Última Viagem a Vegas

11/23/2013 05:19:00 PM |

Acho engraçado ver as expectativas que alguns grupos criam em cima de alguns filmes, quando me disseram que "Última Viagem a Vegas" seria um "Se Beber Não Case" da terceira idade, achei um pouco exagerado pois cria uma expectativa de coisas insanas acontecendo com velhinhos, então apague essa impressão da cabeça e pense apenas na seguinte situação: uma bonita renovação de amizade após muitos anos separados, onde os amigos passam a fazer tudo que gostariam mesmo aos seus 60 e poucos anos. O filme é doce, descontraído, bonito de se ver, e até divertido sem ser exageradamente engraçado como esperaria se fosse o tanto que falaram, mas agrada bastante pela química boa que existe entre os quatro aclamados atores.

O filme nos apresenta Billy, Paddy, Archie e Sam, amigos desde a infância. Billy, o solteirão compromissado do grupo, finalmente pede em casamento sua namorada de trinta e poucos anos e os quatro vão a Las Vegas com planos de parar de agir como velhos e reviver seus dias de glória. No entanto, ao chegar, os quatro rapidamente percebem que as décadas tem transformado a Cidade do Pecado e testado suas amizades de várias formas que nunca imaginaram. O Rat Pack pode ter reinado no Sands e o Cirque du Soleil talvez agora comande a Strip, mas são esses quatro que agora mandam em Vegas.

O que acontece quando um roteirista de muitos filmes infantis encontra com um diretor de filmes fantasiosos e resolvem fazer um longa sobre a terceira idade, essa pode ser uma boa definição do que esperar ver na tela, pois o que Dan Fogelman escreveu é praticamente literal, não existindo nenhuma abertura para vertentes, assim como em animações, e tirando um ou outro momento que possa até surpreender o espectador, o restante é tudo bem premeditado, porém bonito de ver, emocionando tanto como nas animações. Para tentar compensar o roteiro, o diretor Jon Turteltaub fantasia e põe alguns momentos originais no meio da trama que dão um pequeno gás, mas não consegue fazer com que os figurões já oscarizados saiam da sua praia segura e façam besteiras que queimaria fácil seu filme. Mas tirando o roteiro raro, os atores são muito bem dirigidos e por se conhecerem há muito tempo, eles trabalharam com uma interação que o diretor não necessitou esforços, claro para fazer coisas normais, e conseguiu orquestrar um filme agradável de assistir e descontrair numa Sessão da Tarde.

Imagino que tirando as grandes exigências que fazem, trabalhar com grandes estrelas como é o elenco desse filme deve ser moleza para o diretor, pois são 297 trabalhos feitos e 7 Oscars se somarmos apenas os 5 protagonistas, e todos são conhecidos de longa data, então tudo que fazem é com a maior naturalidade possível e mesmo criando novos personagens, todos já sabemos como cada um é, e isso que é o bacana de ver. Michael Douglas não é o mais novo do grupo na realidade, mas com 69 anos reais ainda é o que deve chamar mais atenção das mulheres por ter um ar mais galanteador, sendo assim ficou bem cabível o papel de conquistador, e ele o faz com muita precisão e até um pouco de canalhice, o que durante a história acabamos sabendo um pouco mais e ligando os pontinhos da rixa dele com De Niro. De Niro é apenas um ano mais velho que Douglas, mas está um pouco mais acabado, e está tão calejado dos mesmos papéis que fica difícil enxergar qualquer personagem diferente que queira fazer, então agrada sendo bem turrão. Kevin Kline é o mais novo na vida real do grupo, com apenas 66 anos, mas assim como outros na sessão, é notável um dos que envelheceu rapidamente, estando quase irreconhecível de muitos outros papéis, porém embora seja o que fez mais filmes de dramas, é o mais animado em cena com seu personagem, só poderia ser um pouco menos repetitivo, mas acredito que isso estava preso no roteiro. Agora Morgan Freeman é unânime o melhor de qualquer filme que entre mesmo que seja para fazer uma ponta mínima, sua cena fugindo de casa é de fazer chorar de tanto rir, dentre tantas outras que o nosso ídolo de 76 anos, que deve ter ficado muito feliz ao ser colocado com idade na casa dos 60 no filme, faz para deixar o ar cômico do filme nas alturas. Mary Steenburgen é tão fofa com seu personagem que mesmo na sua cena de mais impacto, ainda continua sendo singela e agradável com seus também não aparentáveis 60 anos. Dos demais personagens vale ressaltar algumas cenas de Jerry Ferrara que exagera um pouco em determinados momentos, e Roger Bart que consegue agradar tanto com bons diálogos quanto ao representar duas personalidades distintas com maquiagem. Vale ressaltar também a aparição maluca do cantor e líder do LMFAO, Redfoo, que pra variar fez todas suas bizarrices em 2 minutos cortados de filme.

O visual de Las Vegas está tão batido, que se algum dia eu viajar pra lá, saberei me localizar facilmente, mas o interessante que a equipe de arte fez, foi ficar praticamente dentro somente de um hotel, fazendo tudo por lá, e tendo apenas algumas cenas fora para complementar, e isso não agrada muito em valor artístico, mas facilita bem o custo da produção que com certeza ficou todo na contratação do elenco. Mas a falta de muitos elementos cênicos nas cenas dos velhos é compensada na abertura com os jovens atores que agradam bem rapidamente com o que fazem, tendo trabalhado com uma produção minuciosa de elementos para uma pequena cena. A fotografia utilizou de uma paleta bem variada de cores para dar mais alegria ao clima bucólico que o filme poderia ficar se fosse mais calmo, e não erra em trabalhar sempre enaltecendo os protagonistas com uma iluminação diferenciada do restante do ambiente.

Enfim, é um filme interessante, com ótimas atuações, e uma mensagem bem bacana de amizade para toda a vida, e deve ser chavão em diversos horários da tarde na TV, no cinema a distribuidora foi esperta em semi lançar ele com 2 semanas de antecedência em premieres pagas para ir testando realmente a quantidade de cópias que deve soltar na estreia dia 06/12, e com isso aproveitar que a maioria já assistiu os grandes blockbusters que ainda perduram nas salas, e a falta de outros filmes de maior apreciação. Recomendo ele mais como uma diversão amena, não passando nem perto da grande divulgação que andam falando sobre ele. Fico por aqui nesse texto, mas nessa semana teremos muitos filmes para conferir e compartilhar a opinião aqui com vocês, então abraços e até breve pessoal.


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