Um Bom Partido

4/28/2013 02:13:00 PM |

Se existe um gênero que praticamente segue inalterado desde os primórdios é a comédia romântica, ou como andam fazendo ultimamente o romance com pitadas cômicas, e cada vez mais com o mundo moderno onde pais se separam com mais frequência, o mote do momento para filmes do estilo é a união desses casais separados seja por motivo dos filhos ou qualquer coisa do tipo. Ok que já está se tornando um cliché isso, mas funciona bem e até chega a ser bacana em alguns momentos, mas ainda assim prefiro aqueles que não têm o famoso final tradicional. Disse tudo isso para expressar minha opinião, mas "Um Bom Partido" acaba sendo um filme 100% tradicional sem praticamente nenhuma reviravolta que se mantém bem principalmente pelo ótimo elenco, senão seria algo que trombaria entre o regular e o ruim, mas como todos são ótimos atores e sabem muito bem conduzir uma história de forma bacana, o resultado final do longa acaba sendo positivo.

O longa nos conta a história de um famoso jogador de futebol aposentado que tenta reconstruir uma relação com seu filho e sua ex-mulher, enquanto treina o time do garoto. Porém, as coisas se complicam quando o treinador é assediado pelas mães dos outros jogadores.

Como a sinopse é bem sucinta, ela já revela praticamente tudo que conseguimos ver tanto no trailer quanto no filme realmente, pois a história mostrada realmente não passa disso. O lance é que comédias românticas que não atacam pra algum dos dois lados costuma ficar estranhas, pois não nos fazem nem emocionar nem rir demais, e isso atrapalha e muito o espectador que foi ao cinema para ter pelo menos uma das reações. Não digo que não tenha me divertido, pois estaria mentindo, mas também não me senti satisfeito com o que foi mostrado pelo longa, acabando como um tradicional e convencional filme extremamente linear, onde a proposta pode até ter sido boa, mas não deve nem ter atingido tanto o público americano que não são fãs de futebol, nem deve seguir muito por aqui já que romances desse estilo não costumam ser o que agrada o público brasileiro. O diretor italiano Gabriele Muccino até soube colocar boas jogadas de futebol entre o protagonista, pois sendo italiano soube dar a um filme americano uma boa característica que se fosse outro diretor não teria, porém não conseguiu colocar toda a emoção que fez em suas duas outras obras "A Procura da Felicidade" e "Sete Palmos".

As atuações, como eu já disse no início é o que salvou o filme de não ser algo muito ruim, pois todos estão realmente muito bem mesmo alguns fazendo apenas pequenas pontas. Gerard Butler nem parece o mesmo ator de porte físico brutamontes que tinha em "300", mas esse novo físico realmente mostrou ficar mais parecido realmente com um jogador de futebol aposentado, mas que ainda bate um bolão e pode ensinar bem a garotada a jogar, tenho certeza de que algumas jogadas não foram feitas por ele e sim por algum dublê, mas que ficaram bem feitas isso sem dúvida, e nos quando não está com a bola nos pés ele faz o que mais sabe melhor que é fazer boas interpretações para os textos que tem em mãos. Jessica Biel, embora seja uma atriz muito boa, aqui faz uma mãe com uma expressão um pouco triste demais e poderia ter sido mais expressiva em alguns momentos, não que esteja ruim, mas ficou mais parecendo ser aquelas pessoas sofridas demais sem vida do que uma ex-mulher de jogador de futebol. Noah Lomax, como disse na semana passada, prova que tem um bom temperamento para fazer crianças revoltadas e seus melhores momentos são quando fica bravo com algo e o principal quando está dialogando com adultos de forma tão séria que nem parece uma criança, tem potencial o garoto para ir longe. Dennis Quaid chega a ser exagerado demais em algumas cenas, mas faz um personagem perfeito para fazer o público rir com algumas de suas bobagens que faz nelas, como sempre é um ótimo ator. Judy Greer faz umas tomadas de crise de choro que não tem como não rir, e com certeza é o ponto cômico em todas as cenas que aparece, tendo inclusive a última sua numa aparecida que merecia. Iqbal Theba também vale ser citado por algumas de suas boas cenas que faz para dar comicidade ao filme, bem bacana o paquistanês. Uma Thurman aparece bem também nas suas cenas, mas parece tão maluca em alguns momentos que fica quase irreconhecível. Catherine Zeta-Jones faz uma mãe que muito marmanjo por aí gostaria de ter, e faz muito bem também seu papel.

O visual do filme era bem fácil de ser retratado, pois uma pequena cidade que não tem muito que ser mostrado, e passando boas partes no campo de futebol também ficaram bacana, as casas por dentro também contaram com elementos visuais satisfatórios que agradam e mostram bem a vida dos personagens. Outro ponto bem feito está na fotografia empregada, que contando com lugares bem bonitos, o diretor soube usar bem a iluminação natural combinando com alguns contra bem empregados, o que agradou muito para deixar um ar de descontração bem gostoso no filme inteiro.

Enfim, um longa bonito e bacana, que só faltou fazer o público rir mais ou emocionar um pouco mais para que saísse do mediano. Mais pra frente será mais um daqueles filmes que passarão na sessão da tarde várias vezes por não precisar lidar com a censura. Então se não estiver a fim de gastar dinheiro com cinema pode esperar sair na TV que compensa mais, pois não é ruim, mas está bem longe de ser algo muito bom, para poder roubar público da grande estreia da semana. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas estou de volta na quinta-feira com o Festival Varilux de Cinema Francês. Então abraços e até mais.


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O Acordo

4/27/2013 08:23:00 PM |

Um bom filme de ação já está quase virando pretexto contar com Dwayne "The Rock" Johnson, e ele não nos decepciona, afinal o que temos em cena é ele agindo da melhor forma que sabe fazer indo pra cima com tudo. O longa em si poderia ter ficado mais preso no drama policial, mas ao entrar fundo na história o lance policial acaba sendo apenas um bom pano de fundo para termos o carregamento de drogas com o super caminhão de "The Rock" e termos ótimas perseguições e tiros pra todo lado, o que continua consistindo em um bom policial também. O filme chega a ter alguns poucos momentos de tensão, mas não chega a ser algo que vá sufocar o espectador que for apenas para curtir boas perseguições e tiros.

A sinopse do filme nos mostra que um rapaz é sentenciado a dez anos de cadeia por envolvimento com drogas. Para reduzir a sentença do garoto, acusado injustamente, seu pai concorda em atuar infiltrado em um perigoso cartel de drogas para derrubar um poderoso narcotraficante. Nesta missão, ele vai arriscar tudo, incluindo a segurança de sua família e a própria vida.

A história em si, embora possa parecer bem cliché, é baseada em uma história real e acaba tendo uma vertente bem acelerada num ritmo interessante que promete não cansar o espectador. O diretor consegue amarrar a trama de uma forma concisa e bem tramada de forma que até alguns absurdos técnicos acabam sendo minimizados. Claro que alguns irão reclamar da rápida aproximação do protagonista com o cartel, outros irão reclamar que Johnson faz sempre a mesma cara para tudo, mas o que não podemos negar de forma alguma é que o filme não traz a boa essência dos longas policiais de antigamente que só consistia numa boa perseguição e tiros pra todo lado, e nesse quesito o diretor Ric Roman Waugh consegue por em seu terceiro longa uma adrenalina bem interessante para satisfazer os fãs do gênero que forem ao cinema conferir algo que não gaste muito a cabeça para pensar e apenas tenha uma boa diversão.

No quesito atuação, o que podemos falar de filmes que contenha Dwayne Johnson é que ele sempre se coloca muito bem à frente das câmeras, não que ele faça boas caras, mas ele tem uma presença incrível em todos os momentos que está no quadro principal, e claro fazendo o que é sua especialidade que é filmes de muita adrenalina e ação não tem como errar e até mesmo nos momentos que precisa fazer um pouco mais de drama ele consegue bem. Jon Bernthal até faz bem seu papel e nos momentos mais duros possui uma boa expressão, mas como seu papel é colocado praticamente do nada apenas para fazer a ligação do protagonista com o cartel, ele fica sendo meio simples demais, mas no geral ele agrada bem nas cenas que lhe é exigido. Susan Sarandon está se tornando uma das atrizes que eu mais ando gostando, pois ela sempre demonstra uma garra nos seus personagens e aqui fazendo uma promotora candidata à eleição seus trejeitos são na medida exata, nada a mais nada a menos. Barry Pepper está com um visual tão malvado que nem julgaria ele como um policial, mas nos momentos que precisa usar da imposição e entonação mostra que não brinca em serviço. Michael Kenneth Williams está hilário em seu personagem e o que dizem dele ser um mafioso dos mais malvados que matou vários apenas com um canivete me fez lembrar "Cidade de Deus", pois jamais colocaria ele como um chefão da boca de tráfico.

O visual do filme é o tradicional que envolva tráfico e policiais, tendo lugares ermos e becos escuros, mas o ferro velho que utilizaram como cenário ficou muito bem encaixado para a trama e nos momentos que vão passando e vai mostrando cada elemento cênico que irá aparecer depois na cena de correria é de um deslumbre só, muito bem feita e fotografada, portanto nesse quesito não tenho nada que reclamar inclusive com caminhões bem bacanas. A fotografia poderia ser um pouco mais efetiva e melhorada na iluminação geral em algumas cenas, mas isso não chega a atrapalhar. O grande problema do filme está que o diretor optou em fazer exageradamente cenas com câmera na mão, pois cansa demais a vista tudo tremendo a todo o momento, então poderia ser mais reto que com certeza agradaria mais.

Enfim é um longa que peca um pouco por chacoalhar demais a imagem, mas como o contexto pedia bastante perseguição até que não incomoda tanto, mas poderia ser menos. No contexto geral é um bom filme que vale a pena conferir seja no cinema ou num DVD assim que sair, pois é bem bacana. Fico por aqui, mas hoje ainda confiro mais um longa que estreou pelo interior, não em minha cidade, mas como estou hoje na casa de meus parentes consegui ver esse e mais uma estreia, então abraços e até mais tarde pessoal.


