Mato sem Cachorro

10/07/2013 01:27:00 AM |

Como salvar um filme de roteiro fraco usando dois animais? Faça essa pergunta para Pedro Amorim, diretor de "Mato sem Cachorro" e terá a resposta rapidamente. Você deve estar se perguntando, mas o filme não tem só um cachorro de protagonista? Sim, mas quem salvou o filme de ser um marasmo de besteiras é a inconveniente atuação ou melhor zoação de Danilo Gentili, que fez todos sem exceção de uma sala lotada, rirem em todos os momentos que apareceu, salvando e muito o filme, pois a priori principal de uma comédia é fazer rir, e mesmo sendo extremamente mal-humorado, com toda certeza absoluta este filme fará você gargalhar.

O longa começa nos mostrando que Deco vive jogado no sofá de sua casa, apesar de ter bastante talento com a música. Um dia, ele encontra dois grandes amores de uma só vez: a radialista Zoé e o cachorro Guto, que desmaia toda vez que fica muito animado. Não demora muito para que o trio viva como se fosse uma família. Só que, dois anos depois, Zoé termina o namoro, fica com a guarda de Guto e ainda por cima arranja um novo namorado. Motivos mais do que suficientes para que Deco fique revoltado e prepare uma vingança: sequestrar Guto. Para tanto ele conta com a ajuda de seu primo Leléo.

Só de ler a sinopse já é notável que tudo tende a ser o maior besteirol possível que alguém teria a ideia de fazer, mas souberam trabalhar com um elemento que funciona demais no Brasil, a comédia novelesca. Porém para nos salvar de tudo que andam fazendo nesse quesito, o diretor soube trabalhar com algo que anda muito em falta nas comédias brasileiras: as piadas. E com isso, passamos quase duas horas no cinema rindo de tanta porcariada que se tivesse algum momento sério na projeção tentando dar alguma lição, o mesmo passaria completamente batido. Portanto fica aqui um conselho desse Coelho que vos digita, veja o filme se desligando de qualquer ideia de algo sério, e com toda certeza você irá ter uma sessão completamente diferente e divertida, pegando toda a sintonia que o diretor quis passar, ao escolher um elenco de pessoas anormais.

Já que citei os anormais, vamos falar um pouquinho deles, afinal é evidente que o diretor quis que seu filme não fosse levado à sério ao escolher Danilo Gentili, Rafinha Bastos, Marcelo Tas, Sidney Magal e Sandy numa única produção não é mesmo? Mas a colocação deles deixou o longa mais caricato e interessante de se ver. Rafinha como um veterinário, fez o que sabe fazer, falar besteiras com um sotaque estranho que estamos acostumados e ainda rimos disso. Marcelo Tas fazendo uma figuração dupla serviu pra nada. Sidney Magal provavelmente trocou os direitos de suas músicas por algumas aparições e também não fez nada. Sandy está decidida a ser a Miley Cyrus brasileira, não querendo ser santinha, vomitando em uma blitz e tirando isso também não serviu pra nada, ou melhor, serviu pra ser citada durante todo o filme pelo processo que move contra o protagonista por ter a filmado sendo malvada. Então sobrou pra quem? Pro grande humorista das noites brasileiras chamado Danilo Gentili, que soube muito bem segurar a onda e embora tenha dito numa entrevista que tentou não ser ele mesmo no filme, fez muito bem o seu próprio papel, e divertiu como nunca em esquetes perfeitas e engraçadas, claro que todas muito regadas a escracho e pornografias, mas é seu jeito, e isso soou muito bem para o longa. Mas vamos falar dos protagonistas um pouco também né, afinal Bruno Gagliasso e Leandra Leal até conseguiram manter uma boa química junto do cachorro Guto, sem necessitar apelar para caras e bocas, os dois que são atores conceituados na nossa televisão souberam dosar toda a bagunça do elenco de apoio com técnica e divertindo sem apelar muito. Dos demais atores Enrique Diaz, Gabriela Duarte, Letícia Isnard, Felipe Rocha e Tatsu Carvalho, melhor apenas citar os nomes e rezar pela alma deles, que apelaram bonito para fazer rir, mas conseguiram pelo menos.

O visual da trama é bem produzido e trabalhado para retratar um apartamento de dois homens solteiros, ou seja, uma bagunça completa, uma clínica monstruosamente temática para cães, uma outra clínica totalmente pobre e que nem parece um lugar de veterinária, uma rádio alternativa, algumas praças e praias, e tudo isso foi muito bem retratado sem precisar colocar nenhuma plaquinha identificando, então ponto para a equipe de arte. A fotografia optou por não utilizar nenhum filtro deixando o longa bem claro principalmente para dar o alívio cômico necessário para a trama, e isso caiu bem já que o diretor também optou por planos tradicionais e foi sensato nesse quesito. Temos algumas acelerações de câmeras, mas que não chegam a ser prejudiciais demais.

As trilhas sonoras mixadas de diversos artistas, assim como a Sandy fala a única coisa sensata da trama, deve ter dado um trabalho imenso para a equipe legalizar os direitos de todas as músicas, mas ficaram muito interessantes todas e caíram bem para não ficar nas mesmices de sempre.

Enfim, fui assistir o filme pronto para voltar e falar mal de tudo, mas ri tanto com o que foi mostrado que atingiu o nível necessário para cumprir com a função de comédia e acabou me agradando bem mais do que imaginava. Não digo que é a melhor comédia nacional já feita, mas quem quiser rir de muitas besteiras ditas em cena, pode ir que é garantido. Só não faça como uma mãe que ao ver cachorrinhos no trailer achou que poderia levar seus filhos pequenos para uma sessão feliz e sorridente e com a quantidade de palavrões e ditos e insinuados, quero ver explicar depois para as crianças todas as dúvidas delas. Fico por aqui nessa madrugada, mas nessa semana ainda teremos muitos posts por aqui, então abraços e até mais tarde pessoal.


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