entediadas com a produção. Não digo que é algo ruim o trabalho feito pelos diretores Frederico Pinto e José Maia, mas faltou ou dar um tom mais adolescente na história de Érico Veríssimo ou ao menos ter encarado uma realidade mais forte e trabalhado com um estilo de animação mais visceral do que o 2D simples sem profundidade alguma nos desenhos. Que aí sim, poderíamos afirmar que o Brasil entrou de cabeça mesmo no gênero das animações. E além disso poderiam ter trabalhado o roteiro com diálogos menos culturalizados do estado onde vivem, pois ficamos com um longa que só é divertido por lá, apenas para exemplificar numa da cenas o protagonista fala: "ficar mais tri" ao que qualquer lugar falaria "mais legal", "mais bacana" ou qualquer outro expressão, menos o pessoal do sul.

Os personagens são divertidos ao menos e caricatos, fazendo com que da mesma forma que ocorre lá fora que os personagens possuem visual semelhante ao do dublador, aqui o pessoal se preocupou também, então o bonequinho negro do protagonista é dublado por Lázaro Ramos, a empregada por Zezeh Barbosa, e assim ocorre com outros. E se formos a fundo até nos afeiçoamos com alguns feitos deles, pois são bacaninhas e as crianças mais novas vão até ficar contentes de ver os bichinhos comendo nuvens e dançando na lua. O protagonista é aquele garoto que todos conhecem, bagunceiro master e que é raro ficar parado. O aviãozinho poderia ser menos bobo que envolveria mais, mas repito, o longa foi 100% desenvolvido para crianças, então nem Milton Gonçalves conseguiu fazer algo mais envolvente e carismático.

A modelagem artística não é muito elaborada, portanto não espere ver um desenho do estilo que passa na TV e muito menos os tradicionais do cinema, mas se tem um ponto em que acertaram foi na colorização dos personagens e cenários, pois aqui o excesso de cores funciona como um imã para a garotada, e quanto mais coisa brilhando para todos os lados, mais eles gostam. Então até mesmo nas cenas onde temos quase que aquelas revistas para colorir, com o fundo pintado e o desenho principal apenas em listras, acabou funcionando bem.

E algo bem bacana de ver, ou melhor ouvir, ficou por conta da trilha sonora original, que não quis usar praticamente nenhuma canção conhecida, e isso é bom, pois a música AUL é bem colocada, que quem perceber a letra invertida vai rir muito, e as demais deram ritmo bem colocado para que ao menos a trama não ficasse tediosa.

Enfim, se você tem crianças bem novas, talvez seja uma boa opção para levar elas, mas se for daquelas crianças que já está na fase dos porquês, fuja e leve para outro longa que com certeza a discussão vai ser grande junto com as comparações. Valeu ao menos para ver que o Brasil já tem equipe pensando bem nas animações, só falta desenvolver mais como tem acontecido em outros países, que nem queremos chegar nos EUA, mas se beirar a Bélgica já estarei completamente feliz. Bem é isso meus amigos, encerro a semana cinematográfica por aqui, e vamos torcer para que a próxima semana venha bem recheada para termos nossas comemorações de fim de ano bem alegres. Então abraços e até breve.


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Apneia

12/13/2014 02:07:00 AM |

Uma das coisas que defendo quando leio um roteiro que me é oferecido é a concisão das ideias, pois muitos diretores até possuem bons argumentos e se olharmos de uma forma mais efetiva conseguimos ver que rumos a história pode tomar. Porém, algumas histórias conseguem ser críveis somente para algumas pessoas, as que estão no clima exato que o filme tende a ir, ou que conheça exatamente a ideia que o roteirista quis colocar na trama. Digo isso pois o filme "Apneia" tem uma visão bem marcada de onde quer chegar, porém trabalhou de uma maneira tão cheia de floreios e abstrações que não conseguimos nos impactar com quase nada do que é passado, ficando um longa bem mediano que quase nos remeteu a um sucesso do passado "Confissões de Adolescente" só que com uma visão bem menos família e com uma temática mais pesada. E mesmo contendo imagens belíssima, que foram filmadas com o maior esplendor de técnicas, o resultado final é algo vago demais para agradar, como disse antes, quem não estiver na mesma vibe das protagonistas.

