Fausto

4/12/2013 01:31:00 AM |

Assistir a filmes russos pode ser considerado quase que uma experiência sobrenatural, pois mistura uma língua que não é comum de ouvirmos com temas geralmente complexos e o principal que é a linguagem que utilizam para filmar que costuma ser um pouco escura. Agora junte toda essa dificuldade com uma péssima projeção e imagine o que assistimos hoje no Festival SESC Melhores Filmes. Pois bem, se você conseguiu imaginar essa tragédia completa, denomine de "Fausto" e pronto poderia resumir meu texto completo com essa sua imaginação, mas vamos falar um pouco mais sobre o longa, claro esquecendo a projeção de péssimo nível.

A sinopse nos mostra que Fausto é um pensador, um rebelde e um pioneiro, mas também um ser humano anônimo feito de carne e sangue governado por impulsos internos, cobiça e luxúria. Livremente inspirado pelo Fausto de Goethe, o filme é a última parte da tetralogia de Sokúrov sobre a natureza do poder.

A história em si, eu tenho impressão, e claro se alguém souber me relembrar fale nos comentários, que já vi algum outro longa americano muito parecido, mas como tenho memória péssima não consigo me recordar qual. E embora seja complexa possui um formato entendível que acabamos assimilando facilmente, por ser bem da natureza humana os atos do personagem. O diretor trabalhou bem com planos costumeiros o que facilitou um pouco, bem diferente do costumeiro cinema russo, mas mesmo assim é notória a presença de elementos que só são correspondidos por pessoas do país. Não assisti a nenhum dos outros três filmes da tetralogia dele, mas acredito que a forma escolhida para um encerramento foi bem condizente com o que é mostrado nesse longa, e claro não se assustem por ser parte de uma tetralogia que o filme possui começo, meio e fim perfeitos.

Dos atores principais da trama nenhum é muito conhecido por aqui, principalmente pela quantidade de filmes russos que chegam em cartaz, mas podemos dizer que no geral todos agradam no quesito função dramática, já que como não entendo uma palavra em russo não posso dizer que a forma de expressão de cada palavra seria dita naquela entonação. O único porém fica para a maquiagem corporal de Anton Adasinsky que na cena que tira a roupa, não sei se pela péssima projeção ou do próprio filme, ficou completamente estranho o que quiseram mostrar e fiquei pela legenda apenas, mas poderia ser melhor ilustrado, porém tirando isso os trejeitos do ator ficaram bem bacana parecendo ser até mais rabugento do que sua aparência mostrou. Johannes Zeiler variou demais sua entonação de voz, aparentando que o filme tenha sido filmado em épocas bem diferentes e juntado depois, mas no contexto completo agrada sua atuação para com o filme. Isolda Dychauk é daquelas atrizes que sabemos que é o ponto chave do filme, mas sua expressão de nada acaba nos incomodando de uma forma que acabamos ignorando sua presença em cena, pra não dizer que foi medíocre suas caras. Georg Friedrich tem em suas cenas, alguns dos melhores planos possíveis e poderiam ter abusado um pouco mais dele, colocando mais planos que o contivessem, pois o cara foi perfeito quando apareceu.

O quesito visual está bem trabalhado com cenários bonitos e cenografias bem coerentes, mas como já disse várias vezes a projeção aliada a uma película que já rodou meio país ou mais, acabou ficando bem difícil de notar e irei acreditar em amigos que viram em outras mostras e falaram que está ótima, pois realmente estava muito difícil diferenciar tudo que tinha nas várias camadas que pensaram para fazer o longa. A dificuldade em ver também é resultado do famoso cinema russo que raramente opta por usar mais iluminação de contraluz e clarear seus recintos, preferindo deixar o mais sombrio possível todos os filmes, claro que existem alguns que vão contra essa ideologia, mas são raros.

Enfim, é um filme interessante que quem sabe assistindo em casa num bom aparelho de Blu-ray consigamos ver melhor sua essência e claro junto com os demais filmes da tetralogia construir um panorama completo, mas como vimos nessas condições e aqui avalio o que vi no cinema, a nota vai pesar um pouquinho. Fico por aqui hoje, mas essa noite (sexta) ainda tenho mais um filme do Festival SESC Melhores Filmes que ainda não conferi para comentar, mas como já disse o Festival vai até sábado então quem quiser fica o convite para ir em sua cidade. Abraços e até mais tarde pessoal.


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