A Chave de Sarah

12/19/2011 11:49:00 PM |

Interessante dizer que venho me apaixonando aos poucos pelo cinema de outras nacionalidades, e antes se odiava filmes franceses, esse ano posso dizer que mais um veio me surpreender, o responsável nada mais é que o belíssimo "A Chave de Sarah", que mesmo mexendo em feridas do nazismo na França consegue com seu formato quebrado indo do passado ao futuro incessantemente, ligar ambas as pontas maravilhosamente. Poderia eliminar algumas cenas que podem até ser consideradas inúteis mas mesmo elas conseguem ter seu valor e incrivelmente a cena final que achei dispensável para a história foi a única que conseguiu arrancar algumas lágrimas.

A trama acompanha uma jornalista americana que vive na França e é designada para cobrir as comemorações do 60º aniversário do Vel dHiv, episódio do qual ela nunca ouvira falar até então. Ao apurar os fatos ocorridos, a repórter constata que o apartamento para o qual ela e o marido planejam se mudar pertenceu aos Starzynski, uma família judia imigrante que fora desapossada pelo governo francês da ocupação, e em seguida comprado pelos avós de Bertrand. Julia decide então descobrir o destino dos ocupantes anteriores e a história de Sarah, a única sobrevivente dos Starzynski, é revelada.

A grande sacada do filme é a intermitência dos fatos, rolando entre a história de Julia que vai descobrindo aos poucos a história de Sarah e nos deixando cada vez mais curiosos com os fatos como tudo foi acontecendo. Na minha opinião dramas devem seguir sempre esse formato, pois instiga a curiosidade do espectador, e garanto que se um dia esse longa passar na TV será um daqueles que a emissora praticamente não verá share, pois todos ficarão presos para saber o final, o qual é bem interessante.

No quesito atuação, Kristin Scott Thomas faz bem o papel de jornalista investigativa, e conhecendo alguns do meio sei bem que todos preferem muito mais a sua matéria do que ligar para a própria família, então ela consegue nos transmitir isso embora haja pequenos deslizes entre algumas cenas, mas nada que atrapalhe no total. A garotinha Mélusine Mayance também agrada demais nos seus momentos de tela, fazendo altas expressões tanto que ela fez tão bem seu papel na infância de Sarah que a parte jovem e adulta preferiram nem aparecer interpretando apenas usando fotos e cenas soltas, uma boa sacada para não eliminar o trabalho bem feito.

A fotografia do longa é muito bem feita e na cena do poster é algo tão lindo que o longa poderia se passar inteiro ali sem cansar a vista com aquele enorme plano aberto. A única reclamação que teria a fazer é que poderia ter sido usado dois tons para distinguir passado e presente, mas como os personagens são outros então nem dá tanto problema, é uma questão de preferência minha. No quesito arte embora detalhes simples foram usados, sem nada que seja efetivamente grandioso, mas tudo cai bem em cena e agrada, até o figurino bem pobre usado nos judeus ficou interessante.

Já disse algumas vezes e reforço, em dramas muitas vezes a ausência de trilha é a melhor opção, grandes acertos aqui no longa se devem a isso, o filme fica mais sério e faz com que fiquemos presos esperando algum acontecimento mais do que aquelas trilhas de filme de terror que vão aumentando o volume, e alguns dramas fazem uso da técnica. Lembrem-se menos é mais em trilhas.

Enfim, é um filme muito bom que tirando míseros detalhes, beira a perfeição de dramas, recomendo que se ainda estiver passando em sua cidade acompanhe ele no cinema, senão alugue assim que possível, pois vale a pena. É um filme de 2010 mas que caberia muito bem uma indicação de filme estrangeiro. Encerro por aqui, mas volto na quarta. Abraços pessoal.




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