O filme nos mostra que Chris é uma jovem linda e rica que busca pelo sentido da vida, pois, apesar de tudo, vive entediada. Ela e suas amigas começam a notar que suas atitudes podem influenciar os próprios destinos e, até mesmo, o destino de outras pessoas. Apneia retrata um pouco da vida dos jovens da classe alta que, paradoxalmente, tem tudo, mas vivem sem perspectiva alguma.

A história em si não é algo ruim, muito pelo contrário, atualmente cada vez mais vemos jovens no estilo que o longa retrata e dessa forma acaba servindo como um alerta para que pais observem se seus filhos não andam necessitando de algum estilo de psicologia para não ficarem tão entediados e caindo para vertentes não tão boas da vida. E assim sendo o diretor e roteirista Mauricio Eça acaba acertando no viés que a trama poderia se desenvolver, porém o maior erro do filme é que ele se perde nisso, não pelas atuações, mas pelas situações envoltas não empolgarem os espectadores, tanto que na sala onde assisti era notável que as demais pessoas acabavam discutindo o assunto tema entre si, esquecendo que o filme continuava rolando, ou seja, serviu de debate na própria sessão pelo tema, mas ficando fora de prumo como ficção inteligente que era a proposta inicial. Assim, um acerto talvez é que a trama vire em algum canal do estilo da Cultura por exemplo, colocando-se trechos do filme para que seja aberta a discussão do cotidiano, e assim com certeza será bem mais aproveitável do que no cinema como mídia final. Portanto temos sim um bom texto para ser trabalhado, mas não funcionou tão bem como filme, deixando no ar qual era a proposta de início, meio e fim que queria ser apresentado.

Das atrizes protagonistas, afinal só vale falar delas, já que os homens da trama são tão coadjuvantes a ponto de não importar sequer uma palavra que seja, e digo mais, ao ver os créditos subindo com nomes tão conhecidos que estavam na trama e sequer consigo lembrar de ter visto eles na tela, ou seja, ficaram nem como coadjuvantes, mas sim como figurantes de luxo. Marisol Ribeiro fez de sua Chris uma mulher completamente diferente do tradicional e isso é bom, mas em certos momentos ficamos assustados com o que faz e acabamos não entendendo para onde ela quis chegar também, mas no geral sua atuação é interessante e acabamos nos afeiçoando de certa forma com o que faz, tendo um resultado final dentro do satisfatório, talvez se não tivesse forçado tanto nas expressões seria mais crível. Uma atriz que não imaginava ver tão bem no cinema e acabou surpreendendo é Thaila Ayala, pois sua dramaticidade só vai crescendo no decorrer da trama, e o que de início parecia ser um personagem totalmente fútil, acabou virando daqueles que não conseguimos tirar mais o olhar, esperando mais um gancho certeiro na forma de atuar, muito bem elaborado tanto o personagem quanto a atuação que a jovem empregou. Marjorie Estiano já é figura carimbada na TV e vem desenvolvendo cada vez mais papéis interessantes no cinema nacional, e aqui embora o personagem não fosse tão chamativo, acabou tendo uma virada tão interessante no final, que do nada paramos por um momento e falamos opa, agora o bicho vai pegar, e aí é que ela mostrou o gás que sabe fazer bem e já lhe deu protagonismos grandiosos, de forma que o resultado é bem forte e colocado com ótima persistência na tela.

No quesito artístico da trama, a direção de arte trabalhou com uma cenografia sem muita frescura, mas com elementos marcantes para se destacar em cada cena, e isso é interessante de ver, pois como o longa quis passar que elas eram muito ricas, se tirarmos a cena das compras, em momento algum conseguimos observar isso a fundo, claro que o figurino foi bem luxuoso nas boates, mas só isso não remete riqueza, já que conhecemos mulheres que possuem roupas caríssimas mesmo não sendo riquíssimas. Poderiam ter trabalhado um pouco mais nesse quesito para demonstrar o que queriam, mas em relação às locações todas incorporaram bem o estilo da trama, e as cenas onde temos a apneia mesmo, são tão bonitas e bem colocadas que impressionam e suprem todo o resto, talvez mais cenas na praia seriam de um luxo maior ainda. E sabendo disso, a equipe de fotografia fez dessas cenas algo tão perfeito que foi até engraçado que ao chegar na bilheteria do cinema todas as moças que fazem as limpezas das salas do Cinépolis me pediram pra voltar e falar o que achei, porquê ao entrar na última cena do filme o que está enquadrado é tão bonito que o longa parece outro, ou seja, bem iluminado, plano bem enquadrado e resultado na medida.

