Bling Ring: A Gangue de Hollywood

9/09/2013 12:58:00 AM |

Ultimamente tem aparecido nos cinemas uma leva de filmes baseados em fatos reais que se não tivessem esse escrito poderíamos ficar pensando como a mente doentia de um roteirista pode chegar a ter essas ideias. Mas não, eles apenas pegam um texto real e adaptam para o cinema, ou seja, mais malucos ainda são as pessoas que fizeram isso de verdade. Em "Bling Ring: A Gangue de Hollywood" temos mais um exemplo disso, agora em duas vertentes: como os artistas são tão idiotas de largar suas casas abertas ou com chaves escondidas em lugares comuns e como jovens de classe média alta ou tradicionais americanos não imaginariam que casas tem circuito de câmeras e roubariam tudo contando pra todo mundo o que fez achando que iriam se safar? Saí do cinema com essas duas incógnitas na mente e sinceramente não consigo assimilar qualquer resposta, afinal no Brasil estamos tão acostumados a trancar tudo com 150 mil chaves, e quem rouba faz tudo na espreita para tentar fugir o máximo que puder (claro tirando os políticos), que não tem como imaginar isso sendo real, mas foi. Então adicione essa loucura real, com muita droga na cabeça e muitas festas em boates, bata tudo com uma mão interessante da diretora filha de um dos diretores ícones de Hollywood e pronto temos o filme.

A sinopse nos mostra que Nicki, Marc, Rebecca. Sam e Chloe, entre outros jovens de Los Angeles têm em comum uma vida meio vazia, de pais ausentes, como Laurie, mãe de Nicki, que não tem a menor noção do que as filhas estão fazendo nas ruas, durante o dia e, pior, durante a noite. Fascinados pelo mundo glamuroso das celebridades das revistas, como Paris Hilton, e artistas como Kirsten Dunst, o grupo começa a fazer pequenos assaltos na casa dessas pessoas, quando descobrem que entrar nas residências deles não é nada difícil. Cada vez mais empolgados com "os ganhos", o volume dos saques desperta a atenção das autoridades, que decidem dar um basta nos crimes dessa garotada sem limites.

Um fator interessante é que o filme em si não é algo que venha acrescentar nada, não é uma história que normalmente seria mostrada num filme, mas que souberam transformá-la de modo coerente a ser agradável de ver na tela do cinema. Ela poderia facilmente ser uma matéria um pouco maior de um programa jornalístico que passaria bem, o público assistiria e ficaria por isso mesmo, mas a forma da linguagem escolhida para mostrar esses furtos e porque não dizer cleptomania dos envolvidos ficou bem bacana de assistir. Claro que a diretora Sofia Coppola usou e abusou de planos incomuns e alguns que muitos até diriam ser horríveis, mas como é uma Coppola todo mundo fica quieto, para retratar a história e com isso conseguiu dar ritmo e uma alma, mesmo que negra, para os personagens transformando uma série de crimes em algo bonito e interessante.

Os jovens atores se saíram muito bem em tudo que fizeram, e mesmo em alguns momentos que fazem diálogos bem jogados acabam fazendo certo para entrar no clima da jovialidade. Emma Watson mostra que a cada dia consegue se livrar mais de sua primeira personagem colocando força na sua forma de interpretar e incorporando algo mais rude para sua personalidade, não vai demorar muito para vermos ela fazer algo provocativo e mais forte. Agora enquanto todos os holofotes do filme estavam apontados para Emma, quem se deu muito bem e fez um papel ímpar é Katie Chang, que mostrou uma personalidade interessantíssima para colocar num personagem, saiu bem tanto como líder da gangue quanto líder do filme nas facetas de seu rosto, de modo que se qualquer um cairia fácil em sua lábia, espero vê-la em outros filmes muito em breve. Israel Broussard enganou todo mundo muito bem, fez de seu papel que poderia ser algo fraco a julgarmos pela sua chegada na escola, para algo que foi muito além, e com isso conseguiu usar de trejeitos interpretativos muito bons, o que também o classifica para ser um ator que desejo ver num papel maior em breve. Os demais personagens do grupo acabam sempre sendo influenciados pelos três, e com isso sempre estão junto deles não conseguindo nenhum destaque solo, mas vale destacar as cenas de Leslie Mann à frente sempre na entrevista que ficou muito engraçado.

Não sei se a equipe conseguiu filmar realmente nas casas dos astros, mas se não fizeram isso, a complexidade dos elementos cênicos foram literalmente uma loucura para a equipe de arte montar. Espero que tenha sido mais fácil filmar nas casas próprias que assim apenas uma bagunçada tirando tudo do lugar e depois voltando com toda certeza teria sido melhor. Os elementos são todos de uma riqueza ímpar em valor, afinal são joias, roupas, relógios e tudo do mais alto calibre, já que invadiam só as casas dos riquíssimos e badalados atores da noite hollywoodiana, então se prepare pra ver tudo que a moda dita nas revistas. Agora um ponto que não gostei é que como o filme tem a maioria das suas cenas noturnas para os roubos, a fotografia quis trabalhar de forma real e deixou o longa muito escuro, de modo que muitas cenas praticamente só ouvimos vozes e vemos a legenda com algumas sombras se movendo ao fundo, e isso não é legal, além de que nas cenas brancas, a luz estourou demais, ou seja quem precisar de ler legenda, nessas cenas pode esquecer.

Enfim, é um filme bacana, interessante e, como disse, com uma narrativa diferenciada, afinal é algo que não viraria filme de forma alguma. Poderia ter gostado mais dele se não fosse pela fotografia escura, mas no geral é bem bacana. Quem não curtir muito os lances de moda, talvez se incomode com o excesso de marcas que é citado no filme, mas tirando esses pormenores vale a pena conferir, principalmente aqui no interior que é o primeiro filme da diretora que passa numa tela grande daqui né Encerro aqui hoje, mas nessa semana ainda tenho mais dois filmes para deixar minha opinião, então abraços, boa semana e até breve.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...