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Homem de Ferro 3 em 3D

4/26/2013 11:47:00 PM |

Sabe quando você é criança e espera um ano inteiro por um presentão no Natal, e quando chega a grande data você ganha apenas uma camiseta? Essa é a sensação que tive ao sair de "Homem de Ferro 3", pois mesmo sendo uma camiseta de marca chique, ainda continua sendo apenas uma camiseta, e o que esperava desse novo longa do super-herói é que chegasse pelo menos perto da sensação fabulosa que tive ao assistir "Os Vingadores", mas o que nos foi entregue é apenas um filme de mediano para bom que demora quase 100 minutos dos seus 130 total de duração para engatar uma ação mesmo e embora tenha colocado um dos  vilões mais ferrenhos da história dos quadrinhos do personagem, esse mesmo vira apenas um alívio cômico, utilizando uma palavra menos pejorativa para não dizer um palhaço nas telas. Não curto spoilers, então eu vou deixar apenas um aviso que vai principalmente para meus amigos que comem quadrinhos no café da manhã, a decepção será grande com o teórico vilão. Porém quanto ao real vilão do filme ele não decepciona em nada e sai muito bem em todas as cenas que aparece. No geral é mais um filme que fará seus milhões facilmente, mas que muitos que forem com sede ao pote como fui, poderão se engasgar com a pouca água que encontrarão.

O novo longa coloca Tony Stark/Homem de Ferro contra um inimigo sem limites. Quando Stark tem sua vida pessoal destruída, ele embarca em uma angustiante busca pelo responsável. Nessa jornada, a cada nova etapa, sua coragem será testada. Sem saída, Stark precisa sobreviver com seus próprios recursos, confiando na sua engenhosidade e instintos para proteger as pessoas próximas a ele. No contra-ataque, descobre a resposta para a pergunta que secretamente o atormentava: o homem faz a armadura ou a armadura faz o homem?

A história em si é bem conduzida, tem bons fatos políticos e humanos que não haviam sido tratados nos longas anteriores e dá uma boa continuidade para os fatos ocorridos inclusive em "Os Vingadores", mas acaba demorando demais para engatar uma boa sequência de ação e dinâmica, tanto que estava me dando até sono e ainda bem que não fui à pré-estreia senão não ia dar certo, quando começa pra valer a pancadaria e cenas de ação, inclusive quando começou isso fui obrigado a ver no relógio e como disse no primeiro parágrafo já tinha ido praticamente 3/4 do filme já e estávamos no fechamento, o que é uma pena, pois os efeitos especiais estão impecáveis e mereciam mais tempo de tela. Outro ponto que me incomodou muito foi o fato do vilão inicial que eu não sou de ler quadrinhos, mas meus amigos que leem haviam me dito que era o mega foda maior arqui-inimigo de Tony Stark pra ser escrachado na tela, ficou ruim demais, não pelo ator que está ótimo, mas pelo que acaba sendo. A direção em si, que não é o mesmo dos dois filmes anteriores, cai nas mãos de um diretor teoricamente inexperiente afinal é seu segundo longa apenas, que tenta conduzir o filme em sentido completamente diferente do usual e não sai satisfatório, criando apenas mais algo que será visto por milhões de pessoas apenas como continuação, mas que demonstra uma insegurança completa tanto do personagem quanto dos protagonistas, pois temos muitos personagens que poderiam ter sua história incrementada, mas somos apenas jogados no meio da trama sem que seja ao menos dito um porque real para eles serem assim, tendo mostrado meia dúzia de palavras que não servirão de contexto para o que fazem.

Falar das atuações num longa onde o elenco é estrelar é praticamente enaltecer todos, mas vamos aos detalhes. Robert Downey Jr. é e sempre será um ator fantástico que qualquer papel que caia em suas mãos será mostrado até a alma que ele consegue por para o personagem, nesse novo longa por usar menos a armadura conseguimos observar mais ainda sua boa atuação e seus trejeitos fantásticos que consegue fazer tanto para tirar risadas do público quanto para vermos em seu rosto toda a dor que sente ao levar uma porrada mesmo sendo bem forte, claro que qualquer um que levasse a surra que leva sem usar a armadura não garantiria que continuaria vivo. Gwyneth Paltrow saiu de seu casulo de apenas ser uma mulher bonita e par romântico de enfeite que aparece nos filmes anteriores para agora sim partir pra pancadaria e servir para algo no longa, seu final ficou bem bacana e mostrou que a atriz não está para brincar quando o negócio é atuar pra valer. Ben Kingsley está mais que perfeito, tanto fazendo cara de malvado nas gravações quanto nos momentos cômicos que participa, chega a ser se o filme fosse mais escrachado o melhor em cena, mas como deveríamos ter algo de mais ação e como já disse algumas vezes acima, seu personagem deveria ser completamente diferente. Outro que fazia tempo que não decolava um bom papel é Guy Pearce, que volta com tudo para a trama com dois visuais bem diferentes tanto que suas primeiras cenas nunca falaria que era ele, e agrada muito bem como vilão fazendo tantas maldades que chegamos a alguns poucos momentos odiá-lo, mas precisaria ainda um pouco mais de tempo de tela para ficarmos realmente irritados com ele. Alguém me diz onde colocaram as tantas cenas que Don Cheadle diz ter gravado? O seu personagem que teria tudo para aparecer bastante nesse filme acabou sendo ofuscado tão rápido que sua saída de mestre na cena final quase que sobe o Pernalonga com a frase "That's all folks"(ou aqui no Brasil: "Isso é tudo pessoal"). Jon Favreau, que foi o diretor dos outros dois filmes, volta com seu personagem Happy Hogan tendo momentos bem homenageados, mas que serviram apenas como homenagem mesmo ao que fez pela série, porque alguns momentos acabam sendo bem frustrantes das coisas que faz. Rebecca Hall deve ter ganhado uma nota para fazer seu personagem aparecer em três cenas e servir apenas de elo para alguns atos do vilão, ela é uma ótima atriz e poderia ter feito mais em cena, ficando apenas mediana.

O visual do longa está muito bem trabalhado e dessa vez contou com cenários grandiosos, todos bem prontos para servirem com os efeitos especiais de forma extremamente engenhosa, tanto que não observamos furos de contexto em imagem alguma e tudo é mostrado nos mínimos detalhes de cada elemento que exploda ou aparece em quadro. E esse incremento de elementos cênicos é bem visto também na quantidade de armaduras que temos disponível no longa, que mesmo Stark não estando sempre dentro delas, acabam tendo seus bons momentos de tela para todas e acabamos gostando de suas "atuações". A fotografia também trabalhou muito bem engajada para que tivéssemos muitas camadas de cores, dando a cada momento do longa uma textura diferente para o contexto que estava acontecendo ali. Agora a grande pergunta de sempre, o 3D vale a pena? A resposta é em letras bem maiúsculas "NÃO", pois além de ser convertido e não filmado usando a tecnologia, temos pouquíssimos momentos onde a profundidade sobressalta ou elementos que saiam voando em direção ao espectador, então se quiser economizar dinheiro veja em 2D tradicional que não irá perder nada.

A trilha sonora de Brian Tyler é bacana, mas diferente do que ele costuma fazer em outros filmes, aqui ela serviu apenas de apoio mesmo, não sendo responsável tanto pela condução e ritmo da história, o que poderia até ter sido melhor se tivessem usado mais ela no início e no meio para que não ficasse tão cansativo. No geral o que temos é bacana de se ouvir, mas poderia ter sido melhor empregada.

Enfim, já falei demais do longa, dei minhas opiniões e como disse no início esperava muito mais do filme, não estou falando que é ruim, muito pelo contrário como disse no quesito efeitos especiais está bem melhor que os demais, mas esperava muito dele e como costuma acontecer, na maioria das vezes, quando vamos sedentos por um filme acabamos, decepcionados com o que vemos e acabamos criticando mais do que enaltecendo as coisas boas. O jeito agora é esperar os outros dois grandes nomes do ano: "Homem de Aço" e "Star Trek" para ver se vão decepcionar também ou vamos sair felizes com tudo que estamos esperando deles. Fico por aqui hoje e seria apenas essa a estreia aqui no blog dessa semana, mas como irei viajar, na outra cidade aonde vou está passando mais dois filmes que não conferi, então amanhã temos mais textos por aqui. Abraços e já estou esperando por muita discórdia nos comentários, afinal como minha opinião em longas de heróis não costuma bater com uma maioria, já fico preparado para muitas conversas aqui.


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Meu Pé de Laranja Lima

4/23/2013 12:17:00 AM |

Alguns filmes conseguem seguir uma linhagem tão tocante que as vezes ficamos nos perguntando será que vai acabar também da mesma forma bonita que fizeram até agora ou vão jogar terra em cima de tudo. Pois bem o que "Meu Pé de Laranja Lima", assim como vem acontecendo com essa nova remessa de longas nacionais não decepciona e além de comover com uma história belíssima, consegue ter todos os elementos de uma boa narrativa visual bem elaborada e maravilhosamente fotografada. Eu por exemplo não lembro muito bem nem do livro muito menos da versão anterior, quanto mais da novela que foram feitos na década de 70, portanto vou me ater no que vi hoje e posso falar ser de um primor tão riquíssimo tanto no visual quanto no imaginário que podemos criar junto do protagonista.

O filme nos apresenta Zezé que tem quase oito anos e vive com sua família pobre no interior. Ele é sensível, ele é precoce, ele é um contador de histórias: ele é um problema! Seu esporte favorito é transformar sua casa e a vizinhança em cenário para suas traquinagens. E elas não são poucas. Seu refúgio preferido é um pé de laranja-lima. É com ele que desabafa as coisas ruins que lhe acontecem, que comemora uma boa novidade ou com quem divide suas travessuras secretas. Uma história de amor e amizade tão tocante quanto o mais improvável dos encontros.