Enfim, é um longa que tinha uma proposta inteligente e bem bacana de mostrar, mas acabou deixando ele com uma visão um pouco infantilizada demais, mesmo com um tema forte, e o resultado ficou entre uma "Malhação" e um "Confissões de Adolescente", ou seja, quem gostar dessas duas séries/novelas vai gostar do que verá na tela, claro que com um ritmo um pouco mais lento, mas quem não for fã do estilo, vai reclamar de tudo o que verá. Como disse no início, vai abrir boas discussões com o que é mostrado, mas não é um filme que recomendaria para todos, principalmente no cinema. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda falta mais uma estreia da semana para conferir, então abraços e até breve.


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Os Amigos

12/11/2014 10:24:00 PM |

Chamar alguém de "meu amigo" é algo que as vezes pode se tornar tão frequente que acabamos perdendo o foco da real amizade, e o velho ditado as vezes funciona bem ao dizer que somente sabemos quem realmente é nosso amigo quando precisamos. No filme "Os Amigos" essa questão acaba sendo apenas uma base frente a inquietude poética que a diretora nos afronta, e com isso o longa acaba quase flutuando com muitas ideias e pensamentos da mente do protagonista. Não posso afirmar que saí da sala do cinema apaixonado pelo que vi, mas posso dizer que é um filme para refletir nossos momentos bons e ruins, principalmente ao lado das pessoas que amamos, e de preferência antes que elas se vão, pois quando o buraco abre não tem volta, e um baque sempre vai trazer emoções de todos os lados.

O filme nos mostra que sem amizade não existe o amor. Um dia especial na vida de Théo. Pela manhã, ele vai ao funeral de seu melhor amigo de infância. Durante o dia, as lembranças vêm, levando Théo a olhar a vida de uma outra maneira. É Majú, uma amiga por quem tem grande afeição, que o ajudará a recuperar as esperanças.

A diretora e roteirista Lina Chamie trabalhou o filme de uma forma bem interessante ao mostrar diretamente na obra suas bases, pois como o longa usa de referência o poema "Fábula de um Arquiteto" e o romance "Ulysses", a montagem criada acabou desenvolvendo bem as duas obras trabalhando o lado do poema com a narrativa própria do filme e com os atores principais, e o texto mitológico interpretado por um grupo teatral de crianças, o que se algum dia você estiver zapeando os canais da TV e estiver passando o longa é capaz de não entender bulhufas o que está ocorrendo. E incrivelmente esse estilo funcionou muito bem para que ao mesmo tempo que o protagonista demonstre sua tristeza por perder o melhor amigo de infância, o qual fazia muito tempo que não via na vida adulta, conseguiu ir traçando sua vida e suas prioridades com o baque durante o dia tendo as boas lembranças que viveu com ele. E toda essa liberdade poética acaba sendo amarrada pela melhor amiga da atualidade, que mesmo tendo seu conflito forte, sempre arruma o ombro amigo para ajudar o outro. O filme comete alguns pecados em relação ao ritmo que poderia ser melhor desenvolvido, mas a montagem foi tão bem trabalhada que consegue maquiar quase todos as gafes da trama, resultando em algo até que bem gostoso de assistir.

Na atuação Marco Ricca construiu seu personagem Téo da melhor forma possível colocando todas as suas dúvidas na sua expressão, fazendo com que em diversos momentos seu personagem saísse da tela para os nossos próprios dilemas, e isso de uma forma incrível sem necessitar quebrar a barreira da câmera, o que costuma acontecer em muitos filmes europeus quando o protagonista dialoga com a câmera, e aqui isso não foi necessário, pois a interpretação do ator dentro do texto proposto já conseguiu fazer isso tão bem que acaba sendo interessantíssimo de acompanhar, ou seja, foi perfeito. Dira Paes é daquelas atrizes que amamos fazendo qualquer coisa, pois se encaixa sempre com o tom correto que o personagem pede, e sua Majú é daquelas amigas que qualquer um tem de ter na vida, que te ama acima de qualquer coisa e mesmo que necessite brigar com você para te tirar de uma enrascada, vai fazer na hora certo, e com toda certeza não existia atriz melhor dentro do cinema nacional para o papel, ou seja, um show a parte. Dos demais apenas são bem coadjuvantes que aparecem na história bem de passagem para dar mesmo o sentido que falei no começo de que nem todos que chamamos de amigos vão ser nosso suporte quando precisamos, e aí é que entra a pior parte da direção de atores, pois os que já são renomados fazem bem mesmo sua pontinha, enquanto os que não são tão conhecidos assim, e até mesmo alguns principiantes agiram de forma decorada total de texto, soando completamente artificial, o texto falado no táxi é apenas a coisa mais assustadora possível com a garotinha e o motorista quase fazendo um jogral com os protagonistas, muito ruim mesmo, e por esse e mais algumas outras cenas, o longa quase foi por água abaixo. Agora alguém que mereceria um ótimo destaque mas não consegui ler o nome do garoto nos créditos, e quem quiser creditar nos comentários até altero o texto depois é o garotinho nerd que tem uma das conversas mais bacanas que já vi numa loja de brinquedos, algo completamente sensacional e merece os parabéns pelo que fez.

