Meu Passado Me Condena - O Filme

10/31/2013 12:00:00 AM |

Se você quer um filme com um roteiro elaborado, onde uma boa história de comédia acabe transformando num excelente filme, pode virar as costas e nem pensar em passar perto de "Meu Passado Me Condena - O Filme". Agora se você quer rir muito e se divertir como nunca com toda certeza pode ir correndo para um dos cinemas, pois é diversão garantida de muitas risadas com todas as bobeiras que Fábio Porchat apronta. É interessante como esse estilo de filme lota salas e todos saem tão festivos quanto como entraram na sala, e isso é ao mesmo tempo bom, porque faz renda com o cinema nacional e ruim, pois acaba prostituindo o Brasil de somente comédias do mesmo formato, mudando apenas a locação.

A sinopse assim como o filme é bem simples, nos mostrando a história de Fábio e Miá. Eles se conhecem há apenas um mês e resolveram se casar. A lua de mel é num cruzeiro do Rio de Janeiro até a Europa, onde ela reencontra seu ex-namorado, o bem-sucedido Beto, que está casado com a estonteante Laura, antiga paixão não correspondida de Fábio. Atrapalhados com essa coincidência, Fábio e Miá viverão situações cômicas e embaraçosas numa viagem cheia de surpresas, onde o novo casal corre o risco de arruinar a relação.

É engraçado ver que as comédias nacionais seguem praticamente todas o mesmo linhão, que dá para associar praticamente tudo que irá acontecer já logo na primeira cena. Mas felizmente, os últimos filmes têm escolhido os comediantes nacionais que conseguem pelo menos divertir muito quem for pagar para assistir sem querer se preocupar com nada, somente rir do que verá na telona. Então com essa receita de bolo pronta e sabendo da encomenda que possui, os roteiristas apenas tem o trabalho de colocar todas as ideias no papel e ir filmar, pois o dinheiro de retorno é garantido sem ter de se preocupar um pingo de não obter lucro, ao contrário do que acontece com qualquer outro gênero lançado aqui. Assim sendo juntaram-se Tati Bernardi, Leonardo Muniz e claro para dar a pitada humorística o próprio Fabio Porchat, e entregaram nas mãos de Julia Rezende, que já dirigia os episódios da Multishow, para que fizesse seu primeiro longa ser um sucesso, e as bilheterias já começam a mostrar resultado, e não se assuste se logo mais começarem rumores de continuação.

Tudo bem que muita gente não curte o humor de Porchat, mas convenhamos que dos humoristas nacionais ele é o que salva a pátria sempre sem precisar usar de escatologias ou qualquer abuso forçado de riso, e isso garante risadas mais reais nos filmes que participa, não fica sendo aquelas risadas de canto de boca, então novamente ele salva mais uma produção de ser falha. Miá Mello até tenta ser mais comedida e fazer algumas cenas divertidas, mas como o personagem pedia algo mais sério e chato como define o amigo Cabeça, ela faz bem o papel, agradando em diversas cenas que serve de âncora para Porchat. Alejandro Claveaux consegue fazer a descrição completa que sua esposa descreve em uma das cenas, convencendo completamente do seu caráter ruim, poderia talvez ter atacado como um vilão para melar algumas cenas, mas acaba saindo bem no que faz. Juliana Didone é tão suave e calma na sua interpretação que parece caminhar atuando em câmera lenta, mas no geral agrada no que faz também. A dupla dinâmica de picaretas Marcelo Valle e Inez Viana poderiam fazer tudo exatamente igual fizeram, mas com menos exageros nos trejeitos faciais e interpretativos, pois ficou falso demais, parecendo estar bem perdidos do que fazer, e atacando de qualquer maneira seus textos e ações.

É interessante ver como apenas uma locação, no caso um cruzeiro funcionando com todos os turistas normalmente, afinal ficaria caro demais alugar um navio somente para o filme, acabou ficando com muita presença, estilo e rendendo diversos locais diferentes para que os atores fizessem suas proezas. E como a equipe de arte praticamente não trabalhou, afinal tudo pertence ao lugar, coube à direção de fotografia escolher as melhores luzes e lentes para que mesmo um cubículo que é uma cabine de navio acabasse se tornando um lugar bem ambientado para a trama.

Enfim, não convém falar muito de técnica nem das escolhas da direção, afinal o longa como disse tem apenas os objetivos de divertir e lucrar, sem nada que vá além disso, e consegue fazer muito bem isso. Recomendo ele para quem quiser se divertir rindo bastante sem se importar com qualquer técnica, pois se parar para observar qualquer coisa é certeza de achar defeito onde olhar. Ri bastante de tudo que vi, mas seria incoerente se não notasse defeitos, mas olhando como o público que vai assistir ele, é perfeito. Encerro aqui a semana cinematográfica já me preparando para a próxima que inicia na sexta e infelizmente vem com poucas estreias para o interior já que os blockbusters começam a tomar conta das salas, então abraços e até sexta pessoal.


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O Futuro

10/29/2013 11:03:00 PM |

Fazia muito tempo mesmo que não assistia a um filme praticamente em slow-motion, que de tão devagar quase volta pra trás, mas o melhor e mais engraçado é que o filme "O Futuro" com sua ideologia existencialista ocultada nos diálogos consegue ser ainda bem fofo, principalmente nas falas do gatinho que são muito bem encaixadas pra trama e agradam na medida, de forma que poderia ficar mais nele do que nos atores que embora atuem de forma correta, suas falas pausadas cansam demais.

O filme mostra que Sophie e Jason são um casal de classe média, com empregos pouco satisfatórios, e que decidem ter a experiência de cuidar de um filho durante um tempo, por isso optam por adotar um gato em fase terminal. Diante da responsabilidade que a adoção de um ser vivo representa, eles se angustiam e começam a buscar possibilidade de escapismo. A partir daí, do amadurecimento forçado, a perspectiva de vida do casal muda radicalmente, o que colocará em prova a fé deles em si próprios e nos outros.

O roteiro criado por Miranda July, que dirige e protagoniza também, é bem interessante pelo fato de conseguir adaptar as mudanças que muitos sofrem com a vida conjugal, antes mesmo até de casar, tanto que existem milhares de ditados populares que refletem sobre as responsabilidades e dúvidas que ocorrem com as pessoas quando decidem ter filhos, entre outras coisas de casais. Mas acredito que para dar tempo de querer ser Deus e estar em 3 lugares ao mesmo tempo, a diretora optou por um ritmo exageradamente devagar, que somente os fortes aguentarão assistir o longa num cinema sem dar ao menos algumas pescadas. Só tomem cuidado pro seu peixe não ser comido pelo gato fofo que está doente, mas que não é bobo e pode comer ele. Mas tirando esse fato da lentidão exagerada, a trama até conduz de forma interessante e até bonitinha seu conteúdo, que mesmo não dando nenhuma grande lição para o público, acaba servindo para observarmos alguns fatores humanos de nossa personalidade.

A atuação do casal protagonista é bacana, tendo uma química estranha entre eles, mas acaba até existindo algo, porém o filme já deve estar na lista de todas as escolas de idiomas, pois falam tão pausadamente cada trecho do roteiro que até a galera do nível mais básico de inglês é capaz de enter cada sílaba da palavra e quase que dá tempo de com um dicionário na mão ir traduzindo simultaneamente. A diretora Miranda July agrada com sua atuação mesmo sendo extremamente estranha, tanto no quesito visual como nos trejeitos visuais que usa. Hamish Linklater consegue fazer boas expressões durante todo o filme, além de sempre estar bem colocado em relação aos planos escolhidos, valorizando sua interpretação, mas exagera mais do que a diretora no slow parecendo que está drogado na maior parte do filme, aliás dá pra ter certeza quando conversa com a Lua. David Wharshofsky deve estar se gabando até agora das frases que foram entregues para dizer, pois não é nenhum ator bonito para se achar tanto, e também não faz nenhum tipo para ao menos parecer o que o texto demonstraria. A voz do gatinho também é da diretora, então melhor nem falar do acumulo de funções não é mesmo? Mas aqui pelo menos ficou bonitinho.

O visual que a equipe de arte montou é bem simples, e mesmo passando por 5 locações diferentes, nenhuma possui elementos exagerados que deem algum sentido maior para a trama. Em sua maioria todos estão ali apenas para composição de cena mesmo e não para idealizar algo. A fotografia poderia, mesmo não sendo um filme alegre, ter usado cores mais vivas que melhorariam o humor da trama pelo menos, pois com a velocidade lenta e imagens escuras, fica como falei no início um ótimo pretexto para dormir.

Enfim, é um filme que algumas mulheres vão gostar até mais do que homens, por ter a fofura do gato, quem acaba saindo melhor é o personagem feminino, e tudo mais, mas que só recomendo pelo contexto da história, e mesmo assim com a ressalva de não assistir ele se estiver cansado, pois a chance de dormir aumenta mais ainda. Fico por aqui hoje, encerrando a minha participação no Festival de Cinema de Ribeirão Preto, que continua ainda até quinta, mas já conferi todos os filmes, então amanhã apenas complemento com a última estreia da semana que falta assistir e já fico preparado para a próxima que também contará com o início da Itinerância da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Então abraços e até amanhã pessoal.


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No Lugar Errado

10/29/2013 01:10:00 AM |

Filmes experimentais ou são geniais quando conseguem acertar roteiro, atuação e enquadramentos, ou se erram qualquer detalhe vai tudo pro buraco. E infelizmente o que ocorre no filme "No Lugar Errado" é tanto atores de nível fraquíssimo que não conseguem dar conta do roteiro, quanto as cenas colocadas fora do palco apenas para dar acima de 70 minutos para ser considerado um longa e não um média-metragem, o que acho inadmissível, pois captar verba como sendo longa e encher linguiça para dar o tempo é falta de criatividade.