A história em si só por conter a forma sofrida de uma família pobre junto do imaginário que uma criança consegue demonstrar já é de um brilhantismo contextual que impressiona, mas não bastasse isso Marcos Bernstein em seu terceiro longa como diretor, depois de roteirizar "Central do Brasil", consegue transformar a história que João Mauro de Vasconcelos escreveu baseado em sua própria história no ano de 68, algo de arrepiar, pois entramos no mesmo clima que o protagonista, vivenciamos sua história, choramos junto com ele e porque não dizer que apanhamos também com suas travessuras. O que o diretor consegue captar tanto na forma que adaptou o livro, quanto na forma que pôs suas lentes para retratar tudo de forma simbólica e mesmo assim não ficar abstrata. E olha que esse é apenas o primeiro trabalho do ano que veremos seu, pois vem ainda mais dois dos filmes mais esperados pelos brasileiros que foram escritos por ele. Então se já era classificado como um cara genial, esse ano tem tudo para ser o grande nome do cinema brasileiro tanto na direção quanto no roteiro.

O pequeno João Guilherme Ávila deu uma declaração de que ninguém nasce pensando em ser ator, mas o que ele não sabia é que sairia tão bem à frente de seu primeiro papel nos cinemas que com certeza emocionou seu pai, o cantor Leonardo, e com isso torço para que o garoto faça muitos papéis no cinema, pois o garoto foi sensacional. Outro que destrói frente às câmeras é José de Abreu, que mostra ao mesmo tempo uma serenidade ímpar e um talento de impressionar qualquer pessoa que não tenha virado ainda seu fã. Eduardo Dascar mesmo que não seja perfeito em todos os momentos, consegue representar bem um pai desmotivado pela vida, e claro mostrar que não é severo daquele modo, mas sim um momento ruim que está passando. Caco Ciocler não chega a ser um dos personagens mais preciosos para a trama, mas sua representação simbólica como o autor original do livro acaba ficando uma homenagem belíssima principalmente pela forma bacana que o diretor opta para fechar o longa. As atrizes acabam sendo mais elementos agradáveis para a trama do que realmente personagens que vá dar alguma segmentação representativa maior, claro que no escrito final isso é desmitificado de uma forma até dolorosa, mas tirando a cena em que pede para ser levada embora dali para o irmão, as demais acabam sendo apenas elementos a parte, mas nem por isso todas deixam de ser belíssimas.

Outro ponto que vale ser ressaltado com muito louvor do longa é a questão visual que conseguiram retratar mesmo que usando elementos mais atuais, um lugar tão pobre que qualquer coisa fora da vida dos personagens dali fariam qualquer um salivar e ficar com vontade de ter, além claro de a cada momento em que Zezé viaja na sua imaginação temos quase uma aula de decupagem cenográfica onde os elementos saltam e criam um visual imaginário que deslumbra o visual em si do nosso imaginário também. A fotografia de Gustavo Hadba é daquelas que você consegue notar a sua técnica de tal forma que gostaria de por num quadro e ficar apreciando, são raros os filmes nacionais que conseguem transmitir essa sensação de paisagem realista, num filme de temática "infantil" e imaginária de forma tão dura que como disse, pudesse ser emoldurada, já que costuma ser sempre o inverso algo mais solto.

Novamente temos um longa onde o famoso pianinho chato que tanto reclamo acaba sendo interessantemente usado de forma que acabou me agradando bastante e claro fazendo sua função tradicional: fazer os espectadores chorarem. Brincadeiras a parte com o piano colocado aqui, junto de outros bons instrumentos, Armand Amar compôs uma trilha perfeita para que lavássemos o cinema.

Enfim, como venho dizendo e já estou até me tornando repetitivo, o cinema nacional vem numa linha de ascensão muito boa e espero que continue assim, pois torço demais para que nosso cinema seja visto com bons olhos. Recomendo demais esse filme, pois é quase uma obra prima que na verdade poderia até ser mais dura se não tivesse sido colocado com censura 12 e talvez uns 14 que poderia explorar até mais de forma elucidativa o rancor que o menino sentiria ao apanhar tanto. Não digo que isso estragou o filme em momento algum, mas talvez seria mais forte um pouco. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje nessa semana que novamente o interior foi boicotado pelas distribuidoras e volto na sexta com a estreia mais esperada por muitos no mundo todo, confesso que pra mim é apenas mais um filme, mas gosto de ver na euforia da galera. Então abraços e até sexta.


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Um Porto Seguro

4/21/2013 07:43:00 PM |

Já não me convenço mais que Nicholas Sparks escreve seus livros sem pensar em como adaptá-los para o cinema, pois ou o cara está no automático para conseguir escrever um livro atrás do outro, ou o que prefiro acreditar que ele já tenha encomendado uns 50 filmes e pega sua forma de bolo e ataca. Falar isso pode até soar preconceituoso demais, mas o que vemos em "Um Porto Seguro" é praticamente o mesmo que estamos acostumados a ver em todos os filmes que são baseados em seus livros, claro que tirando um fechamento inesperado, que confesso em nenhum momento mínimo ter pensado nessa possibilidade, talvez até reveja o longa para ver se está mais explícito, mas irei pensar mais no caso. O bacana de suas histórias é que sempre seguem a mesma linhagem e isso pode ser uma forma até mais tranquila para quem vá ao cinema já saber o que verá, mas se não derem uma pausa pra que faça algo novo, pode ser que muito em breve comece a cansar e não seja mais tão agradável de assistir ou até mesmo ler seus livros.

O longa nos apresenta Katie que repentinamente muda-se para uma pequena cidade. A presença da nova moradora logo desperta a curiosidade de todos que começam a levantar questões sobre seu passado. Ela, por sua vez, evita qualquer relacionamento mais próximo, até conhecer Alex, um verdadeiro cavalheiro, pai de dois filhos e viúvo. Mas ela terá que lutar para reconstruir tudo que perdeu a medida que seus segredos começam a ser revelados.

A história em si, ao mesmo tempo em que agrada por ter seus lances acontecendo em duas partes distintas, acaba também tirando um pouco do brilho do romance que poderia ser mais forte, tanto que diferente do que costuma acontecer esse romance acabou não me emocionando tanto quanto os demais adaptados dele, claro que estou falando isso sem colocar em evidência o final, pois nesse caso precisa de muita falta de coração para não se comover com a surpresa. Mas tirando esse fato, o longa toma proporções mesmo que em alguns momentos açucaradas, ficamos com mais nuances de algo mais policial, que pelo menos eu fiquei o longa inteiro querendo descobrir o por trás da história mais do que comovido com qualquer ato do romance que estava ocorrendo na frente do pano de fundo que seria o envolvimento policial. Não consegui observar se foi proposital essa quebra de estilo, que não havia visto em nenhum dos outros filmes baseados em suas obras, mas embora seja uma vertente até mais agradável, precisa ser mais trabalhada para que não perca o estilo romântico que sabe fazer tão bem. A direção de Lasse Hallström, que nunca conseguirá chegar perto novamente de "Sempre ao Seu Lado", é bem vista pelos longos planos que ele tenta fazer para que o espectador entre no clima romântico, mas a forma que optou na edição final ficou dinâmica e boa para algo mais próximo de um drama policial com final comovente do que para uma historinha água-com-açúcar que o público provavelmente esperaria de um livro de Sparks.

As atuações estão corretas, mas faltou química para com os protagonistas, não consegui ver um relacionamento forte entre Duhamel e Hough, que seria a base para que o filme fosse mais convincente. Josh Duhamel teve seu ápice de romances em 2010, e ao que tudo parece esqueceu ele lá, e embora tenha 40 anos aparenta ter muito menos em cena, não convencendo nem como um mocinho para estar dando seus pegas, muito menos como pai viúvo de duas crianças, ficando no meio termo das duas coisas que acaba atrapalhando um pouco para a história em si, mas consegue convencer na questão de diálogos bem colocados e no seu gestual para com a trama. Julianne Hough depois de três musicais chega ao seu quarto filme sendo exigida de algo que não é, uma atriz que pode colocar fogo em um romance, não digo que ela não é uma boa atriz, mas sua cara de coitadinha sofrida precisa ser mais bem trabalhada para que possa incendiar e botar química com qualquer ator que seja, o que faz em cena é convincente, mas com outra atriz, talvez o filme decolasse mais. David Lyons está bem encaixado na trama de uma forma tão convincente que quase puxa o longa para si, o que como disse acaba sendo um problema, pois o filme deveria focar mais no romance dos protagonistas do que na busca incessante do policial e o caso que existe por trás de tudo, ou seja sua atuação é ótima, mas deveria ter sido um nível abaixo para não tirar o foco dos maiores. Cobie Smulders faz um papel tão doce e bacana de vizinha que poucas atrizes teriam uma serenidade tão boa para isso, que confesso que colocaria ela em qualquer seriado como vizinha que caberia extremamente bem, sua forma visual também agrada bastante na última parte do filme. As crianças se saíram bem também com destaque para algumas cenas de Noah Lomax que se tudo der certo nas programações dos cinemas, semana que vem voltaremos a falar mais dele em outro filme e veremos se o garoto emplaca duas vezes.

O quesito visual sempre é bem trabalhado nos longas de Sparks, principalmente porque sempre está presente produzindo ou coproduzindo os filmes, afinal o escritor procura sempre mostrar bem o que escreveu. E aqui não é diferente, temos a cidadezinha muito bem retratada como sendo apenas um ponto de passagem de ônibus e nada mais, onde a população praticamente inexiste, tanto que nos créditos nem precisou de muito espaço para o elenco. Os elementos cênicos aparecem a todo momento dando um bom charme para mostrar onde se encontra cada coisa, mas não são ponto chave para muita coisa, tirando as cartas que sempre estão presentes nas histórias de Sparks e nem o fogo numa casa consegue queimá-las. A fotografia de Terry Stacey sempre consegue por o visual em primeiro plano e o que faz com os elementos de luz e chuva aqui impressionam mais uma vez tornando o longa mais preciso impossível quanto a questão fotográfica, em momento algum a luz estoura ou fica escuro demais, é quase um balé de tão orquestrado que o diretor de fotografia consegue transmitir sensações com a iluminação que faz.

Enfim, é um bom filme sim, mas que poderia ser extremamente melhor se tivesse tido uma montagem menos policial e mais romântica que tornaria o filme docinho e cativante ao mesmo tempo e não algo que deixasse tantas incógnitas presas do início ao fim para que talvez precisássemos ver uma segunda vez o filme para se emocionar. Como já disse possui um final muito bonito e com uma surpresa excelente, mas poderia ter sido assim o longa todo que agradaria mais. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas amanhã tem mais por aqui para fechar a semana mais boicotada impossível pelas distribuidoras que mandam longas para o interior. Então abraços e até amanhã pessoal.