Visualmente a capital São Paulo não é das cidades que mais agradaria para o estilo que o filme pedia, apesar de servir como co-protagonista pelos atos e situações que ela implementa na vida das pessoas, talvez um lugar mais poético para o que o filme desenvolve cairia melhor, mas ainda assim, foram escolhidos locações bem trabalhadas para desenvolver os sentidos que o protagonista vai sendo posto à prova, e isso é bacana, pois em diversos momentos funciona quase que como um contraste nas cenas com o que está ocorrendo e aonde a mente do protagonista está voando. Nas cenas do teatro infantil, o desenvolvimento artístico da cena é bem bacana e é incrível como pequenos elementos do circo como panos e cordas acabam chamando a atenção. A fotografia trabalhou demais com foco e desfoque, que é uma coisa que particularmente não gosto muito, pois atrapalha a naturalidade da cena, pois você não vê duas coisas desfocando uma para chamar atenção pra outra, e isso se tivessem desenvolvido melhor na iluminação ficaria mais rico e agradável, então poderia ser bem melhor.

Enfim, não é dos melhores filmes nacionais da atualidade, mas pela linguagem ousada e bem desenvolvida consegue acertar mais do que errar, e agrada bastante. Assim como saí da sessão sem saber se realmente gostei do que vi, talvez o filme deixe algumas incógnitas também na cabeça das demais pessoas que forem assistir, mas só de fazer com que pensássemos nas nossas vidas de uma forma mais proximal, o longa já vale bastante. Além claro de fugir das besteiras que nosso cinema as vezes nos impõe acaba sendo uma amostra de que temos também longas diferenciados e bem feitos. Portanto fica como uma dica alternativa bem interessante para assistir de preferência de uma única vez, ou seja, no cinema, pois em casa mudando de canal é capaz de ficar um pouco confuso. Bem é isso meus caros leitores (não vou falar amigos senão acabo já fugindo da proposta do filme), fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um longa que apareceu atrasado por aqui, então abraços e até mais.


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O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos em Imax HFR 3D

12/11/2014 02:55:00 AM |

Quando somos fã de algo fica até mais difícil falar sobre, pois se existia um filme que mais esperava era a conclusão épica da trilogia "O Hobbit", que quem assistiu e apaixonou pela Terra Média lá no finalzinho de 2001 só tinha olhos para essa data, que mesmo reclamando de um livro fininho ter virado três longas enormes, sabíamos com toda certeza que no final não iríamos nos desapontar e toda a expectativa criada ia ser superada. Pois bem meus amigos, é hora de secar as lágrimas, afinal como disse no Facebook, muitos não vão chorar apenas por ser um filme triste, terem mortes importantes que quem leu o livro saberia que iria ocorrer, e todo o impacto que o diretor colocou nesse último capítulo, mas sim por saber que não teremos mais no ano que vem, que a Terra Média agora ficará apenas na nossa memória, num lugar muito bem guardado, afinal não tem como esquecer algo tão belo que permeou nossa vida por 13 anos, e mais do que ter apenas um olhar crítico, hoje me vi como fã, de algo que me marcou antes mesmo de pensar em estudar sobre a sétima arte, e que esse diretor maluco soube fazer tão bem que "A Batalha dos Cinco Exércitos" acaba sendo um marco no ano, de um filme que contém tudo, emoção, lutas muito bem feitas e principalmente a cenografia que com toda tecnologia à nossa disposição para assistir ao filme, quase fizemos parte e pudemos acompanhar todos os personagens nos seus últimos momentos de tela.

