O Verão da Minha Vida

10/27/2013 08:54:00 PM |

Certos estilos de filmes deveriam ser obrigados a ter um exemplar por ano pelo menos, já que dramas leves de verão com pitadas cômicas na medida, além de serem nostálgicos por nos remeter às tardes que chegávamos da escola e ficávamos vendo alguns filmes na sessão da tarde, conseguem tornar uma tarde gostosa e bem aproveitada com os dilemas da juventude. Esse pode ser um belo resumo sobre o quanto gostei de "O Verão da Minha Vida" que estreou na última sexta em circuito bem pequeno e que recomendo a todos que vejam rápido antes que retirem esse ótimo filme de cartaz. Claro que não é um estilo que vai agradar a todos, mas principalmente quem teve problemas com timidez, acabará se vendo bem próximo do protagonista e acabará gostando mais ainda do filme.

O filme nos apresenta Duncan, um garoto de 14 anos que vive com a mãe e não suporta o namorado dela, Trent, que volta e meia o menospreza. Eles viajam para uma casa de praia durante o verão, juntamente com a filha de Trent, Laura. Deslocado em meio aos amigos de Trent e até mesmo com a própria mãe, Duncan passa os dias pedalando pelas redondezas. Num de seus passeios ele conhece Owen, um cara despojado que trabalha no parque de diversões aquático local. Não demora muito para que o garoto se aproxime dele, especialmente quando consegue um emprego de verão no próprio parque.

Como disse ontem mesmo, sobre primeiros trabalhos de alguns diretores, hoje mais uma vez ficou claro isso, que raramente saímos desapontados com a estreia da maioria dos diretores. Pois aqui, os ganhadores do Oscar de Melhor Roteiro do ano passado Jim Rash e Nat Faxon, resolveram atacar de produtores, diretores, roteiristas e também de atores, coadjuvantes mas bem colocados na trama, e o melhor é que fazem tudo muito bem, agradando nas 4 áreas, ou seja, demitam todo mundo e saiam fazendo filmes que vocês tem potencial. O bacana da produção é que o roteiro é bem simples, mas todo trabalhado na forma de conhecimento pessoal que o garoto passa a ter da própria vida, que assim como no nome original se interpretado "The Way, Way Back", passa toda a ideologia que os diretores quiseram passar no seu filme. A forma de direção bem extrovertida também agrada por deixar os atores bem a vontade para que incrementem situações à trama, e isso faz com que todos saiam ganhando no final das contas. É inteligentíssimo ver como atores mais a vontade trabalham em prol das produção colocando suas experiências num ponto mais alto de interpretação possível, e isso acaba agradando muito no resultado que vemos na telona.

Então, ao vermos os atores tão à vontade, poderíamos até assustar se fosse um filme com atores que entopem seus textos de palavrões e escatologias, mas não, aqui todos fazem seu melhor para um filme bem família, agradável de ver. Liam James em alguns momentos até exagera na timidez, de tal forma que se fosse um filme escolar sofreria bullying a rodo e ficaria ótimo, mas aqui sua superação acaba agradando muito bem intercalando os momentos dramáticos com a timidez e os momentos mais divertidos com uma boa personalidade. Sam Rockwell parece uma criança solta no parque de tão ambientado e livre que está, conseguindo transmitir segurança tanto para a câmera nas suas interpretações, quanto para todos à sua volta de personagens, ele consegue ser dinâmico e simples na atuação, agradando na medida para ficar genial. Steve Carell já mostrou que sai melhor em dramas do que em comédias, e aqui fazendo um personagem "ruim", faz com que em diversos momentos queiramos bater nele de raiva pelo que faz, e faz muito bem isso, ou seja, por favor Carell não volte para comédias, pois lá você soa bobo, enquanto em dramas você mostra que sabe atuar ao invés de fazer palhaçadas. Toni Collette acaba ficando tão em segundo plano que no seu grande momento de descoberta quem acaba chamando mais atenção são James e Carell, enquanto fica chorando de canto, ou seja, poderia ter empolgado mais e chamado algumas cenas pra si, pois chance teve. Em compensação Allison Janney não perdeu nenhuma oportunidade e nos poucos momentos que está 99% enquadrada, ela ataca para que quem não estiver olhando para ela, vire o rosto e a veja fazendo sua interpretação um pouco exagerada, mas que agrada pelo perfil da personagem. AnnaShophia Robb é doce e agradável, mas poderia ser mais ativa também em alguns momentos sua interpretação parece vaga apenas ditando ao vento, mas no geral foi satisfatória. Maya Rudolph já é de praxe ficar em segundo plano nos filmes, mas aqui conseguiu chamar atenção em algumas cenas e até poderia agradar um pouco mais que ficaria perfeita. Não poderia deixar de falar dos diretores como atores não é mesmo, que apesar de serem apenas coadjuvantes que estão bem fora de quadro na maior parte das cenas, em alguns momentos até tentam soltar boas pérolas que conseguem deixar um certo charme na cena.

O visual de filmes de praia costumam agradar mais pelo visual de fundo, e não tanto como é visto aqui, já que não são casarões chiques, mas o mais popular mesmo, com elementos cênicos que lembram até nossas idas reais à praia, com vizinhos se intrometendo na vida alheia, montando festas juntos, galpões com objetos antigos e tudo mais para caracterizar bem o filme. A fotografia trabalhou com cores claras e divertidas nas cenas no parque aquático para mostrar que a personalidade do garoto ali era criativa e divertida, onde ele se sentia "em casa" e tons mais escuros e tristes nas cenas de sua timidez na casa do namorado de sua mãe, para retratar que não estava satisfeito com aquilo, e assim sendo o trabalho de iluminação serviu muito para harmonizar as cenas.

Aliado a tudo isso de bom que já citei do filme, ainda optaram por diversas músicas boas das antigas que acabam divertindo bastante a trama e dando um ritmo interessante para a trama, sem correr com os fatos e também não enrolando e cansando o espectador.

Enfim, é um filme que recomendo com certeza, pois é gostoso de assistir sem se preocupar com nada e ao mesmo tempo ver que um drama sobre timidez pode ser agradável sem necessitar ser chato. E também serve para guardarmos esses dois nomes dos diretores, que já levaram um Oscar ano passado em roteiro, e agora estão botando as asinhas de fora com um ótimo filme, então quem sabe logo mais começam a ganhar muito mais renome em Hollywood. Fico por aqui hoje, mas amanhã estou de volta com mais filmes para comentar. Abraços e até breve pessoal.


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