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O Carteiro

4/18/2013 12:14:00 AM |

Que o cinema brasileiro tem sofrido uma boa mudança isso já venho comentando faz bastante tempo, porém algumas dessas mudanças podem começar a dar um pouco errado já que estamos fugindo do nosso formato tradicional de novelas e em alguns momentos ficando parecidos com as novelas mexicanas que tanto parodiamos com sátiras. No novo longa de Reginaldo Faria, "O Carteiro", temos uma história muito bem escrita e dirigida, porém nos momentos que tenta colocar pitadas cômicas ele foge do comum para algo tolo que chega até incomodar lembrando as novelas malas que passava no SBT, talvez se tivesse seguido uma linha contínua ficando apenas nos dramas emocionais e nas mentiras se sairia bem melhor.

O longa nos mostra a história de Victor, um rapaz que trabalha como carteiro numa pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul. Ele tem como hábito violar a correspondência que entrega aos vizinhos. Um dia, para sua surpresa, cai na própria armadilha. Apaixona-se por Marli, nova moradora do local, e passa a controlar suas cartas com o namorado, interferindo diretamente na relação.

O interessante da história é que como o protagonista foca a maioria dos seus diálogos em textos de Machado de Assis, a trama soa de forma bem poética e como disse se não tivessem tentado apelar tanto para o riso com algumas situações desnecessárias, ele seria algo maravilhoso e com uma produção impecável, mas como a maioria dos longas nacionais precisam ter sua cota cômica de tela, o diretor que é rato de novelas foi lá e tentou incrementar com algo mais próximo das comédias argentinas novelescas, e aí foi onde caiu na sua própria armadilha, pois soou muito falso para o drama consistente e poético que ele vinha criando. A direção de Reginaldo é boa e pode ser que caso queira atacar mais para essa vertente deva melhorar sua mão e porque não dizer que poderíamos ter um lado lírico nos filmes brasileiros que anda faltoso.

Na questão das atuações, o diretor pode contar com a ajuda de seus dois filhos, e Candé Faria como protagonista não decepciona na sua estreia na telona, muito pelo contrário, pois jurava que já havia visto ele em diversos filmes por sua dinamicidade frente às câmeras, sendo muito bem enquadrado e dando uma entonação firme para seu personagem. Ana Carolina Machado não convence nem como par romântico, nem como protagonista, em seu momento mais dramático ganharia fácil papel em qualquer novela mexicana de tão ruim que foi. Felipe de Paula chega a se destacar bem em alguns momentos, mas também tenta ser cômico demais em alguns momentos e acaba ficando bobo em outros, poderia ter optado por um meio termo na comicidade que agradaria bastante. Fernanda Carvalho Leite faz a viúva gostosa tradicional, e seus atos embora de movimentos lentos demais até que agradam bastante, claro tirando o seu piti que ficou mais com cara de adolescente que de uma mulher normal. Ainda bem que o personagem de Marcelo Faria não faz tanta diferença pra trama, senão estragaria feio, pois além de caricato, possui uns trejeitos bem bobos que não remetem em momento algum o bom ator que ele é.

O visual do interior do Rio Grande do Sul onde o longa foi filmado pode ser remetido facilmente aos filmes românticos italianos que tanto elogiamos, dando um ar mais que bonito para a trama que fotografou belissimamente. Os elementos cênicos também embora não sejam muito criativos agradam bastante, pois remetem bem o visual do interior e dão condução para a história, somente nas cenas da delegacia que poderia ser um pouco mais incrementado. Quanto da fotografia, com certeza mereceu o prêmio de melhor do Festival de Gramado em 2011 com muito mérito, pois está linda.

Enfim, é um filme bacana, bem bonito e que poderia ser muito melhor se não tivesse cometido os erros que citei, mas que vale a pena ser assistido, claro que não sei aonde passará visto que foi filmado em 2010, concorreu em festivais em 2011 e somente agora no meio praticamente de 2013 sai nos cinemas comercialmente, então nas locadoras sabe se lá quando irá aparecer. Vejam assim que puder. Fico por aqui nessa semana, e na próxima novamente o interior foi boicotado pelas distribuidoras vindo menos do que a metade que estreia no Brasil, então vou me programar e volto com os que vierem no fim de semana. Abraços e até mais pessoal.


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Chamada de Emergência

4/17/2013 12:10:00 AM |

Alguns filmes conseguem deixar os espectadores numa forma de tensão acima do normal e posso dizer que "Chamada de Emergência" passa dos limites considerados normais para que você não comece a conversar ou com a pessoa do seu lado ou até mesmo sozinho com o próprio filme. E não estou reclamando disso, na verdade até gosto quando acabo ficando nervoso e começo a querer discutir com os protagonistas, pois sempre se metem em burradas. O mais interessante é que não havia dado nada pelo trailer, achando apenas que seria um suspense comum sem nada demais, mas a forma que vai se encaminhando é tão bem amarrada que acabamos nos afeiçoando e mesmo com as cagadas feitas pelos protagonistas acabamos vibrando muito com o final inteligente que o diretor optou para fechar.

A sinopse nos mostra que Jordan Turner é uma experiente operadora do sistema de chamada de emergência norte-americano (911), que precisa lidar com o pedido de socorro da adolescente Casey Welson, que foi sequestrada. O suspense aumenta quando Jordan percebe que, para salvar a vida da menina, precisará lidar com uma conhecida voz do passado.

Embora a sinopse contenha até um pequeno spoiler, ele não é tão forte, então não se preocupem, pois a forma que o longa foi escrito por Richard D'Ovidio tem reviravoltas possíveis para que você fique muito bravo com tudo que vai acontecer ainda. Claro que temos algumas ações bem absurdas tanto por parte da vítima quanto do sequestrador, que vamos entender somente mais ao final do longa o "real" motivo para não liquidar de vez com a vítima como qualquer outro sequestrador faria logo na primeira tentativa de fuga, mas felizmente deram um motivo razoável para tudo e não precisamos falar o velho bordão "isso só acontece em filme ou novela". Alguns irão reclamar, mas se não reclamarem não são nossos amiguinhos críticos não é verdade? A forma que o experiente diretor de séries Brad Anderson optou tanto na montagem também é um fato que ajudou bastante a amarrar a trama, pois embora seja repleta de absurdos, eles acabam fazendo o espectador entrar na história junto com os protagonistas relembrando quase um daqueles episódios do extinto "Você Decide", mas claro que sua marca pessoal deixada para o fim foi muito melhor do que qualquer um poderia votar no programa.

As atuações estão de certa forma bem corretas, com destaque claro para Halle Berry que volta a mostrar que é uma grande atriz e pode segurar sozinha uma boa trama, ou no caso uma ligação telefônica com toda a interpretação favorável de causar angústia até no mais frio espectador, claro que novamente voltamos a ter absurdos, afinal nas cenas finais se você não ficar irritado com as ações dela, você pode com certeza ganhar o Prêmio Nobel da Paciência. Michael Eklund é um ator daqueles que não gosta de ser lembrado, pois olhando sua filmografia vemos que possui quase 100 longas e não me lembro de forma alguma de suas atuações pelo menos nos que eu vi, e o que faz aqui quase não falando nada, apenas ficando muito no gestual, acabará sendo mais um filme que não me lembrarei dele. Vocês se lembram da garotinha do filme "Os Sinais"? Sim, "Abigail Breslin" está crescida agora com 17 anos e continua chorando igual fazia aos 6, mas consegue comover como uma boa vítima e faz tudo, ou quase para conseguir se safar viva, até mesmo os absurdos mais improváveis, mas na hora do aperto se faz qualquer coisa não é mesmo? Dos demais atores, apenas Morris Chestnut tenta se destacar um pouco, mas não chega a ser algo imprescindível para a história.

Os elementos cênicos do filme acabam nem sendo tão importantes nas duas primeiras partes, pois o que temos é apenas um porta-malas com objetos dentro para que a protagonista tente ajudar a ser achada, e uma grande sala de call-center bem equipada para atender todas as emergências que não posso afirmar se é daquele jeito, mas me convenceu um pouco mesmo que parecesse algo mais semelhante ao pregão da bolsa de valores. Porém nas últimas cenas os elementos alegóricos passam a ter uma grande relevância, pois passam, como disse no início, a explicar o porquê o sequestrador maluco não meteu uma bala ou que seja uma pazada na testa da garota que tenta fugir a todo custo, então se você não prestou atenção em tudo que está aconteceu nas cenas da casa do sequestrador se ligue bem agora, senão depois com certeza irá reclamar de tudo, pois mais explicado nas cenas é impossível de fazer a não ser que escrevam na tela em letras graúdas. A fotografia utilizou bem os elementos cênicos para iluminar da forma mais real que dispunha os locais onde se encontram cada protagonista, pois em sua maior parte estão em lugares quase 100% escuros, mas com os objetos as luzes ficaram no mais aceitável fiel ao que iluminariam.

Outro ponto bem favorável do longa está em segurar o filme mais nos diálogos do que nas trilhas, o que costuma acontecer de forma bem inversa nos filmes de suspense. E nos momentos musicais, as escolhas foram bem oportunas ligando cada elemento musical ao momento passado pelos que estão presentes nas cenas.

Enfim, um suspense de sequestro muito bem feito que há tempos não via nos cinemas. Recomendo para todos, com ressalva para os cardíacos ou aqueles que não gostam de cenas que causem nervosismo, mas tirando eles é um excelente filme com todos os elementos possíveis para causar a tensão que o gênero pede. Claro, que como crítico, estou vendo muitos absurdos cênicos e pontuando, mas no geral agrada bastante. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas no fim da noite estou de volta com a última estreia que tivemos nessa semana, então abraços e até breve.