A sinopse é bem simples e não espere ver mais do que está escrito nela na tela: Quatro grandes amigos se reúnem após um longo período de tempo separados e, após alguns drinks e conversas, fatos incômodos sobre as relações deles começam a surgir.

O fator inusitado de gravar uma peça para ser transmitida num cinema já é algo interessante, e o fato de a cenografia praticamente inexistir, já que são dois pufes jogados no chão, um pedaço de pano que se passa por tapete, latas, garrafas e os protagonistas que servem na maior parte como elemento cênico, já que ficam calados parados diversas vezes apenas refletindo e gastando tempo de duração. Já estou sendo enfático e até chato nesse quesito, pelo seguinte motivo, sei o quanto é duro captar verbas para um filme, e o primeiro ato que determina conseguir ser aprovado em leis em nosso país é a duração de um filme, já que ou se consegue dinheiro para curtas-metragens ou para longas, enquanto médias acabam sendo jogados às traças, só que o espectador não é bobo de ver um filme que começa a enrolar, enrolar, ficar parado em diversos momentos, por uns carrinhos para passar na rua, mostrar umas cidades, pra quê? Fala que quer fazer uma web-série de 10 capítulos curtos que fica mais bonito, ou então arrecade menos dinheiro e faça um média, ou ainda já que é uma peça, arrecade dinheiro por outras formas para exibir a peça, grave e distribua de alguma outra forma, que sairá muito mais bonito do que enrolar cenas pra nada.

Ok, fui chato em explicar esse fator de captação de dinheiro, mas não pensem que não gostei da história, pois em fato ficaria muito bacana a construção dela vista por outros elementos sem ser necessariamente um palco, apesar de a iluminação centrada num único ponto e filmado tudo em preto e branco ter agradado bastante, mas aí entra o maior problema de tudo, além claro de não ser um longa, a atuação fraca do quarteto. É notável em diversos momentos que eles não conseguiram dominar o tempo para que a trama corresse como deveria ser, e ainda digo mais, nos ensaios a peça deve ter tido duração de uns 40 minutos, aí o diretor e o produtor mais maluco chegou neles que já não eram um time de ponta e falou: meus caros, vocês precisam alongar suas falas e movimentos para que tenhamos uns 60 minutos pelo menos pra que a encheção de créditos e cenas fora da peça completem os 75 minutos e todos saiam felizes e contentes pela floresta negra das leis brasileiras audiovisuais. E os pobres atores caíram na história do vigário, e pioraram o que talvez estivesse aceitável num primeiro ensaio, o que é uma pena, pois ainda gostaria de ver esse texto bem trabalhado na mão de alguém que fizesse jus à colocar a obra nos cinemas.

Bom como já falei da cenografia, da fotografia e da atuação sem alongar muito no texto, apenas digo que relações com namoradas de amigos e bebida não combinam, então optem por uma das duas coisas e sejam felizes, pois somar as duas coisas é bomba na certa. Fico por aqui hoje, mas amanhã fecho com o último filme que falta conferir do Festival de Cinema de Ribeirão Preto, que continua até na quinta com a programação que você pode ver aqui, e na quarta fecho a semana com a última estreia que deixei para ver propositalmente por último orando para que seja razoável pelo menos. Abraços e até mais pessoal.

PS: Estou sendo bonzinho na nota por ter gostado da iluminação, da captação em preto e branco, e da história, mas se colocar o conjunto da obra como foi feito, a situação com certeza reduziria uns bons coelhinhos da nota.


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Depois de Lúcia

10/28/2013 09:26:00 PM |

Acredito que certos temas começarão a brotar nos cinemas nos próximos anos, e o bullying é um dos que mais deve predominar, afinal dá para trabalhar ele de diversas maneiras que sempre terá uma nova essência, além de poder acontecer em qualquer país por ser um tema universal. Em "Depois de Lúcia", a coisa fica um pouco tensa devido à partir não só para o lado psicológico, mas na força física sexual que existe. É um filme excelente que poderia ser magnífico se talvez tirasse todo o foco do pai da garota e ficasse preso somente nos atos sofridos por ela, mas aí não teríamos a certeza do ato final que com certeza é um dos melhores já feitos em diversos filmes do gênero.

O filme nos mostra que quando a esposa de Roberto morre, a relação dele com sua filha Alejandra, de 15 anos, fica abalada. Para escapar da tristeza que toma conta da rotina dos dois, pai e filha deixam a cidade de Vallarda e rumam para a Cidade do México em busca de uma nova vida. Alejandra ingressa em um novo colégio, e sentirá toda a dificuldade de começar de novo quando passa a sofrer abusos físicos e emocionais. Envergonhada, a menina não conta nada para o pai, e à medida que a violência toma conta da vida dos dois, eles se afastam cada vez mais.

A primeira parte do longa até cansa um pouco devido ao excesso em querer mostrar como anda o nível psicológico do pai, mostrando como suas atitudes levam do melhor momento ao descontrole extremo, e isso para quem não aguentar assistir até o final vai acabar soando como algo muito chato, porém logo que começa a segunda parte onde a garota cai na maior cilada da adolescência que é beber em festas de amigos, aí o filme toma um novo rumo, que acaba entrando na discussão de até onde a pessoa deve sentir vergonha de contar um abuso e sofrer outros gratuitamente, ou delatar logo no início e talvez as coisas piorarem. Vou colocar minha opinião pessoal, que eu delataria logo no primeiro ato e a pancadaria já iria começar cedo, mas sei que em diversos casos isso poderia piorar, mas não sei se não custaria tentar. Como as coisas são vão piorando, o terceiro e último ato voltamos a ter foco nas atitudes do pai, e aí cabe novamente ao público que está assistindo tirar suas devidas conclusões, sendo pais ou não, mas como o diretor usou o início do filme para nos situar como anda a cabeça do protagonista, a forma encontrada para mostrar o fim do filme não poderia ser melhor do que foi feita. O diretor só poderia ter oscilado menos sua mão em querer deixar aberto em certos momentos e em outros colocar sua opinião, pois da mesma forma que dista em querer dar respostas num jogo de cenas, ele mesmo vai lá e fala que não quer brincar mais e leva a bola embora do jogo.

A atuação de Tessa Ia é forte, emotiva e em certos momentos até introvertida demais para uma atriz, que mesmo nas primeiras cenas já parece querer fugir o foco de si, mesmo antes de sofrer os devidos atos, poderia ter começado mais exaltada para depois cair no buraco, pois ficaria mais convincente, mas isso é apenas um detalhe, já que no geral a garota manda muito bem. Hernán Mendoza consegue fazer seu personagem um elo forte para trama, mostrando que o psicológico de qualquer um altera nas devidas proporções com situações extremas, sejam elas morte de alguém próximo, crimes, etc., e com isso o ator mantém seu semblante fechado do início ao fim da trama, conseguindo mudar seus atos apenas utilizando entonações vocais, e isso é muito bacana quando um ator consegue fazer bem, ou seja, excelente atuação que até rouba um pouco pra si algo que deveria estar mais forte na garota. Dos demais jovens atores, todos fazem seus atos da forma mais suja possível, deixando o espectador com raiva de todos sem exceção e isso é muito bom em dramas, pois define a vilania logo de cara, só acredito que Gonzalo Vega Sisto poderia nas cenas finais ter sido mais homem frente aos atos, pois ficou completamente inconvincente sua entrada no carro, mas tirando isso, o garoto até que mandou bem nas demais atuações.

O visual do longa é bem simples, afinal o tema por si só já é forte, não necessitando tantos elementos para retratar os abusos, mas a equipe de arte trabalhou de forma consciente para mostrar sem entrar em detalhes sujos, tudo que era possível e ficasse dentro de um contexto. Algumas cenas foram apenas gastos desnecessários, como a cena do acidente da mãe, que já havia ficado muito bem implícita no contexto, mas como sempre cenas que gastam mais dinheiro se não são mostradas dá briga na equipe. A fotografia optou muito bem por uma iluminação mais densa com tons escuros para retratar tanto o psicológico alterado do pai quanto todos os problemas da garota que mesmo tentando respirar nos seus momentos na piscina acabava lembrando dos atos e se apavorando.

Enfim, é um filme que muitos pais devem ver para ter noção de como devem trabalhar os diálogos com os filhos para saber tudo que realmente acontece por trás de festas com os amigos, e também deve ser visto pelos filhos para que saibam como contar aos pais, tudo que deve ser contado, mesmo que tenha a necessidade da quebra de uma vergonha maior, pois quando achamos que o pior já aconteceu, ele ainda pode estar por vir. É um filme forte, mas que foi bem trabalhado para não ser tão pesado, então é digerível para todos e recomendo para que todos vejam esse que foi o indicado pelo México para concorrer ao Oscar de Filme Estrangeiro em 2013. Fico por aqui agora, mas hoje ainda irei conferir mais um filme e volto mais tarde com mais uma postagem. Abraços e até daqui a pouco.


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O Verão da Minha Vida

10/27/2013 08:54:00 PM |

Certos estilos de filmes deveriam ser obrigados a ter um exemplar por ano pelo menos, já que dramas leves de verão com pitadas cômicas na medida, além de serem nostálgicos por nos remeter às tardes que chegávamos da escola e ficávamos vendo alguns filmes na sessão da tarde, conseguem tornar uma tarde gostosa e bem aproveitada com os dilemas da juventude. Esse pode ser um belo resumo sobre o quanto gostei de "O Verão da Minha Vida" que estreou na última sexta em circuito bem pequeno e que recomendo a todos que vejam rápido antes que retirem esse ótimo filme de cartaz. Claro que não é um estilo que vai agradar a todos, mas principalmente quem teve problemas com timidez, acabará se vendo bem próximo do protagonista e acabará gostando mais ainda do filme.