O longa nos mostra que após ser expulso da montanha de Erebor, o dragão Smaug ataca com fúria a cidade dos homens que fica próxima ao local. Após muita destruição, Bard consegue derrotá-lo. Não demora muito para que a queda de Smaug se espalhe, atraindo os mais variados interessados nas riquezas que existem dentro de Erebor. Entretanto, Thorin está disposto a tudo para impedir a entrada de elfos, anões e orcs, ainda mais por ser tomado por uma obsessão crescente pela riqueza à sua volta. Paralelamente a estes eventos, Bilbo Bolseiro e Gandalf tentam impedir a guerra.

O roteiro desse terceiro e último capítulo é o mais envolvente dos três longas que compuseram a história completa, e como o diretor e roteirista Peter Jackson já havia feito no "Senhor dos Anéis", apesar de já serem 3 livros prontos, ao colocar outras histórias de outros livros de J.R.R. Tolkien a trama que poderia facilmente ser mostrada em um único filme acabou tomando proporções gigantescas e muitos até acabaram reclamando da enrolação nos dois primeiros filmes, mas a sua sabedoria de deixar para o fim as partes mais fortes é algo que não temos como não vibrar a cada cena, de forma que tudo acabasse sendo ligado as pontas tanto com os demais da própria trilogia, quanto com a primeira saga, afinal para quem não sabe a história do livro "O Hobbit" se passa 60 anos antes do que vimos em 2001. Quem puder, recomendo que veja os dois primeiros em sequência para já ir pronto ao cinema ver esse, afinal o longa começa exatamente onde parou o outro, não dando espaço de tempo nem para você refletir se lembra quem é quem, e o que está acontecendo ali, já estando no ápice de uma das cenas mais importantes do livro, que diferentemente do que costuma acontecer, dessa vez o Coelho leu bem antes de sair o primeiro filme, e como é de praxe, tem muita coisa que está no livro e não está no filme e vice-versa, mas como costumo dizer são dois estilos próprios que dá para viver separados, e claro que sempre vai ter quem vai achar o livro mais legal, mas como prefiro a ação audiovisual que um longa pode nos propor, prefiro mil vezes o conjunto da obra, já que daria para ter dois filmes bem feitos, diminuindo os dois primeiros, e esse último mantendo na íntegra, afinal repito, é excelente. Jackson não é maluco, muito pelo contrário, podemos considerá-lo um dos diretores com visão gigantesca do que funciona comercialmente e colocando sempre sua câmera nos pontos chaves da trama, para que tudo gire ao redor daquele campo de visão, aqui trabalhou de uma forma interessantíssima, trabalhando sem parar cada nicho de personagem como único, mas ao mesmo tempo inserido no todo da trama, e isso só faz a empolgação do público crescer e ir se envolvendo com cada personagem e com cada ato da batalha, que dura incríveis 45 minutos, ou seja, é quase um filme dentro de outro. E fazendo dessa forma, não teve como errar, fazendo com que o longa seja tão bem colocado que até mesmo quem não for fã da série, vai acabar vibrando e quase aplaudindo ao final.

Como aqui é o fechamento da trama, e até então praticamente nenhum personagem havia sido jogado para trás, muito pelo contrário, a cada filme foram sendo inseridos mais e mais personagens, agora fica até difícil falar de cada um individualmente, senão teria um texto de muitas páginas quase virando um livro, então vou apenas destacar alguns, mas já adianto que todos sem exceção não foram jogados na trama ao vento, fazendo sua importância valer a pena e atuando com garra para que pudéssemos lembrar deles para sempre. Nosso querido Martin "Bilbo" Freeman, com seu pequeno tamanho acaba quase esquecido em algumas cenas, mas está ali presente mesmo que apenas para encaixar a cena, e dá suas nuances de forma sempre bem colocada e divertida, mostrando que o ator é tão versátil para o estilo que desejar que faça, uma beleza de ver na tela. Richard Armitage já havia dado show nos dois longas anteriores com seu Thorin, mas aqui com a doença atacando forte vem uma personalidade única para suas cenas, e depois nas cenas finais então é algo que não tem como não vibrar, excelente também. Luke Evans fez um Bard bem trabalhado, mas em alguns momentos aparentou o erro mais comum de filmes com exagero de coisas digitais, se perder para onde olhar, e isso pode acabar com um filme, mas felizmente corrige bem e sai enquadrado a tempo de algo pior, mas poderia nas cenas que tem mais diálogo ter aumentado a imponência para que o personagem fosse mais marcante, e isso é o único defeito do ator. Pra quem achava que Orlando Bloom ganharia seu cachê milionário para apenas uma meia dúzia de cenas, com toda certeza vai se surpreender com o que faz aqui, pois temos diversas cenas que o ator trabalhou bastante, ou melhor seu dublê né, mas o que importa é que Legolas caiu bem nesse último filme e praticamente acabou sendo explicado como está nas duas sagas, para alegria de muitos. Aidan Turner novamente tem presença e importância significativa na trama e suas cenas são sempre envoltas de uma luta quase romantizada de seu Kili pela amada Tauriel de Evangeline Lily que dessa vez trabalhou mais emotivamente do que com força, apesar de ter apanhado muito em cena, a cena final de ambos é fortíssima, dando um pequeno spoiler. Lee Pace caiu bem no personagem de Thranduil e com cenas marcantes e de diálogos fortes acabou agradando bastante, talvez visualmente chamasse mais atenção se não soassem falsas algumas de suas falas, mas isso não chega a ser um problema grandioso pra trama. E para finalizar apenas para colocar em evidência a direção de segunda unidade de Andy Serkis que acabou não vindo com seu Gollum, mas fez de Manu Bennett(Azog) e Benedict Cumberbatch(Smaug), não apenas duas dublagens de vozes, mas toda uma criação visual com identidade própria e perfeita de captura de movimentos que é incrível de ver, e estou citando apenas dois personagens, mas se formos analisar a fundo, foram muitos aqui, e já está na hora de começar a reconhecer essa galera com muitos prêmios.

