Ruby Sparks - A Namorada Perfeita

11/10/2012 01:16:00 AM |

É engraçado quando você vê um filme que ao mesmo tempo que intriga você, fazendo pensar de que forma pode acabar, e ao mesmo tempo esse mesmo filme divertir com sutilezas. É mais ou menos com essa idéia que "Ruby Sparks - A Namorada Perfeita" consegue agradar o público que o conferir, pois não chega a ser um filme perfeito que vá satisfazer a todos, mas a forma que vai intrigando e divertindo na mesma quantidade consegue mantê-lo de forma dócil e gostosa para que ao final possa ser fechado de uma forma sútil sem necessitar dar grandes explicações para que o espectador se satisfaça.

A sinopse do filme nos mostra que Calvin é um jovem romancista que alcançou um enorme sucesso no início de sua carreira, mas agora está passando por um bloqueio com sua escrita e sua vida amorosa. Finalmente, ele faz uma descoberta e cria uma personagem inspiradora, chamada Ruby. Semanas depois, quando Calvin encontra Ruby, em carne e osso, sentada em seu sofá, ele fica completamente surpreso que suas palavras tenham se transformado em uma pessoa real.

O mais interessante da história toda é que a própria Ruby é a roteirista original do filme, e em seu primeiro roteiro Zoe Kazan consegue mesmo que seja uma história complexa e de difícil assimilação, ela é bem contada e flui bem nas mãos dos dois diretores. Poderia talvez ter um ritmo um pouco mais cadenciado, mas assim como fizeram em "Pequena Miss Sunshine", os diretores preferiram dar alma aos personagens, parando diversas vezes o filme em diversas cenas sem falas nem sons apenas com o personagem parado pensando. Nos momentos iniciais isso flui de forma bacana, mas com o andar do longa acaba cansando em alguns momentos. Uma das vantagens desse longa é ele ser linear, pois se fosse recortado, acredito que seria extremamente confuso, mas como não foi os acontecimentos sequenciais só nos fazem divertir na medida em que tudo ocorre e em vários momentos somos pegos pensando: Mas como?

Os personagens principais são muito bem conduzidos pelos atores escolhidos e fazem do filme principalmente nas cenas que estão somente os dois algo que não conseguimos tirar os olhos da tela para observar suas boas facetas. Zoe Kazan acredito que tenha com toda certeza escrito o personagem para ser interpretado por ela mesma, pois diria que se vê ela em cena, com doçura e tudo que é escrito no texto do filme sendo passado em minúcias. Paul Dano vem crescendo, isso é um fato consumado, ainda não está no seu melhor ato, mas já mostra uma boa evolução comparado seus trabalhos anteriores, o que se nota aqui principalmente nas cenas em que está com mais atores é que se perde o foco em fazer somente suas interpretações, ficando sempre abaixo deixando que outro o sobressaia. Os demais personagens são bem coadjuvantes, mas podemos destacar Chris Messina que faz boas expressões principalmente ao descobrir a realidade de Ruby e um destaque negativo pela presença irreconhecível de Antonio Banderas, quase não aparecendo no longa, por isso o destaque que ao ver no crédito fiquei um bom tempo tentando relembrar onde tivesse aparecido, pois não se esforça em momento quase algum para querer aparecer no filme.

O quesito visual é interessante de ser observado aqui, pois as cores chamativas do figurino de Ruby fazem quase nos remeter a um filme noir, onde somente algumas peças se destacam comparado a toda brancura da atriz. E aliado a bons cenários por onde o filme se passa somos sempre agraciado com boas misturas de cores, sempre focando no momento em que os personagens estão passando. Isso é um ponto muito bem trabalhado entre a equipe de arte e a de fotografia, que soube eximir os sentimentos com a temperatura das cores, adoçando mais ainda o filme para que ele fosse diríamos mais romântico.

A trilha sonora na minha opinião é aflita, pois ela diferente da arte que procura andar no mesmo sincronismo dos acontecimentos dos personagens, ela vai por uma caminho inverso, agitando em momentos mais densos e sumindo ou sendo mais calma nos momentos mais felizes do longa. E isso é um ponto que talvez tenha amarrado a velocidade do longa. Porém alguns momentos, o não uso de trilha alguma funciona muito bem para dar a tensão necessária do momento, e apesar de já estar virando quase um cliché isso, ainda agrada bastante.

Enfim, é um longa que podemos falar ser um pouco açucarado, que aqueles que estiverem apaixonados podem se identificar um pouco mais, e aqueles com rancor podem detestar o longa um pouco mais, porém na medida geral, ele agrada de forma bem sútil e acaba sendo gostoso de se assistir, pois diferente dos filmes tradicionais de arte não comercial, esse diverte com as situações inusitadas que os protagonistas vivem. Faz-se valer o ingresso, e recomendo que vejam se possível seja de qualquer forma, pois como é um filme artístico veio pela Fox Searchlight com poucas cópias para o Brasil, então é mais provável que se veja nas locadoras e na TV mais facilmente que no cinema. Fico por aqui agora, mas nesse sábado estarei indo para minha cidade natal para ver 3 filmes que estrearão por lá e não por aqui, e estarei colocando tudo no blog para que vocês possam acompanhar, então abraços e até mais pessoal.


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