O filme nos apresenta Duncan, um garoto de 14 anos que vive com a mãe e não suporta o namorado dela, Trent, que volta e meia o menospreza. Eles viajam para uma casa de praia durante o verão, juntamente com a filha de Trent, Laura. Deslocado em meio aos amigos de Trent e até mesmo com a própria mãe, Duncan passa os dias pedalando pelas redondezas. Num de seus passeios ele conhece Owen, um cara despojado que trabalha no parque de diversões aquático local. Não demora muito para que o garoto se aproxime dele, especialmente quando consegue um emprego de verão no próprio parque.

Como disse ontem mesmo, sobre primeiros trabalhos de alguns diretores, hoje mais uma vez ficou claro isso, que raramente saímos desapontados com a estreia da maioria dos diretores. Pois aqui, os ganhadores do Oscar de Melhor Roteiro do ano passado Jim Rash e Nat Faxon, resolveram atacar de produtores, diretores, roteiristas e também de atores, coadjuvantes mas bem colocados na trama, e o melhor é que fazem tudo muito bem, agradando nas 4 áreas, ou seja, demitam todo mundo e saiam fazendo filmes que vocês tem potencial. O bacana da produção é que o roteiro é bem simples, mas todo trabalhado na forma de conhecimento pessoal que o garoto passa a ter da própria vida, que assim como no nome original se interpretado "The Way, Way Back", passa toda a ideologia que os diretores quiseram passar no seu filme. A forma de direção bem extrovertida também agrada por deixar os atores bem a vontade para que incrementem situações à trama, e isso faz com que todos saiam ganhando no final das contas. É inteligentíssimo ver como atores mais a vontade trabalham em prol das produção colocando suas experiências num ponto mais alto de interpretação possível, e isso acaba agradando muito no resultado que vemos na telona.

Então, ao vermos os atores tão à vontade, poderíamos até assustar se fosse um filme com atores que entopem seus textos de palavrões e escatologias, mas não, aqui todos fazem seu melhor para um filme bem família, agradável de ver. Liam James em alguns momentos até exagera na timidez, de tal forma que se fosse um filme escolar sofreria bullying a rodo e ficaria ótimo, mas aqui sua superação acaba agradando muito bem intercalando os momentos dramáticos com a timidez e os momentos mais divertidos com uma boa personalidade. Sam Rockwell parece uma criança solta no parque de tão ambientado e livre que está, conseguindo transmitir segurança tanto para a câmera nas suas interpretações, quanto para todos à sua volta de personagens, ele consegue ser dinâmico e simples na atuação, agradando na medida para ficar genial. Steve Carell já mostrou que sai melhor em dramas do que em comédias, e aqui fazendo um personagem "ruim", faz com que em diversos momentos queiramos bater nele de raiva pelo que faz, e faz muito bem isso, ou seja, por favor Carell não volte para comédias, pois lá você soa bobo, enquanto em dramas você mostra que sabe atuar ao invés de fazer palhaçadas. Toni Collette acaba ficando tão em segundo plano que no seu grande momento de descoberta quem acaba chamando mais atenção são James e Carell, enquanto fica chorando de canto, ou seja, poderia ter empolgado mais e chamado algumas cenas pra si, pois chance teve. Em compensação Allison Janney não perdeu nenhuma oportunidade e nos poucos momentos que está 99% enquadrada, ela ataca para que quem não estiver olhando para ela, vire o rosto e a veja fazendo sua interpretação um pouco exagerada, mas que agrada pelo perfil da personagem. AnnaShophia Robb é doce e agradável, mas poderia ser mais ativa também em alguns momentos sua interpretação parece vaga apenas ditando ao vento, mas no geral foi satisfatória. Maya Rudolph já é de praxe ficar em segundo plano nos filmes, mas aqui conseguiu chamar atenção em algumas cenas e até poderia agradar um pouco mais que ficaria perfeita. Não poderia deixar de falar dos diretores como atores não é mesmo, que apesar de serem apenas coadjuvantes que estão bem fora de quadro na maior parte das cenas, em alguns momentos até tentam soltar boas pérolas que conseguem deixar um certo charme na cena.

O visual de filmes de praia costumam agradar mais pelo visual de fundo, e não tanto como é visto aqui, já que não são casarões chiques, mas o mais popular mesmo, com elementos cênicos que lembram até nossas idas reais à praia, com vizinhos se intrometendo na vida alheia, montando festas juntos, galpões com objetos antigos e tudo mais para caracterizar bem o filme. A fotografia trabalhou com cores claras e divertidas nas cenas no parque aquático para mostrar que a personalidade do garoto ali era criativa e divertida, onde ele se sentia "em casa" e tons mais escuros e tristes nas cenas de sua timidez na casa do namorado de sua mãe, para retratar que não estava satisfeito com aquilo, e assim sendo o trabalho de iluminação serviu muito para harmonizar as cenas.

Aliado a tudo isso de bom que já citei do filme, ainda optaram por diversas músicas boas das antigas que acabam divertindo bastante a trama e dando um ritmo interessante para a trama, sem correr com os fatos e também não enrolando e cansando o espectador.

Enfim, é um filme que recomendo com certeza, pois é gostoso de assistir sem se preocupar com nada e ao mesmo tempo ver que um drama sobre timidez pode ser agradável sem necessitar ser chato. E também serve para guardarmos esses dois nomes dos diretores, que já levaram um Oscar ano passado em roteiro, e agora estão botando as asinhas de fora com um ótimo filme, então quem sabe logo mais começam a ganhar muito mais renome em Hollywood. Fico por aqui hoje, mas amanhã estou de volta com mais filmes para comentar. Abraços e até breve pessoal.


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A Espuma dos Dias

10/27/2013 02:05:00 AM |

Já assisti diversos filmes malucos, mas jamais imaginaria metade do que vi em "A Espuma dos Dias", onde a cada 1 minuto eu só ouvia, em alto volume, meu cérebro gritando o que é isso meu Deus! Sinceramente não sei que tipo de erva o diretor misturou para conseguir imaginar tudo o que é mostrado no filme, pois misturar animação com live-action em alguns casos é aceitável, mas no nível fantasioso que é feito tudo aqui é abusar da imaginação fértil das pessoas. Tudo bem que não posso falar que não foi divertido certos momentos, mas o exagero em dramatizar de forma animada tudo que ocorre na trama acaba ficando piegas demais e cansa de tal forma que nem o significado da perca das cores, simbolizando o fim da fantasia acaba salvando o longa de ser chato.

O filme nos mosta que Colin é um homem rico e despreocupado, que nunca precisou trabalhar. Tímido, ele nunca teve muito sucesso com as mulheres, até ser apresentado a Chloé durante uma festa. Apesar de um primeiro encontro desastroso, os dois se apaixonam e se casam. O casal está sempre cercado pelos amigos Nicolas, um cozinheiro talentoso, Chick, um intelectual pobre e fascinado pelo filósofo Jean Sol-Partre, e a extrovertida Alise. Tudo caminha bem, até o dia em que Chloé é diagnosticada com uma doença rara: ela tem uma flor de lótus crescendo dentro do seu pulmão. O caríssimo tratamento exige o uso de diversos medicamentos e a aplicação de centenas de flores, levando Colin à falência, e a amizade do grupo à crise.

O diretor Michel Gondry é famoso mesmo em Hollywood por filmes que não são de fácil interpretação, mas poderia ter sido menos exagerado na adaptação da obra de Boris Vian para que existisse ao menos uma coesão nos fatos mostrados, já que tudo, sem nenhum exagero, pode e tem duplo sentido no filme. E nem que sua mente seja muito trabalhada em figuras de linguagem você conseguirá assistir ao filme num cinema, afinal em vídeo até dá para ir parando e pensando, e ir completando todas as lacunas de que ele quis dizer com a cena mostrada. Com isso, o misto na sala de cinema fica entre pessoas que riram de tudo parecendo hienas, os que dormiram, e os que ficaram tentando pensar na velocidade da luz e saíram da sala com dor de cabeça de tanto pensar, e vou me colocar num misto da última categoria com um pensamento além de o porque a moça na minha frente ria de tudo mesmo. Agora tirando toda a forma pensante do longa e analisando somente a obra de arte que são as animações, mesmo que exageradas, tudo funcionando num ritmo muito maluco, é lindo de se ver, preferiria que o filme não tivesse toda a conotação maluca e ficasse só preso às animações que talvez agradaria bem mais.

Os atores conseguem conduzir o filme até certo ponto, pois em alguns momentos é notável a expressão de que não sabem nem mais o que estão fazendo. Romain Duris começa de forma bem bacana, trabalhando com as animações até parecendo orquestrá-las, e com isso ao mesmo tempo que agrada acaba destoando seus trejeitos para as câmeras, e aí é que entra o perigo de se trabalhar com animações, pois o ator acaba sem saber para onde olhar, mas depois conforme vai ficando mais trabalhado com os demais atores passa a mostrar que é maluco suficiente para acreditar no roteiro e dizer todos os diálogos de forma convincente e interessante. Audrey Tautou, nossa eterna Amélie Poulain, mantém sua atuação doce e delicada do início ao fim, fazendo de seu personagem um misto da mulher infantilizada com as princesas fantasiosas das animações. Omar Sy que tanto idolatrei em "Intocáveis", é o ator que mais trabalhou com as animações e acabou caricato demais, chegando a incomodar em diversos momentos, porém quando abria sua boca para dialogar, mostrava o porque é o ator negro mais comentado do cinema francês. Gad Elmaleh que também enchi de elogios semana passada em "O Capital", faz um personagem metódico e vidrado em livros de um filósofo e pra não falar que ficou um personagem chato, ficou no mínimo irritante estar repetindo a todo momento as mesmas coisas. O restante dos atores acaba sempre se comunicando rapidamente com os protagonistas, e também não ajudam em nada para melhorar o filme, valendo destacar apenas os belos trejeitos do pequeno rato interpretado por Sacha Bourdo que no começo fica gracioso, mas depois começa e enjoar.