Como já disse antes, além de uma história muito boa, o ponto principal da trama está no conceito visual que foi criado para a Terra Média, e com toda a tecnologia que o longa possui, cada detalhe mínimo passa a ter um valor impressionante dentro do contexto geral. A cada plano aberto, onde a cenografia paisagística é evidenciada, temos locações maravilhosas que enchem nossos olhos, e mesmo nos momentos mais digitais, acabamos querendo conhecer cada canto do cenário para olhar que até ali, os diretores e suas equipes imensas pensaram em detalhar algum entalhe ou objeto mínimo para que quem quiser ver, observe e saia feliz. Os personagens computadorizados são de uma modelagem impecável e assustadora de detalhamento, fazendo com que cicatrizes sejam muito mais do que algo na pele do personagem, mas algo que está ali para ser apreciado como obra de arte, e isso é muito bom. Ou seja, é outro ponto que daria para falar horas, mas apenas digo para não deixar que o filme morra ao sair da sala do cinema, tanto que quem quiser já deixo a sugestão de presente para o ano que vem a coletânea completa que deve vir assim como teve no "Senhor dos Anéis" o como foi feito cada coisa, e minha prateleira já está clamando por isso até mais do que eu. A fotografia trabalhou novamente bem com o tom azulado para as cenas de batalha na neve, e o marrom mais seco quase puxado para o cinza nas cenas de luta próximas da montanha, o que deu alguns contrastes bem interessantes de se observar no filme, e agradar bastante com a paleta completa de cores, pois cada personagem procuraram evidenciar mais suas cores colocando sempre eles em posições claras para não confrontar estilos.

Sobre os efeitos digitais 3D, a tecnologia HFR 48 fps e claro assistir na sala Imax, o que posso falar é apenas que vale cada centavo pago a mais, e quem não puder ver no Imax recorra às salas MacroXE que estão com tecnologia exata que o diretor quis fazer no filme. A quantidade de cores é algo incrível de se ver mesmo com um óculos escuro, e a profundidade de campo nem tem como falar de tão perfeita, além dos personagens estarem colados no espectador e de tamanhos surreais nas grandes telas, o que dá uma perspectiva incrível e envolvente. Como já disse um amigo, nem parece ser cinema, já que tudo parece estar acontecendo na nossa frente como numa peça de teatro de maiores proporções, mas repito, é uma experiência única que deve demorar para que apareçam mais diretores corajosos de fazer essa loucura toda, então aproveitem e se divirtam como foi projetado para ser exibido. Os que gostam de longas 3D apenas por coisas que saem da tela talvez se desapontem um pouco, mas como já disse algumas vezes, a tridimensionalidade para trás da tela é até mais importante que voar coisas para fora, então o filme tem todo seu valor e agrada demais com tudo que é colocado, e nas cenas que saem da tela, o efeito está imperdível.