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Alvo Duplo

4/15/2013 10:22:00 PM |

Quando um filme tem muitas mudanças de data de estreia, ao mesmo tempo em que ficamos bravos começamos a desconfiar que muito bom não deva ser, senão a distribuidora não mudaria tanto. Com essa premissa "Alvo Duplo" que estava previsto para estrear dia 01 de março acabou adiado de data primeiro para o dia 05 de abril e agora finalmente estreou no dia 12, mas pelo que vi na sala onde assisti tendo apenas a minha pessoa para conferir, já estou prevendo um belo fracasso de bilheterias, que ou o público já baixou na internet alguma cópia boa ou realmente os fãs de Stallone já viram pelo trailer que não devem sair muito felizes dos cinemas. O fato é que o longa realmente é bem fraco, mostrando apenas mais do mesmo do brucutu que não perde um tiro nem uma boa briga e faz sangue voar para todo lado em cenas que acabam sendo até risíveis muitas vezes, mas o que não podemos reclamar é da falta de ação.

O longa nos mostra que depois de verem seus parceiros morrerem, o matador de aluguel Jimmy Bobo e o detetive de polícia Taylor Kwon, de Nova York, formam aliança para se vingar do responsável pelas mortes, nas ruas de Nova Orleans e nos bastidores de Washington.

A sinopse não poderia ser mais sucinta, pois o que está escrito no parágrafo anterior decorre nos 93 minutos sem tirar nem por, tendo apenas muitas mortes, de vilões claro, pelo meio do caminho. O diretor Walter Hill não nos decepciona no quesito de ação sem parar, e temos apenas alguns respiros em cenas com diálogos que nem deveriam existir, pois com eles ou sem eles, o longa seria o mesmo. Já que entrei nesse quesito dos diálogos, o que nos é mostrado é mais uma prova de que Hollywood anda fraca das pernas perdendo seriamente seus bons roteiristas para as séries televisivas, o que é uma grande pena, pois a cada dia fica mais triste ouvir frases ditas nos filmes que servem praticamente para nada. O que não sei dizer é se a HQ em que o longa é baseado possui diálogos tão ruins assim, ou apenas estragaram na adaptação para o cinema.

Falar das atuações desse filme é praticamente ser repetitivo, pois temos atores que fazem tudo no mesmo ritmo sem oscilar nada. Temos três brucutus, sendo que um é exterminado logo no início, e ainda ficamos com dois que sofrem demais com seus diálogos ruins. Stallone ainda quer se mostrar capaz de fazer bons filmes policiais, mas virou praticamente um robô próprio seu, que nem é de se duvidar ainda ser um clone, pois já muitos perguntaram umas mil vezes se ele ainda não morreu, sua forma de andar está cada vez mais esquisita e suas brigas continuam da mesma forma de sempre. Jason Momoa, assim como o personagem Morel diz: "é um corpo que só serve pra briga, sem cérebro nenhum", o que fica completamente claro em sua briga final com Stallone, é revoltante ver um ator que faz estereótipo de si mesmo, tanto que ao pegar os machados se tivesse alguma molecada na sala do cinema já iam gritar: "Vai Conan". Sung Kang é um dos atores coreanos que até gosto de ver nas telas, mas na maioria das vezes seu personagem puxa pra um lado cômico que ele não possui, ficando no ar aquelas piadas típicas que seu amigo conta e você ri para o cara não passar vergonha, aqui como um policial meio atrapalhado que faz tudo pelo celular não funcionou muito não. Adewale Akinnuoye-Agbaje até tenta fazer boas interpretações com os diálogos que tem em mãos, mas quando faz sua melhor ironia não dá mais tempo de salvar o longa nem ele mais, poderia ter sido mais bem aproveitado como um vilão mais forte, pois seus atos acabam sendo fracos demais para alguém que é tipo um mafioso dos bons. Sarah Shahi faz um papelzinho tão fraco que pelo trailer pareceria que seria um grande elo pro longa, mas é quase um enfeite de 20 minutos, nem servindo muito para par romântico tendo apenas sido falada no diálogo final.

A equipe de arte trabalhou de forma bacana pelo menos e até tenta salvar o filme com boas locações, claro todas prontas para milhares de brigas e explosões, com elementos cênicos bem montados, mesmo na maioria dos casos nem sendo usados em cena. A direção de fotografia também trabalhou de forma concisa, dando um ar meio retrô ao longa granulando as cenas, deixando ele com estilo dos filmes antigos que Stallone costumava protagonizar.

Enfim, é daqueles filmes que a Globo irá adorar passar nos fins de domingo, então nem perca seu tempo na sala do cinema, pois é mais do mesmo: muita pancadaria, muita correria, muitos tiros e nenhuma história nem diálogo convincente para agradar quem tenha um pouco mais de cérebro do que os brucutus. Fico por aqui hoje recomendando apenas para quem quiser realmente ver muito Stallone sem ser em "Os Mercenários", pois não vale a pena gastar dinheiro com ele no cinema. Amanhã tem mais post por aqui, então desejo uma boa noite e até breve.


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Oblivion

4/15/2013 01:40:00 AM |

Filmes de ficção científica sempre trabalham bem com nossa imaginação, e quando colocado junto de um apocalipse terrestre, o que temos não pode ser considerado como algo que não nos envolva com entretenimento puro. O longa "Oblivion" que Joseph Kosinski("Tron: O Legado") escreveu, produziu e dirigiu é daqueles filmes que ficamos um pouco confusos com a história de como tudo ocorreu, quem é quem, para onde vai cada coisa, e principalmente com a velocidade da trama acabamos nos perdendo mais ainda, pois é incessante a correria de Tom Cruise, mas claro que o resultado final agrada bastante entre os prós e os contras do longa.

A sinopse nos mostra que em 2077, Jack Harper trabalha na manutenção de equipamentos de segurança, em uma Terra que foi evacuada. Parte de uma gigantesca operação para extrair recursos vitais, depois de décadas de guerra com uma aterradora ameaça alienígena que ainda recolhe o que restou do nosso planeta, a missão de Jack está quase completa. Em duas semanas, ele vai se juntar ao resto dos sobreviventes em uma colônia lunar, longe do mundo destruído pela guerra que ele há muito tempo chamou de lar. Mas a existência pairada nas alturas de Jack é abalada depois que ele resgata Julia Rusakova de uma espaçonave abatida. Atraída para Jack por meio de uma conexão que transcende a lógica, sua chegada inicia uma cadeia de eventos que o força a questionar tudo que sabe.

A história em si é de difícil compreensão por misturar datas e personagens, e quando ocorre determinado ato em uma das cenas consegue deixar mais confuso ainda tudo, claro que se pararmos para pensar, o que a maioria não costuma fazer antes de criticar, conseguimos juntar todas as peças e fazer uma história discernível, mas que na velocidade acaba sendo apagada e alguns até se revoltam com o que vêem. A HQ que o diretor criou já há bastante tempo, antes mesmo de ficar famoso com seu longa de estreia "Tron: O Legado" com certeza deve ser lançada agora com o filme, afinal deve fazer um certo sucesso, pois filmes com Tom Cruise dificilmente não emplacam um grande público. Como disse a história é um pouco difícil, mas como entretenimento o longa agrada demais com  muita ação, tiros pra todo lado e uma fotografia de visual impressionante. Temos também alguns pequenos errinhos de continuidade bem visíveis, de coisas sumindo e voltando, mas somente se você for muito chato, assim como sou às vezes, irá ficar prestando atenção nisso.

As atuações estão bem interessantes, até mesmo as dos coadjuvantes bem pequenos, mas vamos começar falando dos principais. Tom Cruise ultimamente já declarou que agora só fará os filmes que o roteiro lhe interessar muito e é impressionante como ele se diverte fazendo longas em que precisa correr, pular e principalmente escalar cordas, chegando alguns momentos que até ficamos ofegantes com o tanto que se exercita em tela, e tudo isso claro agrada demais nesse gênero, então é ponto positivo para sua atuação e claro interpretação de seu texto. Andrea Riseborough tem sua fisionomia que me lembra de outra atriz, pois olhando sua filmografia não me lembro muito dela nos filmes que consta no IMDB, aqui seu papel é bem correto quanto a interpretação, e principalmente ficamos bem felizes com sua cena na piscina, mas sua cena mais forte que precisa chorar é de mostrar todo seu valor como atriz. Olga Kurylenko é daquelas atrizes que em sua expressão ficamos em dúvida de seus sentimentos, mas com o decorrer da história acabamos até torcendo para que dê certo as suas coisas e ela fique bem. Melissa Leo aparece sempre em um quadradinho tão pequeno que se não visse seu nome no crédito com toda certeza não saberia que é sua voz e sua atuação que está presente ali, excelente atuação principalmente por ficar irreconhecível para o público. Bom eu sou fã completo do trabalho de Morgan Freeman, e aqui ele embora esteja com uma roupa ridícula, procura fazer sempre o seu melhor, claro que já vi diversos filmes que ele detonasse, mas aqui fez na minha opinião apenas o seu básico. Nikolaj Coster-Waldau apenas pelas três cenas que aparece já demonstra a garra de quem faria muito bem um filme praticamente inteiro, é uma pena que seu personagem é um coadjuvante que aparece só para alguns detalhes, valeria a pena ter investido mais no rapaz.

O visual da trama é o ponto mais rico de tudo, e gostaria de saber onde foi filmado, claro sem ser as cenas digitais, pois ficou muito bacana a forma que trataram da Terra pós-guerra, com uma cenografia desértica aliada a bons rasantes com a nave, me fez lembrar alguns momentos de "Star Wars". Além dos cenários, os diversos elementos cênicos, principalmente os presentes na cabana do lago ou até mesmo na cena da biblioteca, que conseguimos observar toda a riqueza de elementos que a direção de arte quis nos proporcionar. Aliado a isso, a direção de fotografia soube trabalhar com uma iluminação forte onde o Sol parece ter dominado por completo nosso planeta, não temos quase nenhum momento que a luz seja praticamente apagada, a não ser apenas nas cenas no subsolo, que também temos um ótimo jogo de iluminação para ressaltar os atores.

A trilha sonora embora não tenha sido feita novamente por Daft Punk assim como fez em "Tron", o diretor assimilou muito do que foi usado lá para pedir ao pessoal do M.8.3 e Anthony Gonzales, pois é notória a semelhança e claro agrada bastante principalmente nas cenas finais onde a música nos leva ao foco principal. As músicas escolhidas também para retratar as cenas na cabana usando o bom chiado do vinil são outro detalhe preciosíssimo.