O visual é um ponto interessante que a equipe de arte soube trabalhar bem, pois com a quantidade de elementos animados na tela, fica difícil até saber o que usar para cenografia, afinal a maioria dos elementos são colocados na pós-produção junto das atuações dos atores, e isso acaba engessando um pouco o conteúdo real da trama. Mas o trabalho da equipe gráfica para criar os elementos animados ficou tão bonito e divertido que mesmo a história ficando confusa demais, acabamos maravilhando com toda movimentação deles e isso acaba ficando legal, mas altamente exagerada principalmente nas cenas animadas onde os atores acabam sendo animados, por exemplo na dança, apertos de mão, etc. A fotografia como disse no início é toda colorida e fantasiosa, e conforme a doença da protagonista e o brilho do amor vai morrendo, a película vai perdendo a cor, de uma forma até bem poética, porém devido o excesso de animações, acaba que a iluminação não fica gostosa e fluída para assistir tranquilamente.

Enfim, é um filme que se não fosse tão exagerado talvez agradaria bem mais pelo conteúdo poético que tenta passar, mas da forma que foi concebido, como eu disse no começo e no Facebook, só se você estiver bem drogado para conseguir sair feliz depois de tudo que é expressado na tela. Não chega a ser algo 100% inaproveitado, mas ainda está bem longe de ser algo que agrade. Fico por aqui, mas nesse Domingo confiro mais uma estreia da semana, e na segunda volto com mais filmes do Festival, afinal já conferi os dois que irão passar hoje. Para quem não viu a programação segue aqui, e já aviso quem goste de cinema que na próxima semana começa a Itinerância da Mostra Internacional de Cinema, que virá para Ribeirão com essa programação. Então preparem-se que o Coelho vai lotar de posts nas próximas semanas. Abraços e até mais tarde então pessoal.



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A Coleção Invisível

10/26/2013 09:28:00 PM |

Poucas vezes um filme nacional não comercial conseguiu me emocionar, pelo menos não consigo lembrar de quase nenhum, tirando o melhor filme nacional que já vi e que dificilmente algum outro conseguirá substituir que é "Olhos Azuis". Mas hoje com "A Coleção Invisível" já posso colocar na minha lista de mais um filme brilhante que merecia ser visto por mais pessoas, principalmente aquelas que acham que o dinheiro vai durar a vida toda e que as adversidades nunca irão aparecer. O longa começa de uma forma vagarosa e estranha, mas vai crescendo numa intensidade tão bela que poucas obras poderiam ser igualadas na beleza que conseguiram transmitir no final perfeito.

O filme nos mostra que para resolver a crise financeira da loja de antiguidades de sua família, Beto se aventura ao interior da Bahia em busca de uma coleção de gravuras raras. Lá ele encontra Samir, o colecionador, e a sua família arruinada pela decadência das plantações de cacau. Este encontro o fará mergulhar na sua própria história familiar e mudar sua visão do mundo.

É interessante ver como muitos primeiros filmes costumam sair maravilhosos, pois geralmente sem muito dinheiro e com o ego ainda num nível baixo, os diretores costumam fazer verdadeiros milagres para que consigam tirar um projeto do papel. E não foi diferente com Bernard Attal que soube dosar toda singeleza em sua mão para baseado no conto homônimo de Stefan Zweig criar uma história comovente como muitas vezes o cinema não conseguiu transmitir. A forma inicial aparentava um longa fraco e sem muita coisa para falar, mas conforme vai ligando os pontos finais da trama, e no momento exato do ápice, não tem um lutador de UFC que não cairia com o tamanho do soco no estômago que o filme dá no protagonista e em todos os espectadores, algo que em momento algum poderíamos imaginar, mas que bem dirigido e magnificamente interpretado pelos atores conseguiu comover na medida.

É interessante falar sobre as atuações, pois estamos acostumados a ver Vladimir Brichta fazendo papéis cômicos e ele tem um bom tino para dramas, conseguindo ter um bom momento de explosão e principalmente fazendo bons trejeitos para manter os momentos delicados em sintonia com a câmera, ou seja, perfeito. O longa acabou pegando uma certa fama, por ser o último trabalho de Walmor Chagas e como ele demora a aparecer estava quase crendo que tinha morrido durante as filmagens e tinham cortado partes que haviam ficado pela metade, mas não, o ator entra no momento certo para fazer três cenas memoráveis que devem ser realmente lembradas como um bom final para o ator, seus momentos são raros de se ver sem se comover com tudo que é dito em tom maravilhado e na medida. Ludmila Rosa é uma atriz um pouco difícil de se analisar, pois teve momentos que explodiu exageradamente e poderia ter feito uma atuação mais centrada, mas soube dosar bem nos demais momentos e até acaba sendo agradável no geral. Dos demais atores são poucos os momentos que valem ser citados, mas vale destacar a rispidez de Clarisse Abujamra e o entrosamento das falas do garoto Wesley Macedo que deve fazer essa boa recepção com todos que aparecem na cidadela.

Em alguns momentos o cenário é tão assustador parece mais cenário de um filme de terror, mas infelizmente é a realidade do que aconteceu nas fazendas de cacau da Bahia com a vassoura de bruxa, e a equipe de arte foi extremamente feliz em achar essas locações para retratar o filme com uma consistência única de ser vista. Os elementos cênicos poderiam ser melhores em algumas cenas, mas não chegam a atrapalhar tanto. A fotografia soube aproveitar bem das cenas abertas para utilizar iluminação natural e agradar bem, enquanto nas locações fechadas optou por uma iluminação mais densa puxada para tons escuros que ditaram os momentos mais dramáticos da trama.

Enfim, um excelente filme nacional que infelizmente não deve aparecer tão cedo nas locadoras, pois é bem alternativo e provavelmente irá se resumir a rodar os diversos festivais espalhados pelo Brasil afora, o que é uma pena imensa, pois muitos deveriam poder conferir ele nos cinemas comercialmente. Recomendo quem for de Ribeirão Preto que venha ao Festival de Cinema assistir a próxima sessão dele no dia 29 às 21:30, pois pode ser a única chance de conferir nessas bandas. E quem não for torça para passar em algum festival por aí ou quando sair nas locadoras, confira que vale muito a pena principalmente pelo final. Fico por aqui agora, mas já vou para mais uma sessão do Festival de Cinema de Ribeirão Preto e mais tarde volto com mais uma crítica. Abraços e até mais pessoal.


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O Conselheiro do Crime

10/26/2013 02:08:00 AM |

Se existe um estilo de filme que vamos assistir sem esperar nada é o de carteis de drogas que envolvam crimes, pois não dá para prever se irá ficar light com apenas algum suspense ou se partirá mais o estilo mafioso e violento, já que assistimos filmes feitos de ambas as formas. Então imagine a mistura dos dois estilos num único filme chamado "O Conselheiro do Crime", onde tudo, mas tudo mesmo é possível, desde cenas selvagens sexuais e de animais, até muita violência não apenas física, mas verborrágica, onde alguns diálogos são grandes pensamentos que ligam bem a história mas que poucos atores conseguiriam fazer tão bem dramatizadas. Porém, embora seja forte no quesito sangue, suspense e dramatização, o roteiro acabou ficando um pouco bagunçado e acaba não deslanchando como deveria, ficando mais preso nas interpretações dos atores do que na história em si.

O filme nos mostra que um advogado está prestes a se casar com sua noiva, e decide juntar dinheiro participando de um dos esquemas ilegais organizados por seus clientes. O plano envolve o tráfico de centenas de quilos de droga, no valor de 20 milhões de dólares. Apesar de hesitar no início, ele aceita. Mas a execução do esquema não ocorre como planejado, e logos todos serão visados pelos chefes de um cartel mexicano. Enquanto os outros parceiros têm experiência no crime e sabem como desaparecer, o advogado não sabe como agir, e teme pela segurança de sua noiva. Sem escapatória, este homem perturbado começa a refletir sobre seus atos, tendo que aceitar as consequências brutais de seu envolvimento no crime.

Não sendo machista demais, já adianto um pouco dizendo que muitas mulheres não gostarão muito do filme, pois na sala onde assisti, era notória a diversão masculina enquanto algumas moças estavam de cara amarrada na saída. Mas como sempre há exceções, com certeza haverá as que irão gostar bastante também. Dito isso, é fácil observar como Ridley Scott ainda possui uma mão boa para dramas e consegue fazer seus atores trabalharem muito bem o primeiro roteiro para cinema do escritor renomado Cormac McCarthy. E esse detalhe do roteirista ser um escritor de livros fica claro nos tamanhos dos diálogos, tendo momentos que o mesmo ator fala em quantidade de legendas umas 10 linhas seguidas, e o melhor fica muito bom esses textos longos, pois se pararmos e analisarmos eles, conseguiremos montar o filme todo praticamente sem nenhuma ação, mas como acabamos indo na maior parte do tempo nas interpretações do elenco estelar, acabamos nos perdendo um pouco na história e muitos vão até classificá-la como fraca, pois irão ficar esperando mais algo que não é necessário ser mostrado. E esse problema de não ser mostrado tudo é em parte grave, pois muita coisa acaba não sendo explicada nas entrelinhas, então alguns personagens acabam jogados na história tendo vindo do nada e principalmente levando a lugar algum, faltando elos maiores para que tudo ficasse redondo.