Na parte sonora, preparem os ouvidos para sair da sala perdidos com tantas explosões, brados de guerra, tilintar de espadas e tudo mais que uma boa ação deve ter e sem falhar em momento algum, a mixagem de som junto de excelentes trilhas sonoras nos colocou num lugar totalmente fora da realidade, de forma que entramos na sala do cinema e saímos de lá querendo voltar para ouvir mais e mais com o que Howard Shore nos propõe. Além disso nosso querido Pippin de o "Senhor dos Anéis", mais conhecido pelo nome real de Billy Boyd compôs e cantou a linda música final da trama, que sobe durante os créditos dando aos fãs o ar triste de um adeus, mas de uma missão bem cumprida.

Enfim, o texto está enorme, quem quiser ler, leia, quem não quiser reclame nos comentários, mas digo mais uma vez às 2:48 da madrugada, na minha opinião esse sem dúvida alguma foi o melhor filme do ano, tanto em quesito produção, quanto no quesito história, claro que tivemos grandes filmes artísticos bem feitos e que nos envolveram, mas a grandiosidade aqui supera qualquer coisa feita apenas para refletir. Preciso falar que recomendo ele? Ou apenas esse texto imenso cheio de palavras que saíram emocionadas no calor do momento logo após a sessão de pré-estreia já valem? Se não valem, então eu falo, vá para o cinema agora e confira junto com os milhares de fãs que devem lotar as salas, pois quanto mais gente se emocionando ao mesmo tempo, menor a chance de você pagar o mico sozinho limpando as lágrimas com outros te olhando estranho. E repito, vá nas maiores salas que sua cidade tiver, pois garanto que não vai se arrepender. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda temos outros três longas nacionais que apareceram por aqui nessa semana para conferir, então volto em breve com mais posts para quem não quiser enfrentar a Terra Média possa ter uma diversão nos cinemas no final de semana. Então abraços e até mais.

PS: Como diria uma antiga professora, como não dá para dar nota maior que 10, fica 10 parabéns estrelinha com muito orgulho.


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As Aventuras de Paddington

12/08/2014 01:21:00 AM |


Quando lançam filmes com temática familiar, a primeira coisa que me vem na mente é o quão além o pessoal irá conseguir viajar para adaptar a história de uma maneira que agrade tanto os pais que vão levar as crianças para assistir ao filme, quanto segurar a criançada nas poltronas. E quando essa soma funciona de uma maneira adequada, o resultado costuma ser muito bacana de acompanhar. Com “As Aventuras de Paddington” tivemos uma produção tão minuciosa e cheia de detalhes que fez do filme um trabalho preciso que consigo visualizar ele passando quase todas as tardes na TV para entreter a garotada, e olha que muitos pais acabarão puxando uma cadeira e assistindo junto, pois o urso é carismático, o filme tem um visual bacana e interativo de uma maneira tão curiosa que acabamos conversando com os personagens, e na sala do cinema acaba sendo tão engraçado ver toda a molecada avisando o urso da vilã, torcendo e tudo mais que não dá para negar que o acerto foi num nível máximo e acertado.

O filme conta a história de um jovem urso que viaja para Londres em busca de um lugar para morar, mas logo ele se vê sozinho na estação de Paddington e percebe que a vida na cidade grande não é como ele pensava. Tudo parece perdido, até que ele conhece a família Brown, que encontrou em sua roupa a inscrição: "Por favor, cuide deste urso. Obrigado!", e assim lhe oferece um refúgio temporário.

A história em si é bem simples, mas foi tramada de um forma tão envolvente e bem feita, que quando nos damos conta já estamos no mesmo barco do urso, rindo das confusões que se mete e torcendo para que a família se dê bem com ele, e isso não é ruim, muito pelo contrário, nos mostra que a ideia base dos roteiristas funcionou bem e que o diretor soube adequar a tecnologia para que o digital não estragasse, e principalmente funcionasse bem com os personagens de carne e osso, e como tudo foi pensado para agradar as crianças e divertir junto os adultos, no caso, pais que costumam levar as crianças, o longa acaba sendo bem bonito, mesmo tendo situações bobinhas demais. E o diretor Paul King teve como ajuda nada mais nada menos que David Heyman na produção que só fez toda a série "Harry Potter", então com essa base já dá para saber o nível técnico que se pode esperar do filme, e lhes garanto, está primoroso visualmente e tecnicamente, talvez com uma história mais forte teríamos um longa fenomenal, mas como o público alvo são as crianças, o resultado foi bem satisfatório para elas.