Enfim, como disse o longa vale muito pelo entretenimento que proporciona, não é e nem será algo que marcará nossas vidas cinematográficas, mas diverte na medida do seu tempo e deve agradar a todos que forem assistir no cinema, afinal é daqueles que devem ser visto numa tela bem grande. Recomendo somente dessa forma, que não vá esperando ver o melhor filme de ficção científica, pois nem ele se propõe a isso. Fico por aqui nessa noite, mas como vieram muitas estreias e estava preso com o Festival nos últimos dias, atrasei um pouquinho aqui, então teremos muitas atualizações ao longo da semana, então deixo aqui meus abraços e até mais a noite pessoal.


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Disparos

4/12/2013 11:56:00 PM |

Pronto escolhi meu filme predileto do Festival SESC Melhores Filmes, e pra variar tinha de ser o último que assistisse né, como sempre ocorre. "Disparos" da estreante em longas Juliana Reis, que antes que me perguntem não é minha irmã, é um filme que você acaba se questionando o motivo dele estar num festival sendo tão comercial e principalmente o motivo dele não ter corrido mais de forma comercial para cair no circuito de festivais, pois o longa beira muito bem entre as duas vértices e acaba agradando todo mundo, claro que haverá os que irão odiar, mas de todos os filmes que assisti nessas duas semanas o que conseguiu me deixar vidrado os 82 minutos na tela foi sem dúvida alguma esse longa.

O longa narra a história de Henrique, talentoso fotógrafo carioca, que se vê envolvido num caso de violência ordinária, sem se saber vítima, cúmplice ou testemunha. É um filme de urgência que tenta captar o instante de um personagem e de toda uma sociedade junto com ele. Baseado em fatos reais e pautado no gênero de suspense policial, o filme alia uma linguagem narrativa clássica e consistente em sua ação principal, centrada no jogo do ator, com a moderna utilização do princípio do multiplot para desenvolver as sub-intrigas dos personagens secundários e montar um mosaico sobre o tema mais que atual da violência urbana. O Rio de Janeiro é palco desta história que se desenvolve, sem elipse, no espaço de uma noite.

Iniciante em longas, mas com uma carreira já bem diversificada em curtas e roteiros para diretores famosos, Juliana inicia muito bem nos longas, pois o filme já abocanhou três grandes prêmios de um dos mais difíceis festivais brasileiros que é o do Rio de Janeiro. E isso mostra bem o mérito que a película pode trazer, pois num cinema nacional que estamos acostumados ou com dramas psicológicos que poucos acabam gostando ou com comédias do absurdo que nem sabemos o motivo de estarmos rindo, o que nos é apresentado aqui é um policial do melhor calibre com passagem pelo cinema marginal que vimos num passado bem distante, mas ainda assim elaborando uma narrativa bem quebrada no melhor estilo possível para que fiquemos agradados, e porque não dizer algumas vezes chocados, com tudo que nos é mostrado na tela. Outro grande acerto da diretora é não revelar a trama completa, deixando no ar o gostinho de quero mais junto com a incerteza de fatos que faz com que fiquemos nos perguntando depois e aí? Irei com certeza agora grudar na espera de novos filmes da diretora, pois se iniciou bem assim, quem sabe pode fazer algo melhor ainda.

A direção dos atores é um ponto que Juliana precisa melhorar um pouco, pois alguns dão show enquanto outros ficam bem perdidos em cena, mas não chegam a estragar completamente. Gustavo Machado já está quase me convencendo que é fotógrafo, pois senão me engano já é o terceiro ou quarto filme que faz o mesmo papel, porém aqui sua nuance é bem diferente da de "Eu Receberia As Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios", aqui ele está muito mais centrado, nervoso e confuso com tudo que ocorre em sua volta não tendo tempo para romances, e o que faz em cena é digno de uma pessoa com muita calma, pois eu já teria perdido a paciência na terceira fala do delegado. Caco Ciocler mereceu demais o prêmio de melhor ator coadjuvante, seus atos são como disse acima de querer socar sua cara de tanta ironia presente no personagem, e claro para conseguir fazer isso com o espectador somente sendo um grande ator. Julio Adrião corre em sua veia a nuance cômica, não tem jeito, mas seu personagem acaba ficando chato em algumas bobagens que fala e em certos momentos até irrita sua ironia em querer aparecer na cena da delegacia. O personagem de Dedina Bernardelli poderia ter tido mais tempo de tela, pois mesmo ela falando "cara" para o marido umas 200 vezes, acredito que deva ser trejeito de carioca isso, a sua história poderia ter rendido mais uns bons momentos ainda na tela e quem sabe a trama até deslanchar um pouco mais.  Agora os demais personagens precisariam ou ter tido mais preparo para que suas cenas curtas caíssem melhor ou aumentado sua participação de tela, pois acabam sendo meros elementos figurativos com falas e mesmo assim bem fracas que precisariam ter sido melhores lapidadas. O exemplo mais controverso que acaba ficando estranho é o ato entre Cristina Amadeo e João Pedro Zappa que acaba sendo a coisa mais sem nexo que poderia ocorrer no filme inteiro.

O visual do longa em suma é bem simples, mas bem feito. Não temos nenhuma cena que envolvesse nenhum lugar que falássemos, nossa que coisa bem trabalhada, mas é digno de vermos as cenas com clareza e identificarmos aonde está se passando cada coisa. É o típico filme onde a produção economizou para ficar claro sem rebuscar muito. Agora se economizaram na direção de arte, gastaram bem na fotografia de Gustavo Adba que está perfeita, observamos todo o trabalho de sombras que mesmo nas cenas mais noturnas conseguimos observar os detalhes das cenas do crime, ou até mesmo das cenas menores, realmente um espetáculo que valeu inclusive o prêmio do Festival do Rio também.

Enfim, um excelente filme que mereceria uma brecha nas salas comerciais para que um público maior visse, mas a H2O Filmes aparentemente não costuma soltar muitas cópias por aí, então quem puder assista quando sair para locar ou passar em algum canal, pois vale muito a pena ver esse trabalho feito por uma equipe extremamente competente. É isso pessoal, com esse ótimo longa encerro minha participação no Festival SESC Melhores Filmes, aqui em Ribeirão Preto tem mais amanhã e em algumas cidades terá outros dias, confiram a programação completa aqui. Amanhã já volto para as estreias, então abraços e até mais.


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Fausto

4/12/2013 01:31:00 AM |

Assistir a filmes russos pode ser considerado quase que uma experiência sobrenatural, pois mistura uma língua que não é comum de ouvirmos com temas geralmente complexos e o principal que é a linguagem que utilizam para filmar que costuma ser um pouco escura. Agora junte toda essa dificuldade com uma péssima projeção e imagine o que assistimos hoje no Festival SESC Melhores Filmes. Pois bem, se você conseguiu imaginar essa tragédia completa, denomine de "Fausto" e pronto poderia resumir meu texto completo com essa sua imaginação, mas vamos falar um pouco mais sobre o longa, claro esquecendo a projeção de péssimo nível.

A sinopse nos mostra que Fausto é um pensador, um rebelde e um pioneiro, mas também um ser humano anônimo feito de carne e sangue governado por impulsos internos, cobiça e luxúria. Livremente inspirado pelo Fausto de Goethe, o filme é a última parte da tetralogia de Sokúrov sobre a natureza do poder.

A história em si, eu tenho impressão, e claro se alguém souber me relembrar fale nos comentários, que já vi algum outro longa americano muito parecido, mas como tenho memória péssima não consigo me recordar qual. E embora seja complexa possui um formato entendível que acabamos assimilando facilmente, por ser bem da natureza humana os atos do personagem. O diretor trabalhou bem com planos costumeiros o que facilitou um pouco, bem diferente do costumeiro cinema russo, mas mesmo assim é notória a presença de elementos que só são correspondidos por pessoas do país. Não assisti a nenhum dos outros três filmes da tetralogia dele, mas acredito que a forma escolhida para um encerramento foi bem condizente com o que é mostrado nesse longa, e claro não se assustem por ser parte de uma tetralogia que o filme possui começo, meio e fim perfeitos.

Dos atores principais da trama nenhum é muito conhecido por aqui, principalmente pela quantidade de filmes russos que chegam em cartaz, mas podemos dizer que no geral todos agradam no quesito função dramática, já que como não entendo uma palavra em russo não posso dizer que a forma de expressão de cada palavra seria dita naquela entonação. O único porém fica para a maquiagem corporal de Anton Adasinsky que na cena que tira a roupa, não sei se pela péssima projeção ou do próprio filme, ficou completamente estranho o que quiseram mostrar e fiquei pela legenda apenas, mas poderia ser melhor ilustrado, porém tirando isso os trejeitos do ator ficaram bem bacana parecendo ser até mais rabugento do que sua aparência mostrou. Johannes Zeiler variou demais sua entonação de voz, aparentando que o filme tenha sido filmado em épocas bem diferentes e juntado depois, mas no contexto completo agrada sua atuação para com o filme. Isolda Dychauk é daquelas atrizes que sabemos que é o ponto chave do filme, mas sua expressão de nada acaba nos incomodando de uma forma que acabamos ignorando sua presença em cena, pra não dizer que foi medíocre suas caras. Georg Friedrich tem em suas cenas, alguns dos melhores planos possíveis e poderiam ter abusado um pouco mais dele, colocando mais planos que o contivessem, pois o cara foi perfeito quando apareceu.

O quesito visual está bem trabalhado com cenários bonitos e cenografias bem coerentes, mas como já disse várias vezes a projeção aliada a uma película que já rodou meio país ou mais, acabou ficando bem difícil de notar e irei acreditar em amigos que viram em outras mostras e falaram que está ótima, pois realmente estava muito difícil diferenciar tudo que tinha nas várias camadas que pensaram para fazer o longa. A dificuldade em ver também é resultado do famoso cinema russo que raramente opta por usar mais iluminação de contraluz e clarear seus recintos, preferindo deixar o mais sombrio possível todos os filmes, claro que existem alguns que vão contra essa ideologia, mas são raros.