Bom, esse ano parece que os atores hollywoodianos resolveram trabalhar realmente né, pois a cada dia aparece um novo nome que apostaria fácil pelo menos uma indicação à prêmios, e a bola da vez aqui é Cameron Diaz, sim uma das atrizes mais criticadas por todos, vem toda caracterizada num figurino bem sexy e misterioso, com diálogos precisos e cravejados de muita maldade, onde acerta na medida para o que seu personagem pedia, além claro de uma das cenas de sexo mais polêmicas que já fizeram no cinema, deixando até o personagem esquisito de Javier Bardem sem palavras. Falando em Bardem, é notável que em quesito de personagens diferentes ele só anda perdendo para Johnny Depp no cinema, e novamente faz um criminoso mais estranho possível, com roupas coloridas e trejeitos interessantes, só capricharia mais no sotaque espanhol dele que anda sumindo demais e aqui por ele estar no México acredito que agradaria mais. Michael Fassbender consegue mostrar muita personalidade para um advogado corrupto e finaliza sua participação com uma dramatização exagerada, mas que cabe bem no contexto da história, ficando bonita de ver. Brad Pitt agrada também no quesito de boa interpretação de diálogos, mas seu personagem é um dos que acabam um pouco jogados ao vento, e ele auxilia isso com olhares tão vagos que em momento algum encontram a câmera, poderia ter trabalhado um pouco mais o personagem que mesmo sua história sendo aberta ficaria mais agradável de acompanhar. Agora do elenco estelar, alguém tinha de ser a decepção da noite, e ela coube a Penélope Cruz, que dando um pequeno spoiler, teve seu final no mesmo nível de sua atuação, quem assistir entenderá e irá rir muito desse meu comentário, pois a atriz já teve muitos melhores papéis e aqui não fez nem 1% do que sabe. Os demais todos são em sua maioria figurantes de luxo que possuem algumas falas até interessantes para a trama, mas se o filme com seus 111 minutos não conseguiu desenvolver nem os protagonistas direito, quanto mais os papéis menores, mas vale a pena prestar muita atenção nos momentos iniciais de Bruno Ganz como um avaliador de diamantes que já dita algumas boas pistas para o restante do filme.

Outro bom fator do longa está no visual perfeito de elementos cenográficos que conseguiram escolher com precisão, desde a riquíssima e excêntrica casa do personagem de Bardem, que possui dois pequenos "gatinhos" de estimação, e tudo é muito colorido e bem produzido, até um caminhão de coleta de esgoto que damos graças a Deus por o cinema com cheiro não ter vingado tanto, embora existam algumas salas por aí, pois se apenas vendo os atores passando mal com o cheiro, imagina sentirmos também. Além disso, temos vários elementos bem mostrados para caracterizar cada personagem desde seu figurino até as coisas que usam, ou seja, tudo muito bem caprichado desde os personagens até as ótimas locações. A fotografia optou por um tom amarelado bem leve nas cenas abertas e tons mais escuros nas cenas internas para dar um pouco mais de tensão, tirando claro todas as cenas que envolvessem Barden, que o exagero de cores predomina por onde passa.

Enfim, é um filme que não dá para ficar em cima do muro, ou você vai gostar ou não, possui alguns defeitos que atrapalham um pouco como disse acima, mas nada que desmereça a qualidade técnica tanto do diretor quanto do elenco no geral. Poderiam ter desenvolvido melhor alguns personagens e a história para que tudo ficasse conectado de forma mais clara, mas é uma opção de risco que alguns diretores costumam preferir deixando aberto para as devidas conclusões de cada espectador, e nem sempre dá certo. Mas na totalidade me agradou e divertiu, tanto que recomendo principalmente para aqueles que gostam de filmes mais violentos, mas que não sejam de violência gratuita, afinal como todos sabemos quem mexe com o crime está aberto às suas consequências. Fico por aqui, mas essa semana ainda está bem recheada de filmes para postar aqui minha opinião, então abraços e até bem breve pessoal.


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Vocês, os Vivos

10/25/2013 01:07:00 AM |

A comédia do absurdo é um gênero que domina muito lá fora e no Brasil ainda assusta um pouco o público que a desconhece, afinal aqui preferem mais o estilo pastelão romântico novelesco do que o absurdo cômico, mas o grande barato desse estilo é que ele mesmo sendo inusitado acaba fazendo você rir de tão surreal que é. Com a quantidade de esquetes inusitadas e misturadas num filme alemão, do qual você só entende a palavra caipirinha, "Vocês, os Vivos" consegue trabalhar bem com situações cotidianas, mas poderia ser melhor se mantivesse a mesma linha do início ao fim, pois seria mais divertido e agradável.

O filme observa o comportamento humano. Sem seguir uma estrutura tradicional, a narrativa acompanha homens e mulheres que vivem situações banais e repetitivas do cotidiano. Do homem bom ao miserável, da alegria ao sofrimento, da autoconfiança à ansiedade. Desta forma, vemos uma garota apaixonada, empresários, donas de casa, criminosos, bêbados... Oscilando entre seus sonhos e a realidade, eles estão condenados à incomunicabilidade.

A história por ser bem aberta e não seguir praticamente nenhuma linha que possamos discutir é um pouco inusitada, mas como vejo da seguinte forma se uma comédia faz rir, ela cumpriu seu papel que foi idealizada inicialmente, então o filme agrada, pois a sala riu do início ao fim da sessão, mesmo o longa decaindo em situações bem sem graça. Claro que por possuir em diversos momentos muito de humor negro, o filme abusa e faz com que algumas pessoas só deem sorrisinhos, mas no geral acaba agradando todos que forem assistir mesmo os que não sejam muito adeptos do estilo. Um fator interessante que o diretor Roy Andersson soube fazer muito bem foi intercalar as situações não insistindo tanto em uma única esquete, o que poderia ser cansativo, então quando ele vê que o momento acabaria ficando chato demais, ele intercala com outro, levanta a moral do filme e volta com a situação anterior para ela ser finalizada, e assim todas acabam ficando boas no geral.

Me recuso a falar de ator por ator, já que passaria horas aqui só pra conseguir escrever os nomes deles, então vou citar apenas as melhores esquetes na minha humilde opinião: a do vizinho que toca tuba e a do julgamento completa desde o motivo ocasionado até a sentença. E a pior sem dúvida alguma a finalização do filme com a cena do pôster.

Os cenários todos coincidiram bem para a trama, agradando mais pelos elementos cênicos que são usados do que pela criatividade em si, pois são em sua maioria bem simples, mas todos sempre bem usados para que a esquete funcione. A fotografia além de bem fora dos padrões que conhecemos, trabalhou demais em tons escuros, o que pra uma comédia é quase tão absurdo quanto da ideia inicial, já que normalmente para fazer as pessoas rirem são colocados coisas claras, mas como o humor apresentado aqui é negro, então vale tudo.

Enfim, foi uma boa abertura do 11° Festival de Cinema de Ribeirão Preto, o longa estará em cartaz nos dias 25 às 21h30 e 27 às 19hs e quem quiser conhecer um pouco mais desse estilo de cinema tão diferente, mas que diverte bastante é uma boa opção para conferir. Por ser um filme que já está rodando diversos festivais há muito tempo, talvez até poderia já existir cópias para serem locadas, mas como é um filme alemão dificilmente aparecerá nas nossas locadoras tão cedo, então fica a dica para quem for da cidade. Encerro o texto aqui, mas nessa semana além das estreias comerciais, irei conferir todos os demais filmes do Festival e irei colocando aqui minha opinião para quem quiser ler. A programação completa do Festival pode ser vista aqui, então abraços, boas sessões à todos e até bem breve.


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Depois de Maio

10/23/2013 11:44:00 PM |

As pessoas que me conhecem sabe que não sou nem contra nem a favor das mil manifestações que existem pelo mundo afora, mas prefiro ver que existam pessoas que saibam o porquê estão fazendo e o que realmente querem, o que não acontece muitas vezes, pois a pessoa começa defendendo uma causa e de repente está em outra que não tem nada a ver com a primeira que iniciou. Pensando dessa forma, assistir a "Depois de Maio" é ver exatamente isso, caso o diretor praticamente saísse para o meio de uma dessas revoluções e encontrasse um jovem que deseja seguir carreira dentro do cinema, ou pintando, ou desenhando, e resolve aderir a causa estudantil por melhorias, depois acaba indo pro lado dos trabalhadores, e depois já nem sabe mais o que quer da vida, se é continuar pintando, defendendo causas ou entrar num relacionamento. Se você leu isso que escrevi e ficou confuso, essa é a premissa do filme a confusão mental de um jovem em meio a várias revoluções que ocorreram nos anos 70 na Europa. Porém o problema do filme é, assim como o protagonista, não escolher para que rumo vai seguir, atirando pedras pra todos os lados e quem sabe conseguindo atingir algum espectador que siga a mesma ideologia, enquanto quem não se assimilar com ele, acabará desistindo, também como o protagonista, da vontade de ver o filme.

O longa nos situa na região de Paris, no início da década de 1970, onde Gilles é um jovem estudante imerso na atmosfera criativa e política da época. Como os seus colegas, ele está dividido entre o investimento radical na luta política e a realização de desejos pessoais. Entre descobertas amorosas e artísticas, sua busca o leva à Itália e ao Reino Unido, onde ele deverá tomar decisões essenciais ao resto de sua vida.

O roteiro de Olivier Assayas é bem construído em cima das indecisões do protagonista, e isso de certa forma é interessante, mas o problema é que o diretor também acabou ficando indeciso em que linha seguir, deixando para resolver quando não tinha mais tempo de película, largando um longa de 122 minutos praticamente abandonado de seus reais ideais, e pior do que isso, como não possui um ritmo marcado, acaba parecendo ter quase a duração do outro longa do diretor, "Carlos", que possui apenas cinco horas!!! Pode ser uma opinião bem pessoal, mas caso tivessem optado por seguir a linha do final, mesmo que mantendo ideais políticos, ainda assim seria um filme de manifesto, alternativo e acabaria sendo bem mais agradável, pois saberíamos aonde iria levar e como seria levado, agradando muito mais. Mas essa é uma opinião mais pessoal, o que pode ser que qualquer outra pessoa prefira de forma diferente.