Por não terem enviado cópias legendadas para o interior, irei falar mais dos personagens do que da atuação em si de cada um, mas o que posso adiantar é com certeza que a voz de Danilo Gentili não atrapalhou em nada e o urso protagonista ganhou um sotaque paulistano muito bem interessante para Londres e divertida para nós com as piadas bem encaixadas. Paddington é daqueles ursos que não tem como não gostar dele, faz um monte de bagunças, mas sempre acabamos ficando do seu lado, mesmo que tenha feito alguma cagada, ou seja, quem não se afeiçoar ao ursinho não tem coração no peito. O personagem de Nicole Kidman não chega a ser uma vilã comum e sua Millicent ficou caricata demais, acredito que as influências para criar a personagem ficou dentro de Cruela Devil e a forma abusiva para parecer com ela soou um pouco falso demais, talvez o exagero se não ficasse tão forte agradaria bem mais. Por outro lado, Sally Hawks caiu como uma luva para dar vida à Senhora Brown, a personagem é totalmente a sua cara e seus trejeitos são bem gostosos de afeiçoar que ao estilo mãezona acabou abraçando tudo e todos de uma forma única. Hugh Bonneville é um ator que mesmo fazendo muitas comédias, parece não ser sua cara, e no estilo familiar, mesmo o Sr. Brown sendo um personagem mais duro, não caiu tão bem nele, claro que foi se soltando e entrando no clima logo na cena do sindicato dos geógrafos(acho que era esse o nome) e ficando muito bacana de ver toda a continuidade que deu para o personagem ficar interessante. Julie Walters como a Sra. Bird foi algo muito engraçado, pois o personagem é algo totalmente amalucado, e incrivelmente é sua cara ver ela fazendo toda a limpeza e sendo uma mulher forte e interessante, talvez um maior desenvolvimento do personagem para sabermos de onde veio tanta garra agradaria mais ainda. Enquanto o personagem Sr. Curry, que foi interpretado por Peter Capaldi, é daqueles que ficamos nos perguntando o motivo de colocarem alguém tão abobalhado numa trama, e mesmo tendo alguns momentos bacanas, na maior parte irrita seu estilo.

Visualmente, como já adiantei no começo, temos um show de produção e direção de arte, tanto no quesito digital com o urso, quanto nos demais elementos que são maravilhosos, o trenzinho na loja de chá, os tubos no departamento lá de pesquisa são apenas duas citações da imensa quantidade de elementos maravilhosos que são usados na arte do filme, ou seja, algo realmente lindo de ver na tela do cinema, e felizmente não vi nenhum defeito do digital sobrepor o real ou vice-versa. Para não termos esse problema, a iluminação da equipe de fotografia precisou dar uma reduzida na gama de cores, e isso ficou evidente na maior parte das cenas com um tom mais escuro do que a cor viva do início aonde só tínhamos os ursos, e isso já disse aqui algumas vezes, afinal a mistura do digital com o real precisa adequar tons, o que é muito trabalhoso e serão somente em casos de filmes caríssimos com câmeras incríveis que não veremos esse defeito, e aqui a produção foi mais econômica.

A banda que aparece em diversos momentos tocando canções bacanas de uma forma bem diferenciada e irreverente agradou bastante, mas como costumo falar em filmes infantis, gosto de ver os personagens principais envoltos nas canções, meio ao estilo Disney antigo, mas aqui não funcionaria muito o urso cantar, então a saída foi bem feita e o ritmo acabou encaixando bem na trama.

Enfim, um filme totalmente família que vai fazer a criançada bater papo com o protagonista, se divertir e lembrar bastante do personagem principal, e com muita certeza será daqueles filmes que vamos ver mais vezes nas sessões da tarde em datas especiais principalmente. Recomendo muito ele principalmente para quem tiver crianças para se divertir junto do protagonista na telona dos cinemas, e quem não tiver criança para levar, entre no clima e se divirta com o que é apresentado. Bem é isso pessoal, fecho a semana cinematográfica por aqui, a internet não colaborou muito para que eu pudesse subir os textos antes, mas estão todos aí. Nessa semana começo hoje a Maratona Hobbit, assistindo cada dia um dos filmes no Imax para que na Quarta complete com o lançamento do filme mais esperado do ano, como já temos textos dos dois primeiros, apenas farei comentários simples no Facebook e nos textos sobre o que achei da nova experiência de rever eles, e na quinta cedo com certeza já estará no ar o texto do novo, então abraços e até breve pessoal.


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