Enfim, é um filme interessante que quem sabe assistindo em casa num bom aparelho de Blu-ray consigamos ver melhor sua essência e claro junto com os demais filmes da tetralogia construir um panorama completo, mas como vimos nessas condições e aqui avalio o que vi no cinema, a nota vai pesar um pouquinho. Fico por aqui hoje, mas essa noite (sexta) ainda tenho mais um filme do Festival SESC Melhores Filmes que ainda não conferi para comentar, mas como já disse o Festival vai até sábado então quem quiser fica o convite para ir em sua cidade. Abraços e até mais tarde pessoal.


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Luz nas Trevas: A Volta do Bandido da Luz Vermelha

4/12/2013 12:36:00 AM |


O cinema de Rogério Sganzerla sempre foi algo diferenciado, seja por sua forma experimental ou porque não dizer sua genialidade de misturar tudo num filme mesmo que sanguinolento de uma forma cômica. Pois bem sua mulher Helena Ignez consegue manter a mesma veia em seu filme “Luz nas Trevas: A Volta do Bandido da Luz Vermelha” e até mesmo conseguir fazer um longa mais maluco ainda, porém mais leve que o de seu marido.

A história nos mostra que numa cela de uma prisão de segurança máxima o Bandido da Luz Vermelha reflete sobre sua própria vida. Na prisão, descobre que a cada nova falsa acusação que assume, aumentam seus privilégios. Jorge Bronze, mais tarde conhecido como Tudo-ou-Nada, é filho de Luz Vermelha. Adorado pelas mulheres, ele segue os passos do pai, divertindo-se e gastando tudo  o que ganha com os roubos.

O mais bacana da história é que o projeto foi idealizado por Rogério para ser uma continuação de seu filme de 1968, mas com sua morte acabou não sendo realizado. E agora passados mais de 44 anos, a sua viúva e suas duas filhas acabam dando vida ao filme e colocando muito do que podemos considerar sua alma e essência. Não posso dizer que tudo foram flores na concepção do longa, pois existem muitos furos de época, pois ao mesmo tempo que temos uma polícia que sai atirando nas ruas, temos TVs de LED e carros novos. Isso são pequenos detalhes, que até caberiam num longa de Sganzerla, pois em seu mix nada era temporal, mas acabou ficando estranho em alguns momentos. Porém tirando esses detalhes, o que vemos nas mãos de Helena é um filme bem divertido e ao mesmo tempo ideológico. Outro ponto que podemos ter como referencia é a forma que os artistas se movem e discursam, fazendo nos lembrar dos filmes antigos onde eles praticamente entoavam suas vozes para dizer um texto declamando como poemas e não apenas interpretando, é algo diferenciado que pode dar certo mais para pessoas que curtiram o cinema brasileiro antigo, pois para alguns mais novos podem ter ficado com cara de interrogação ao ver o longa.

Continuando a falar sobre as interpretações, um grande acerto inesperado foi a escolha de Ney Matogrosso para viver o personagem do Bandido da Luz Vermelha, pois ele como ícone musical da época do filme de Rogério, hoje caiu como uma luva nas mãos de Helena, e o mais interessante é ver como ele se saiu bem, pois quando vi o cartaz do longa no ano passado com o nome dele, jurava que ele não serviria para o papel, mas hoje vi que o cara detonou, principalmente com o final cantando a música “Sangue Latino” que coube completamente para a trama. André Guerreiro Lopes poderia ter forçado um pouco menos no seu personagem, pois alguns momentos soam bem falsos para a trama, fora algumas frases ditas tantas vezes que podemos julgar até mesmo uma falha no roteiro que embora possa servir como tema do personagem acabam cansando. Os demais atores acabam sempre dando ligações para a realização de determinados momentos, mas acabam nem sobressaindo muito para poderem ser citados, então apenas consideremos eles como corretos.

O visual preparado para a trama caiu muito bem e conseguimos ver o trabalho da direção de arte com minúcias tanto nos objetos cênicos quanto nos materiais selecionados de outros filmes “jogados” no meio da trama tanto para lembrar o filme original de Rogério quanto para acabar fazendo uso da linguagem que ele fazia. Os melhores cenários sem dúvida nenhuma ficam para as cenas dentro da cadeia, que embora seja um cenário teoricamente fácil de se produzir tiveram todo o cuidado para fazer algo bem diferenciado. A fotografia também se ateve a fazer as lembranças visuais do diretor e com isso, mesmo nas cenas mais escuras jogar a luz avermelhada caiu muito bem para a trama e colocou identidade.

A sonoplastia foi bem organizada, mas ainda assim não é um estilo que dou muitos salves, pois em alguns momentos a narração mesmo que cabível e feita de forma divertida acaba enchendo o saco. Enquanto que a trilha sonora bem escolhida com músicas que sempre remetam aos personagens entrou perfeitamente sem ter nenhum momento de erro.

Enfim, é um filme diferente porém que além de poder fazer com que as pessoas vejam o filme antigo que originou esse e é um clássico do cinema brasileiro, fez as devidas homenagens e agradou por seguir uma linha um pouco fora dos tradicionais de festivais e colocando um ar mais comercial para a trama, o que claro Rogério ficaria muito nervoso, pois ele não era adepto do cinema comercial. Mas é isso, deve ser um longa que passará muito no Canal Brasil então quem tiver a oportunidade assista ele e claro quem não viu o filme “O Bandido da Luz Vermelha” assista pois é bem bacana. Fico por aqui, mas daqui a pouco posto também o outro filme que conferi hoje no Festival SESC Melhores Filmes, que continua até sábado com preços bem acessíveis, então não deixe de conferir na sua cidade. Abraços e até daqui a pouco pessoal.


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Sudoeste

4/10/2013 12:20:00 AM |

Hoje poderia estar aqui feliz por mais um belo filme do cinema brasileiro, mas infelizmente a exibidora do filme, no caso o Cinépolis Santa Úrsula, assim como já estamos acostumados com os filmes que são exibidos lá, destruiu toda a sensibilidade que o longa poderia passar. Primeiro oscilando entre os formatos de janela até acertarem o correto que é diferenciado de qualquer filme, depois oscilando o som, principal elemento que o diretor colocou pensadamente no filme, entre dolby e mono, ficando com essa última opção praticamente 90% do filme e quando voltava o dolby estava tão alto o volume que era quase uma explosão, ou seja, o que assistimos de "Sudoeste" foi praticamente algo estranho e não o longa realmente que o diretor Eduardo Nunes concebeu. Agora após todo o desabafo, vamos falar sobre esse filme que é daqueles que temos de assistir pacientemente interpretando cada elemento da narrativa, pois ele discorre de forma fora dos padrões que estamos acostumados, tendo duas vertentes de tempo completamente diferentes, a de Clarice que tem seu tempo na mesma velocidade do vento e o tempo dos demais integrantes da pequena vila, que parecem parados no próprio tempo.

Assim como já disse um pouco no primeiro parágrafo, a sinopse nos mostra que numa vila isolada do litoral brasileiro onde tudo parece imóvel, Clarice percebe a sua vida durante um único dia, em descompasso com as pessoas que ela encontra e que apenas vivem aquele dia como outro qualquer. Ela tenta entender a sua obscura realidade e o destino das pessoas a sua volta num tempo circular que assombra e desorienta.

Como disse, nos momentos em que consegui assimilar o filme real concebido pelo diretor, o que vi é que ele tenta nos mostrar em todos os momento a influência do vento no caso a referência ao nome sudoeste que muitos falam na navegação ser um vento desordeiro, que nada naquela vila parece ser  comum para os padrões, parece que esqueceram de crescer, esqueceram de viver a própria vida, e quando ele insere para mostrar a sua vida inteira para Clarice, temos algo surpreendente que são as pessoas conseguirem observar o seu crescimento junto com ela própria. Isso ficou muito bem agradável e de fácil compreensão, pois o diretor se preocupou com a sonoplastia completa, com os elementos corretos, com tudo para que não ficasse apenas um filme autoral e porque não dizer experimental, mas sim uma obra completa.

A atuação da protagonista Simone Spoladore é complexa e ao mesmo tempo singela de uma forma que somos colocados à prova quase durante o longa todo, pois como o filme é em preto e branco a similaridade com a personagem de Mariana Lima e em certos momentos acabamos ficando até confusos com tudo que é mostrado. Raquel Bonfante fazendo Clarice jovem está também muito centrada com seus atos e as vezes nem nos damos conta de que é apenas uma garotinha que está fazendo um papel tão forte. Mariana Lima como disse nos confunde muito com a protagonista, mas seu papel no geral, embora forte em alguns momentos, acaba sendo esquecido de certa forma se não fosse essa aparência confusa que o diretor nos quis pregar. Dira Paes sempre acerta bem no cinema, e não seria diferente aqui, mesmo que seu personagem apareça apenas três vezes, ela consegue se sobressair e mostrar muito mais do que as pessoas que apenas à vê nas novelas. Os personagens masculinos embora não se destaquem tanto quanto os femininos vale ressaltar o papel de Julião Andrade que com uma postura firme faz de seu personagem uma silhueta de como é o homem das antigas do interior.

No quesito visual, confesso que não sou dos mais adeptos da linguagem que acaba sendo mostrada em preto e branco, pois mesmo jogando o trabalho da fotografia lá em cima, os cenários acabam se tornando insossos, sem vida e mesmo conseguindo identificar completamente o local onde passa o momento dos personagens, acabamos vendo apenas uma parte do que realmente é, sendo que se fosse colorido o longa teria sido mais trabalhado no visual e não tanto na sonora como o diretor fez. Como falei da fotografia, não tem como negar que o trabalho no clássico preto e branco é algo que fica lindo e seria hipócrita dizer que para a fotografia eu não goste, mas já falei o motivo acima então nem convém dizer mais, aqui ela até é bem usada para mostrar que por ter parado no tempo a vila, até as cores não existiam, mas é só. Outro ponto que vale a pena ressaltar é a maquiagem que mesmo estando em P/B ficou nítida para ser bem notada, excelente.

Da parte sonora, vou falar somente do que ouvi, pois como já disse várias vezes não tivemos como apreciar o principal ponto que acredito ser forte do longa que é toda a sonoplastia do vento e as canções características para marcar cada momento da vida da protagonista. O que conseguimos ouvir ficou muito bom e espero ver logo mais no Canal Brasil, afinal é um filme característico de passar lá, para poder confirmar tudo.