Outro fator que pesou muito, e agora que li sobre o filme consegui enxergar de onde é o problema, foi a escolha de somente não atores enquanto caminhava pelas ruas para todos os papéis principais do filme, e isso é de um perigo imenso, pois embora as interpretações ficassem dentro de um patamar aceitável, afinal a opção do diretor foi trabalhar as indecisões do protagonista, os trejeitos sempre ficaram vagos na tela, pois isso funciona bem com figurantes, ou até mesmo depoimentos livres, enquanto que num longa de mais de 2 horas onde a todo momento os protagonistas dialogam, fica parecendo uma conversa de boteco que ninguém sabe o que vai comer quando não está com fome. O protagonista Clement Métayer não chega a ser péssimo, mas substituiria bem o Fiuk na Malhação tanto pelo visual quanto pela forma de atuar. Dito isso é melhor nem falar dos demais, afinal falar de não atores atuando é algo bem fácil de criticar apenas.

Agora se temos de elogiar algo do filme é a escolha das locações e elementos cênicos, tanto para representar os anos 70 bem quanto para retratar tudo que se passa pela vida conturbada do jovem. Só vale uma ressalva quanto do figurino do protagonista que está sempre usando camisetas pintadas a mão com poucos detalhes diferentes entre uma e outra parecendo que está usando a mesma roupa durante a duração de meses que se passa o filme todo. E essa boa escolha das locações auxiliou demais na fotografia que usando tons bem vivos, acabou iluminando de forma consciente para retratar os sentimentos exatos do momento em que está ocorrendo.

As escolhas musicais são agradáveis e gostosas de acompanhar, mas ao invés de darem ritmo para que o filme fluísse, elas amarram a trama na mesma velocidade que as várias mobiletes andam na tela, e assim acabam cansando e dando sono.

Enfim, é um filme que não recomendo a não ser que você goste de filmes indecisos e seja a favor de tudo, mesmo não sabendo do que se trata. Como disse se tivesse optado por outra vertente seria um excelente filme com um bom mote e até mesmo com não atores talvez ficasse bem legal de acompanhar, mas da forma que foi feito acabou sendo um pacotão de presente bonito esteticamente, mas com nada dentro para ser lembrado. Encerro a semana cinematográfica aqui, mas logo mais já tem novos posts da próxima semana por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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Augustine

10/22/2013 10:55:00 PM |

Se você é fã de psiquiatria ou qualquer coisa ligada a problemas mentais de estudo sexual, esse é o filme que indico sem dúvida alguma para assistir. Claro que muitas mulheres que não entenderem que naquela época do filme a forma de estudos era nesse estilo irão ficar chocadas com "Augustine", mas a temática e a forma feita é tão bela que acaba sendo relevante o teor sexual da histeria que é tratada no filme, principalmente por ser o primeiro longa de uma diretora, então ela soube dosar e agradar tanto os da área quanto os curiosos que gostarem de um filme bem feito e com boa pegada.

O longa nos situa no inverno de 1885, em Paris, onde o professor Jean-Martin Charcot, do Hospital Pitié-Salpêtriere, está estudando uma doença misteriosa, a histeria, que atinge apenas as mulheres. Devido à pouca informação sobre a doença e suas características peculiares, os ataques de histeria por vezes são confundidos com possessões demoníacas, o que faz com que Charcot tenha que provar a seriedade de sua pesquisa. Um dia, chega ao hospital a jovem Augustine, de apenas 19 anos, que teve um ataque durante o trabalho. Logo ela se torna objeto de estudo de Charcot, que passa a dedicar um bom tempo à garota. Augustine acredita que Charcot possa curá-la e, aos poucos, desenvolve uma relação especial com o médico.

Como o filme tem todo um embasamento real de uma das pacientes de Charcot, alguns momentos até parece virar um pouco documental, com mulheres dando seus depoimentos de como se sentiam e o que faziam, mas o grande potencial da obra recai quando a diretora bota a ficção para ferver com todo o sentimentalismo entre os protagonistas e suas interações, até mesmo as de cunho extremamente forte e sexual, pois em momento algum sentimos estar vendo inverdades e no decorrer do filme em momento algum conseguimos imaginar um final para ele, o que na minha opinião é ótimo e agradável por dar ao público o que ele espera sem forçar sua mente para fabricar ilusões. Agora como comentei com alguns amigos, assistir esse filme com algum psiquiatra deve ser praticamente uma sessão de tortura, já que terão horas para discutir métodos, linguagens e tudo mais da forma técnica que era empregada na época os tratamentos e exames, como já vimos em outros filmes que envolvam essa temática, mas quem for da área e quiser comentar abaixo, toda informação é construtiva e válida, então não se acanhem. Voltando a falar sobre o filme, um outro ponto que vale ser ressaltado da diretora Alice Winocour conseguiu trabalhar o elenco todo em prol da câmera, pois geralmente iniciantes em longas costumam deixar os atores mais soltos, o que aqui difere por conseguirmos sempre vê-los enquadrados conforme a cena pedia.

Dos atores vale a pena falar realmente apenas dos dois protagonistas que captaram toda a essência do tema e trabalharam muito seus personagens para ficarem bem convincentes em tudo que faziam. A pobre Soko, sim esse é o nome da atriz sem sobrenome nem nada, consegue dar angústia até na pessoa mais calma possível, passando horas com um olho fechado, mais outras horas com um braço pendurado de forma extremamente dolorido, e por aí vai, fazendo isso com a expressão mais perfeita impossível para alguém que está sofrendo, mas não transmite com exageros, porém poderia em algumas cenas ter salientado mais convicção nos diálogos, que muitas vezes soam superficiais, mas tirando isso está perfeita. Vincent Lindon praticamente como diria algumas pessoas mais antigas chupou um caju verde e foi filmar, sua expressão fechada e séria de médico é introspectiva demais, claro que naquela época não tínhamos médicos tão saltitantes como temos hoje, mas um pouco de harmonia de humor cairia bem para a trama e faria ela ficar até um pouco mais leve já que não arrumaram um ator bem parecido com o médico original. Dos demais todos fazem pequenas pontas, então nem convém destacar ninguém.

A equipe de arte conseguiu fazer um trabalho bem denso de elementos de época, colocando figurinos à prova e até alguns objetos de praxe já vistos em outros filmes psiquiátricos, onde muitas coisas pareciam até elementos de tortura, mas eram usados como tratamento. Além disso, optaram por cenários bem escuros que acabam em alguns momentos até parecendo ser de filmes de terror, com um clima denso e ao mesmo tempo bonito de ser observado. A fotografia seguiu a mesma linha, trabalhando muito com o cinza e o marrom, onde tudo ficou extremamente pesado e acabou auxiliando o filme a ter a pegada que tem.

A trilha sonora pontuada intercalando grandes momentos de silêncio junto de ritmos tensos onde tudo poderia ocorrer na sequência é um fator bom para dar a tensão que o longa pedia, mas também contribuiu bastante para que ele parecesse ter uma duração muito maior do que realmente tem, e isso pode ser uma faca de dois gumes, ao cansar alguns espectadores que não estiverem realmente interessados no filme.

Enfim, é um longa que vale a pena ser visto, afinal como diria os mais antigos de médico e de louco todo mundo tem um pouco, então aqui podemos ver as duas situações. Não é algo que vai agradar a todos, mas é um belo trabalho artístico de iniciação da diretora com boa técnica empregada e que consegue manter a tensão na maioria dos momentos. Por trabalhar com um tema de difícil entrosamento para o público também vai criar algumas rejeições, mas nada que muitos outros filmes famosos não tenham passado também. No geral vale a pena ser visto com essas ressalvas apenas. Fico por aqui hoje, mas amanhã estou de volta com mais um filme do Cine Belas Artes Ribeirão Preto, com "Depois de Maio", então quem quiser me acompanhar fica o convite para amanhã às 19hs nos Estúdios Kaiser de Cinema. Abraços e até amanhã pessoal.


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Serra Pelada

10/21/2013 10:17:00 PM |

É interessante ver como o cinema nacional evolui de uma forma bem estranha, pois mesmo aumentando o tamanho das produções, ainda insistem em utilizar muitas cenas de arquivo e câmera na mão para dar ritmo frenético a um filme. Isso é um pouco do mostrado em "Serra Pelada", que além disso contém um roteiro bem trabalhado nos diálogos e mais ainda numa reconstrução de época que há tempos não víamos em nossos filmes. Talvez se tivessem acalmado mais a mão sairia um excelente filme, mas em contrapartida não seria um longa de Heitor Dhalia, que é reconhecido pela câmera desordenada. Em diversos momentos você achará que está assistindo à "Cidade de Deus" ou até mesmo "Carandiru", mas as referências acabam sendo apenas jogadas ao utilizar um ou outro elemento de cada filme.

O longa nos situa em 1980. Juliano e Joaquim são grandes amigos que ficam empolgados ao tomar conhecimento de Serra Pelada, o maior garimpo a céu aberto do mundo, localizado no estado do Pará. A dupla resolve deixar São Paulo e partir para o local, sonhando com a riqueza. Só que, pouco após chegarem, tudo muda na vida deles: Juliano se torna um gângster, enquanto que Joaquim deixa para trás os valores que sempre prezou.

