O Espião Que Sabia Demais

2/12/2012 12:07:00 AM |

Dramas bem construídos ultimamente são coisas difíceis de se ver na tela de cinema, seja pela dificuldade do público em geral gostar do filme ou seja também pela exigência de um elenco de peso para carregar nos textos. "O Espião Que Sabia Demais", vem com o texto carregadíssimo de John le Carré, ou seja nem espere que tudo seja explicadinho na tela que não vai ter, pois diferentemente de Conan Doyle que ao colocar um enigma para ser descoberto vai revelando detalhes aos poucos e tudo é explicado até a última cena, o autor aqui prefere mais pesar as coisas deixando as pontas sempre soltas para que você as amarre sozinho. Então se você não é um adepto de análises de enigmas, provavelmente precisará ver o longa umas 2 vezes para poder sair feliz do cinema, e os mais aptos para isso pegarão o agente infiltrado nos primeiros minutos.

O filme nos mostra que durante o período da Guerra Fria, os britânicos começam a desconfiar que estão sendo espionados por alguém do alto escalão do exército soviético. Para investigar o caso com toda a cautela que a situação exige, George Smiley abandona a aposentadoria para encobrir agente soviético do MI6.

A sinopse tem de ser curta para não revelar muito e estragar o filme, mas se analisarmos rapidamente as primeiras cenas do longa, o diretor dá uma deixa que eu já apostei de cara quem era o espião infiltrado e mesmo com as diversas reviravoltas que a história dá, ao final fiquei triste e alegre ao mesmo tempo por ter desvendado tão cedo. Na minha opinião o maior problema do longa é a quantidade de personagens semelhantes colocados na história que acabam por confundir o espectador, eu mesmo, por não conhecer a história e adotando a forma de edição escolhida de não linearidade de datas, confundia a todo momento os personagens de Gary Oldman e John Hurt, achando que um era o passado e outro era presente, ou coisa do tipo. Mas ao final acabei ligando que eram 2 bem separados.

Falar da maravilhosa atuação de Gary Oldman é quase que uma redundância, pois o cara é de uma presença ímpar na tela. A cena em que está explicando sua ligação com Karla é de invejar para qualquer ator que precise de uma aula de interpretação. Como já falei John Hurt também está bem agradável tanto que até o confundi com Gary, e diríamos que apenas algumas rugas no filme os separam dos 39 anos idade reais entre eles. Poderia ficar citando o que cada um tem de bom no filme, mas ficaria horas aqui, mas todos conseguem se fazer de bons espiões e nos enganar em vários momentos, como disse aulas de atuações masculinas estão presentes nesse longa.

Quanto da cenografia, outra aula impecável, se vê detalhes cênicos minúsculos que o diretor com todo o tempo que preferiu deixar o longa, faz questão de mostrar em cena, tais como o detalhe do isqueiro, os papéis subindo o elevador mais de uma vez e mostrando ao fundo todo o QG dos espiões, fora a retratação épica com carros e figurinos. As tomadas escolhidas pelo diretor de fotografia também são muito bem usadas e sempre usando na maioria de planos detalhes, consegue deixar mais ainda o suspense no ar.

Com uma trilha sonora bem colocada em alguns momentos, o longa se dinamiza na presença sonora, mas mesmo assim ainda é bem longo e lento no total, portanto recomendo que se você for assistir veja no período da tarde ou antes do jantar, pois o risco de ficar com sono durante a projeção é alto.

Enfim, com essa ressalva que pus no parágrafo acima, o filme é muito bom, extremamente bem executado pelo elenco e dirigido com classe, recomendo ele com certeza e quem sabe não veremos o Gary com a estatueta do Oscar no fim do mês, pois mereceu. Encerro por aqui hoje, colocando em prática a idéia do leitor Adilson com o trailer do filme abaixo, estarei sempre colocando de todos os filmes a partir de hoje, e amanhã tem mais. Abraços.




2 comentários:

Alexandre Carlomagno disse...

Porra, Coelho, está vendo? Você gostou muito de um filme que cai perfeitamente no que você denomina de "filme de festival", ou aqueles que não se preocupam em agradar o grande público.

No final das contas, tais denominações não significam nada.

Forte abraço!

Fernando Coelho disse...

Olá Alexandre, não falei que não gosto desses, gosto deles também. Mas nem todos vão me agradar como já falei outras vezes, são raros mas existem. Abraço... essa semana teremos mais alguns "festivalescos", veremos como vão sair na minha opinião.

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