Enfim, é um bom filme que acredito ser bem melhor, mas como não vi em totalidade nem por culpa da película, mas sim do cinema irei avaliar ele como o que vi. Então quem puder ver em outro lugar e dizer realmente se o que disse é melhor mesmo, os comentários estão abertos. pra isso. Fico por aqui hoje, mas na quinta estou de volta com os filmes do Festival SESC Melhores Filmes, abraços e até mais.


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Entre o Amor e a Paixão

4/09/2013 01:54:00 AM |

Já vou dar um spoiler gigante para quem sempre leu as minhas críticas: finalmente uma comédia romântica, ou melhor, um romance que encerra como sempre quis. Pronto prometo não dar mais nenhum spoiler e quem não quiser ler mais nada sobre o filme, e me xingar fique a vontade, mas precisava falar isso sobre "Entre o Amor e a Paixão", pois não posso dizer que o filme tinha me agradado tanto até ter seu desfecho interligando tudo que foi mostrado em mensagens subliminares durante todo o longa, portanto preste atenção em cada detalhe por mais minúsculo e ridículo que possa ser. Outra coisa que irei falar mais abaixo é que nunca imaginei Seth Rogen fazendo um papel mais ou menos sério. Ou seja, vou colocar a conclusão já no parágrafo inicial: Assistam a esse filme.

A sinopse do longa é bem simples: quando Margot encontra Daniel a química é perfeita. Porém, a jovem não pode assumir sua paixão: ela está casada com o renomado escritor Lou. Quando Margot descobre que sua nova paixão vive do outro lado da rua, seu casamento é seriamente abalado.

O bom de a sinopse ser simples é que ela não exercita tanto a ideia bacana que tem por trás dos pequenos detalhes, que como disse no início, são extremamente essenciais para que você não fique tão bravo com o encerramento do filme. O que mais gostei é que a diretora e roteirista Sarah Polley é uma atriz de muitos filmes e renomada que poderia ser extremamente criticada pelo que fez, e isso me impressionou demais, por não fazer o de praxe de qualquer filme, pois esperei até o apito final do juiz para acreditar que o que vi foi aquilo mesmo e sair da sala vibrando mais do que qualquer pessoa que vi saindo emburrado de lá. Outro fato interessante é a forma narrativa que embora seja linear podemos quase mudá-la para uma elipse com muitos altos e baixos, principalmente se colocarmos junto a atuação da protagonista.

Já que comecei a falar de atuação, vamos falar direito sobre Michelle Williams, que pela primeira vez percebi sua real altura que pelo figurino e atores ao seu redor ficou menor ainda. Mas como não estamos aqui para falar sobre estatura, vamos ao que interessa, sua interpretação oscilou muito ao longo do filme, variando de momentos que ficamos de queixo caído até momentos que parece ser uma atriz medíocre sem expressão, o que com certeza não é, mas faltou aproveitar mais dela em alguns momentos e isso chega a atrapalhar um pouco, porém no geral consegue dar muito conta do trabalho e seu fechamento nem vou falar nada, só dizer genial. Já disse um pouco no início sobre Seth Rogen e fiquei pasmo de ver que ele consegue fazer papéis sérios e bem, tanto que demorei para perceber que era ele, pois vi no cartaz seu nome e não tinha ligado o ator ao personagem, pois ficou bem bacana a forma que faz tudo, até nos momentos mais bobinhos. Luke Kirby, assim como ocorre numa das cenas iniciais, sua fisionomia não me é estranha, mas não me lembro de ter visto nenhum outro filme que ele tenha despontado, e aqui embora seja adocicada demais sua interpretação em muitos momentos, acaba agradando no geral, só acho que poderia ter feito um porte mais de protagonista, pois alguns momentos parece ser apenas o vizinho que fica lá no fundo sem fazer parte da trama. Dos demais, a maioria acaba sendo apenas coadjuvantes que tem fala, mas você deve se perguntar por que então Sarah Silverman está no pôster, sendo que ela nem é uma atriz que chamaria tanto o público para um filme, e digo aguarde o final e confira, pois seu detalhe é outro soco no estômago que dá boa parte da explicação final.

Os cenários escolhidos para a trama condizem perfeitamente com tudo, desde o momento que se passa com cada personagem até mesmo com os encaixes perfeitos com a trilha sonora. Fazia tempo que não via um longa que cada detalhe cenográfico também fizesse parte do contexto, e aqui podemos dizer até mais, que os elementos cenográficos são o próprio contexto no qual os protagonistas estão inseridos. A fotografia apelou um pouquinho para o contraluz, acho bacana, pois dá um ar romântico para algumas cenas, mas o exagero foi tanto que quem precisar ler as legendas, ficará um pouquinho incomodado.

Agora vamos falar sobre o show do longa: a trilha sonora escolhida! Já assisti a muitos filmes nessa minha vida, mas um que a trilha falasse por si própria até mais do que os próprios atores fazia tempo, ou nem vi algum até hoje. Você deve falar, mas Fernando eu assisti hoje o filme e algumas músicas nem mostravam nada do que estava acontecendo! Então apenas digo reveja sabendo o final e verá que diz tudo na música. Perfeita a escolha completa, principalmente legendando a canção para que montemos a historinha completa do filme na nossa cabeça.

Pronto, vou parar de falar senão daqui a pouco conto o que acontece e como já disse essa não é e nunca será a proposta de meu blog, portanto não venha aqui esperando que seja como demais sites de crítica de filme que preferem contar o que acontece em cada cena que não encontrarão aqui. Recomendo muito esse longa, não se assuste com algumas cenas, pois embora pareçam desnecessárias, farão muito sentido ao completar do longa, e repito assistam. Fico por aqui, mas nem posso falar que é por hoje, já que já é terça e hoje a noite teremos mais um filme que ainda não vi do Festival SESC Melhores Filmes, então abraços e até mais a noite.


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Febre do Rato

4/09/2013 12:45:00 AM |


Já posso escolher o filme mais estranho que gostei até hoje. Ele pode ser assistido com o nome de “Febre do Rato”, que agora após assisti-lo posso dizer que ganhou merecidamente como o melhor filme do Festival SESC Melhores Filmes, claro que como melhor brasileiro, pois ainda ficaria com "Intocáveis".  Muitos que forem assistir podem achar ele pesado na sexologia, mas o que vemos na tela é um retrato dos poemas ditos pelo protagonista de uma forma nua e crua de modo a causar mesmo a repulsa e não agradar mesmo, mas o formato escolhido para expressar tais sentimentos só podia ser esse mesmo que é a sétima arte.

A sinopse nos mostra que Zizo é um poeta inconformado e anarquista, que banca a publicação de seu tabloide  Em seu mundo próprio, onde o sexo é algo tão corriqueiro quanto fumar maconha, ele conhece Eneida. Zizo logo sente um forte desejo por Eneida, mas, apesar de seus constantes pedidos, ela se recusa a ter relações sexuais com ele. Isto transtorna a vida do poeta, que passa a sentir falta de algo que jamais teve.

O que o diretor expressa em seu longa é ao mesmo tempo forte e bem dito para representar. Somos conduzidos com exaustão  aos pensamentos do protagonista e embora seja um filme feito para Festivais, mesmo não contendo apelo comercial, o longa embora seja diferenciado, tem uma narrativa mais próxima do usual que estamos acostumados a ver. Claro como disse no início ele utiliza exageradamente a sexologia, então se você liga para de ficar vendo pessoas nuas e fazendo sexo, talvez se incomode demais com a forma escolhida para representar a o expressionismo que a poesia pode ser mostrada.

A atuação aqui mostrada me faz ficar extremamente bravo com o escolhido como melhor ator do Festival, pois Irandhir Santos não está bom no filme, ele está espetacular para não dizer outra palavra, assim como foi em “Olhos Azuis”, meu filme brasileiro favorito. Ele exime toda a representatividade da poesia, ele declama com toda a nobreza que os poetas e atores deveriam se abrir para mostrar seu texto, o que vemos na tela é quase ele enquadrado numa peça de teatro onde o ator dá o seu máximo para que ao final receba as palmas da plateia com louvou de pé. Matheus Nachtergaele também nos momentos em que aparece mostra que é muito bom e faz de seu texto embora não eloquente uma boa forma de vermos o gaiato meio maluco que também é trabalhador. Nanda Costa é uma atriz complexa, pois suas expressões são ao mesmo tempo em que é bem vista acaba ficando escondida, poderia ter dado mais pelo personagem sem ser apenas a sua sexualidade. Juliano Cazarré está estranho, mas acaba mostrando bem seu papel e mostra mais ainda que é um ótimo ator não ligando para nada que lhe oponha.

O visual do longa é sujo, mas extremamente bem representado para mostrar a pobreza humana que os personagens vivem, mas serve perfeitamente para ilustrar que o ser humano mesmo vivendo na miséria sabe viver com felicidade e claro que com a poesia enobrece sua alma para viver melhor. A representatividade do título para com a forma que os protagonistas vivem é impressionante e agrada de certa forma muito bem. Não entendi muito o motivo de o diretor ter optado por fazer o longa em preto e branco, pois não condiz muito com a história, a não ser que tenha tentado deixar ele como um jornal onde impressa suas ideias, porém o fotografo soube fazer um excelente trabalho de sombras que deixou ele com um formato incrível de se ver.

A trilha sonora está muito bem usada e até mesmo o maldito pianinho, no caso aqui um teclado, que sempre reclamo em todos os filmes caiu muito bem para a história, pois não faz parte apenas da trilha, mas sim aparece sendo tocado em diversos momentos no longa o que ficou bem divertido e bacana de se ver.

Enfim, um filme extremamente diferenciado, do qual eu tinha certeza que odiaria tanto por sexologista demais, quanto ser algo feito exclusivo para festivais, o que sou completamente contra, mas que acabou me agradando e muito no que vi. Recomendo que vejam em suas casas, afinal pelo que vi já saiu até em DVD, mas veja preparado para assistir algo bem diferente. Fico por aqui agora, mas daqui a pouco tem mais um filme que conferi no Festival SESC Melhores Filmes, então abraços e até daqui a pouco.


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