Muitos que lerem o parágrafo inicial podem achar que não gostei do que vi, mas muito pelo contrário, eu achei fascinante a forma que o diretor desconstrói os personagens de todos os atores, mostrando o que ele frisou em diversos diálogos que aquele lugar transforma as pessoas. E mesmo utilizando de diversos momentos em que a câmera parece maluca na mão do cinegrafista, isso vai fazendo com que o espectador também entre no mesmo clima que os protagonistas, trabalhando cada vez mais as expressões deles junto do momento em que o filme vai passando. Heitor já havia feito isso brilhantemente em "O Cheiro do Ralo" e agora utilizou das mesmas técnicas para trabalhar com muito mais personagens e com um orçamento muito maior também, aonde pode recriar o garimpo da melhor forma criativa possível, utilizando 1600 figurantes, o que deu um visual monstruoso em diversas cenas.

Se Heitor é famoso por fazer seus atores trabalharem muito bem, então vamos falar deles, afinal uma das melhores coisas do filme está no elenco. Se muita gente acha fraco o trabalho de Juliano Cazarré nas novelas, precisa assistir rapidamente os filmes que participa até mesmo os que praticamente figura, pois o cara é o ator de cinema com mais expressões possíveis, e aqui ele embora comece com cara de bobo, mas que só não vê suas reais intenções quem não quer, só vai piorando sua forma íntegra, denegrindo sua imagem e virando praticamente um assassino a sangue frio que faz de tudo pelo poder, e isso sempre sendo autêntico, o que é muito bom de ver na tela em um único ator, para melhorar poderia ter sido mais sujo em alguns momentos, que agradaria mais ainda do bom que foi. Julio Andrade também trabalha bem, mas seu personagem começa como principal, faz cenas boas como principal, atua como principal, mas vai numa decaída de interpretação no final que se tivesse mais uns 30 minutos de filme era capaz de ficar preso na figuração recebendo o mesmo cachê dos 1600 peões de obra, pois vai ficando apagada demais sua interpretação de forma que em sua última cena não consegue convencer nem mesmo dentro da sua própria família. Matheus Nachtergaele é um mito, e quando está disposto a entrar de cabeça num personagem, vai com os trejeitos na melhor forma possível até ir pra vala, e sua interpretação é ímpar em todos os momentos de forma que até repetindo frase fica bom de ser visto. Wagner Moura que era pra ser um dos protagonista, mas como o longa demorou demais para sair do papel, fez apenas algumas cenas e mostra que sua loucura é melhor ainda em papéis pequenos e carecas, pois fiquei com medo dele na cena junto do delegado. Sophie Charlote inicia no cinema de forma contundente e trabalha muito bem, ficaremos no aguardo de um papel maior para que possa trabalhar mais os diálogos, mas no quesito expressão, aqui já deu para conferir que é melhor ainda no cinema do que na TV.

A cenografia que se passa tanto em Belém como em Mogi das Cruzes e Paulínia, foi feita embasada numa pesquisa muito rica que só quem viveu mais ou menos perto da época ou já viu filmes que se passam nessa época saberá valorizar, pois desde ótimos figurinos totalmente dentro do contexto e muito bem colocado, até os puteiros que eram bem místicos com suas coisas estranhas foram caracterizados com perfeição pela melhor equipe de arte que conhecemos comandadas pelo brilhante Tulé Peak. O uso excessivo de imagens de arquivo que reclamei de início foi compensado por uma fotografia mais que perfeita, suja na medida exata para integrar as imagens existentes com as filmagens sem que ficassem exageradamente escancaradas, e isso poderia até ter sido melhor visto se não exagerassem tanto nas câmeras corridas na mão.

Uma coisa que ao mesmo tempo ficou bonita pela reconstrução de época, mas que cansa demais é ficar ouvindo durante toda a duração do filme as péssimas músicas que tocavam. Sinceramente não sei como as pessoas aguentavam ouvir aquilo. Como uso do filme excelente, mas como gosto musical é doído demais a breguice que tocavam na noite de bordéis e por aí afora.

Enfim, é uma produção de nível exemplar que poderia figurar como o melhor filme nacional do ano, mas que acaba pecando por alguns excessos. Agrada muito como algo marcante duma época difícil e também pela desconstrução que o dinheiro e poder faz em qualquer pessoa, seja na época em que for, e nesse quesito o longa é um acerto gigante. Então haverá críticas espalhadas de toda forma possível, onde alguns adorarão, outros odiarão e outros pontuarão coisas boas e ruins como fiz, mas que tem muito mais boas do que ruins. Recomendo para quem gostar de filmes mais certinhos que tente ver ele como uma série mais rebelde, senão a chance de reclamar do que verá é bem grande, e para quem gostar de filmes mais diferenciados tentar não entrar tanto no clima novelesco que algumas cenas possuem. Pois tirando esses detalhes que citei, o longa deve agradar a todos. Fico por aqui hoje encerrando as estreias da semana, mas ainda tenho de conferir os atrasados que apareceram agora por aqui, então abraços e até bem breve pessoal.


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Conexão Perigosa

10/20/2013 01:51:00 AM |

Acho intrigante como um filme pode chegar nos cinemas de forma tão quieta e ser interessante diferentemente de outros que fazem um alarde monstruoso e saem apenas razoáveis. Um exemplo claro que surge agora é "Conexão Perigosa", originalmente chamado de "Paranoia" na maioria dos países, mas claro que no Brasil seria diferente. E pela primeira vez gosto mais do título nacional do que o original, já que não vejo como o que acontece no longa ser uma paranoia, seria algo mais próximo de armadilhas, ou coisas do tipo, enquanto o título nacional chega mais próximo realmente da ideia do filme e principalmente entrega o seu final, mas fique tranquilo que muitas coisas ocorrerão antes durante toda a exibição, que você até esquecerá desse spoiler que joguei aqui. E felizmente essas coisas embora sejam bem jogadas durante o filme, todas acabam acontecendo de forma interessante para que não ficassem cansativas.

O filme nos mostra que Adam Cassidy é um ambicioso funcionário junior que não vê a hora de subir de posição dentro da empresa em que trabalha, a gigantesca Wyatt Corporation. Entretanto, após cometer um erro que custou bastante caro à empresa, Adam entra na lista negra de Nicholas Wyatt, o CEO da corporação. Para compensar o problema causado, Nicholas chantageia Adam de forma que ele seja empregado na maior concorrente da empresa, comandada por Jock Hoddard, o antigo mentor de Wyatt. A tarefa de Adam é que ele seja um espião dentro da empresa de Hoddard, passando a Wyatt todas as informações internas que julgue interessantes. Sem saída, Adam aceita a tarefa.

Como muitos sabem não costumo ler as sinopses antes de ir assistir aos filmes, e agora lendo ela, o que posso dizer é que o filme está 90% dito nela, então quem ler e achar bacana, com toda certeza ficará satisfeito com o que é mostrado na tela, pois não foge praticamente nada da sinopse e o diretor Robert Luketic utiliza algo que já deu certo em seus outros filmes de fazer uma edição dinâmica e bem veloz das cenas, não tendo quase paradas de respiro e colocando sempre transições diferenciadas para ligar as cenas. Outro fator interessante são as revelações finais, que em momento algum cheguei a desconfiar, e isso acaba agradando mais ainda ao ser surpreendido, mesmo que não seja algo que faça seu queixo cair.

Os time de atores partem praticamente a todo momento pro ataque, não economizando nenhuma expressão nem diálogo com besteiras que possam ser apagadas e isso é muito bom num filme dramático/policial, pois só aumenta o ritmo e não deixa pistas para erros. Liam Hemsworth, o irmão mais novo do conhecido Chris "Thor" Hemsworth, vem mostrando que não está para brincadeiras e melhora a cada novo papel que encara, aqui embora faça um papel jovial mostra segurança nos diálogos para com os grandes nomes que contracena e salvo raros momentos não decepciona em nada. A sorte do filme é que Amber Heard participa de poucas cenas, senão seria difícil demais ter olhos para qualquer outro ator, já que sua beleza é de outro padrão, e além disso sabe fazer papéis de forma agradável de atuação que parece estar brincando nas telas. Falar de Gary Oldman é algo que não existem palavras pra expressar o que consegue fazer mesmo nos poucos momentos-chave que aparece, ainda quero ver ele ganhar um Oscar, pois sempre faz papéis merecedores de indicação. O mesmo posso falar do veterano Harrison Ford que sabe intimidar até mesmo grandes nomes como Oldman em uma cena que o pobre Hemsworth só coube ficar calado, no meio da briga dos peixes grandes. Dos demais atores todos fazem praticamente pontas, mas alguns detalhes bacanas dos diálogos que o protagonista tem com Embeth Davidtz mostram que a jovem tem potencial também para ser mostrado.

O visual tecnológico está bem presente na trama, já que estamos falando de empresas que criam os melhores smartphones ficcionais, e a equipe de arte provavelmente teve um bom trabalho para pesquisar e recriar ambas as companhias, mesmo que elas não tenham sido tanto exploradas. Além disso, os apartamentos e casas foram escolhidos a dedo para mostrar o significado do que pode ter um grande executivo dessas empresas. A fotografia usou diversos filtros de cores diferentes para dar intensidade dramática a cada momento, passando desde cores bem claras nos momentos agradáveis que o protagonista passa com seus amigos e sua possível namorada, até cores escuras e até vermelhas em alguns momentos de maior conflito com os grandes "vilões" da trama, e aliado a isso, também trabalhou bem nos planos rápidos para auxiliar na edição veloz que o diretor quis utilizar.

Enfim, é um suspense bacana que não envolve nenhum tipo de misticismo ou crenças como o outro lançamento da semana, mas que por ser mais ágil acabou me conquistando até mais. Poderia apenas não ter um final tão bonitinho, pois nem sempre tudo acaba dando certo na vida executiva, mas tirando isso, agrada bastante como um filme light para ser assistido sem precisar pensar em nada. Fico por aqui hoje, mas ainda temos bons filmes para conferir nessa semana, então abraços e até breve pessoal.


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Diana

10/19/2013 12:27:00 AM |

Olhar o pôster de "Diana" e não levar um choque é algo difícil de não ocorrer, pois já é notável a caracterização minuciosa que conseguiram fazer com Naomi Watts de forma a muitos terem quase certeza de que a própria foi levantada do túmulo para filmar. Mas a frase colocada logo no centro também do pôster já diz tudo o que acabou irritando muitos dos críticos que meteram o pau no filme, pois a maioria queria um longa da época princesa de Lady Di e não seu momento celebridade que é mostrado nele durante seus dois últimos anos de vida. E com uma visão romantizada, bonita e gostosa de se ver num filme bem light, ele acaba sendo mais relaxante e gostoso de ver para o público em geral do que para os amigos críticos que preferem algo mais polêmico e trabalhado. E como sou do contra na maioria das vezes, acabei gostando bastante do que vi e mesmo não sendo um grande fã da princesa na época de sua morte, na cena final senti uma certa tristeza e até ouvi alguns dos poucos espectadores da sala chorando.

O longa irá abordar o relacionamento de Lady Di com o cirurgião paquistanês Hasnat Khan, que é descrito no livro "As Crônicas de Diana", de Tina Brown, como o grande amor da vida dela. Os dois se conheceram em 1995, quando Diana visitou um amigo que havia sido operado no Hospital Royal Brompton, onde Khan trabalhava, e estiveram juntos por dois anos. A relação terminou poucos meses antes do acidente que vitimou a Princesa de Galles, em agosto de 1997. Na ocasião, ela já estava se relacionando com o milionário Dodi Fayed, que também morreu no acidente.

O filme não traz nada revelador demais que qualquer pessoa que soubesse ler ou tivesse assistido uma TV na época da morte de Diana não tenha ouvido falar, mas é bacana ficar com uma sinopse bem sucinta, para poder aproveitar o fundo de romance que é criado no melhor estilo de filmes românticos como manda a tradição por completo, e isso é bacana, pois não andam fazendo mais romances nesse estilo nos cinemas, sempre optando ou por levadas mais non-senses ou caindo na tradicional comédia romântica, em que ambos os gêneros acabam saindo um pouco da realidade tradicional de realmente ter brigas de casal e tudo mais. O diretor alemão Oliver Hirschbiegel soube trabalhar os planos de forma poética e com uma leveza que se não lesse em sua biografia sua nacionalidade poderia jurar que era francês, pois a linguagem utilizada e inclusive a escolha de algumas músicas certamente leva a essa conclusão. E não acho isso um erro, muito pelo contrário, acabou deixando na medida para agradar tanto casais que forem assistir quanto quem quiser ver a personificação mais íntima da mulher que praticamente sabíamos de tudo, já que era mais seguida de paparazzis que tudo.

Posso estar adiantado demais, mas acredito potencialmente em mais uma indicação para Naomi Watts, pois sua incorporação de personagem, o que não deve ter sido tão difícil já que como disse e todos sabemos Diana era presença diária na TV, é incrível e mostra uma veracidade muito envolvente com sua atuação, de forma a sentirmos suas dores, sua paixão real pelo doutor e tudo mais que a atriz conseguiu transmitir de forma brilhante e muito caracterizada pela equipe de maquiagem. Naveen Andrews é outro que tomou um photoshop da maquiagem total, pois após assistir ao filme ou até mesmo o trailer, deem uma pesquisada nas fotos do cidadão pela internet e vejam se não é outro ator que está no filme, mas tirando esse lance com o visual do ator, ele se demonstra bem dinâmico nos trejeitos e agrada bastante nas cenas de diálogo onde mostra personalidade e habilidade para papéis dramáticos. Dos demais atores, a maioria faz pequenas pontas em cenas espalhadas, valendo destacar apenas algumas cenas de fofocas bem atuadas de Juliet Stevenson que faz uma grande amiga de Diana.

Filmes biográficos costumam trabalhar bem o visual e aqui não é nem um pouco diferente, contando com ótimos cenários mostrando toda a pompa real que Diana tinha e visitando lugares impressionantes mesmo que muito pobres, mas cheio de elementos de visual riquíssimo para a cenografia do filme. Além disso como é notável já no pôster, um trabalho impressionante da equipe de maquiagem e figurino, que pode talvez ganhar no mínimo uma indicação aos prêmios. A fotografia também aproveitou de tons claros para dar leveza à trama e conseguiu aliar aos cenários doçura para as cenas que precisavam e mesmo não pesando no tom colocar dramaticidade nas mais fortes.

Enfim, não é um filme biográfico memorável, mas funciona muito bem como um romance gostoso de assistir. Poderiam ter apelado tanto mais para o sentimental ou até para um possível complô para dar fim na protagonista como muitos sugerem que aconteceu, mas aí haveria muitos problemas pro lado dos produtores, então é melhor ficarem mais tranquilos e sorridentes com a adaptação do livro apenas. Como disse no início recomendo ele mais para pessoas que gostem de romances que sairão da sala do cinema satisfeitas, já quem esperava ver algo mais polêmico do que o que era mostrado na TV na época, desista, pois não quiseram entrar nessa vertente. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda temos muito pra conferir nos próximos dias, então abraços e até breve.


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Os Belos Dias

10/18/2013 12:44:00 AM |

Alguns filmes conseguem ser tocantes mais pelo tema do que pela exibição em si, e "Os Belos Dias" é um grande exemplar disso. Sou desses que é super a favor de grupos de terceira idade, onde a maioria dos velhinhos e aposentados conseguem novamente ter vitalidade para fazer coisas que não costumavam fazer em sua fase adulta, e a beleza que o longa consegue mostrar mesmo fugindo em alguns momentos para o teor sexual é algo impressionante e bonito de se ver, a única coisa que penou um pouco foi o longa ficar somente nisso, sem ter uma proposta vital ou alguma reviravolta que desse tino para que a trama deslanchasse. E isso acabou deixando ele light demais como algo que se assiste e fica por isso mesmo.

O filme nos mostra que quando decide se aposentar, Caroline não sabe muito bem como ocupar o seu tempo. Ele pensa em viajar, pensa em conhecer novas pessoas... Até encontrar o jovem Julien, com quem passa uma ótima tarde. Apesar da diferença de idade, os dois iniciam uma relação amorosa. Mas Caroline é casada, e seu marido Philippe vai fazer o que for necessário para recuperar sua esposa.

O mais engraçado é ver que se seguissem a sinopse a risca, o longa poderia alçar um voo mais interessante, pois se o marido fosse realmente pra briga acabaria tendo motivos e tudo mais, mas essa sua busca para recuperar ela é muito fraca dentro do que a diretora se propôs a mostrar, pois acredito que ela tentou mostrar algo mais pessoal seu para do que uma narrativa mais cinematográfica mesmo. Mas não pense que por ter essa levada mais caliente entre idades, o filme fique agitado, muito pelo contrário, temos algo tão calmo e romântico que até assusta um pouco. E essa calmaria toda, mesmo com a "reviravolta" moralista que acontece no aeroporto acaba deixando o filme meio oco de situações.

A atriz Fanny Ardant consegue ser tão aberta na sua interpretação que mesmo nos seus momentos mais tristes e pensativos de sua aposentadoria, ainda ficamos na dúvida se ela poderia sair da depressão, e acho isso bacana numa atriz, que é não se revelar facilmente, mas poderia ao tomar uma vertente mais alegre ter mantido ela até o fim, que acabou destoando um pouco, principalmente pelo pulo de visual da cena anterior à cena final. Patrick Chesnais faz um personagem que poderia ser a alma do filme, mas ou por opção da diretora, ou por não ter se jogado de frente no roteiro, acaba ficando bem mediano em todos os diálogos e acaba ficando morno demais de atitudes expressivas, o que é uma pena. Laurent Lafitte também é outro que não mostra o estilo de ator que é, ficando no meio termo de galã de "Malhação" e pegador de velhinhas da novela das nove, e isso acabou mudando demais a proposta geral que imaginava do filme, então ele tem boas cantadas, mas fica sem expressividade na maior parte das cenas, ficando também bem vazio. Dos demais vale destacar o grande elenco de velhinhos que souberam dominar todas as cenas em que aparecem.

Um grande ponto do filme está no visual praiano que conseguiu dar uma nuance de mudanças sempre a vista, e claro nos lugares onde o casal acaba se enrolando no clube de idosos, que possui várias alegorias interessantes de serem observadas. Além claro de tudo que é mostrado no clube, onde tentam passar a felicidade que sentem com os cursos apresentados pros velhinhos. A fotografia usou uma abertura bem bacana evitando tantos planos fechados, valorizando a arte cênica que foi trabalhada, e com cores bem calmas mas sempre claras e vivas, conseguiu trabalhar o filme de forma bem leve e gostosa de ver sem se preocupar com nada.

Enfim, diria que é mais como um passatempo de relaxamento assistir esse longa do que como algum filme que tivesse alguma relevância pro cinema mundial. Assisti ele confortavelmente deitado em uma das poltronas da sala VIP do Cinépolis, então sai tão relaxado como se tivesse passado horas escutando uma canção calma, e olha que o filme nem tem canções tão zen. Recomendo ver dessa forma, como um relaxamento e vendo que não tem idade para acontecer uma paixão fogosa, e reacender outra antiga. Sendo assim, encerro a semana cinematográfica deixando um filme somente pra trás que tentarei ver nessa que inicia nessa sexta, apesar do horário ter ficado horrível, mas tentarei. Então abraços e até mais tarde com o primeiro filme já dessa nova semana.


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